“O Vale precisa acordar à política”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“O Vale precisa acordar à política”

Vice-prefeito de Estrela, Valmor Griebeler (PV) almeja um mandato na Assembleia Legislativa para ser a representação regional. Para ele, a qualidade de vida da população depende da integração das políticas públicas

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“O Vale precisa acordar à política”
Vale do Taquari
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Valmor Griebeler – PV | Candidato a deputado estadual

Nome: Valmor José Griebeler
Idade: 53 anos
Profissão: professor de karatê
Naturalidade: Paverama

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Histórico político:
O primeiro contato com a política foi em 1982, quando um diretório partidário foi criado perto de sua residência e despertou interesse na área. Oriundo de uma família de baixa renda, afirma que a principal motivação para ingressar no meio foram as dificuldades das comunidades em que esteve inserido. A partir do trabalho desenvolvido como professor do Colégio Santo Antônio, foi eleito membro do Conselho Tutelar, onde exerceu dois mandatos. Em 2004, foi o vereador mais votado da cidade e ocupou a função de presidente da câmara. Em 2008, concorreu a vice-prefeito, mas não obteve êxito. Em 2012, venceu a eleição como vice na chapa de Rafael Mallmann (MDB), reeleita em 2016.

Vida comunitária:
Professor de karatê faz mais de 30 anos no Vale do Taquari, Griebeler tem forte atuação na área do esporte e se tornou um líder comunitário por meio desse trabalho. Afirma fazer das artes marciais um estilo de vida e acredita que os valores da modalidade podem contribuir na formação do caráter dos jovens.


A Hora – Por que você se candidata a deputado estadual?

Valmor Griebeler – Em primeiro lugar, pelo sentimento de convicção que temos sobre a importância de uma representação regional para o Vale do Taquari junto ao governo do Estado e à Assembleia Legislativa. Entendemos que a região tem bons gestores, uma economia forte, qualidade de vida, um povo com uma cultura acentuada, trabalhador, educado, mas com pouca representatividade ainda. O Vale precisa acordar à política. Em muitas das políticas públicas de responsabilidade do governo do Estado, nas áreas de saúde, educação e segurança pública, acabamos ficando de fora porque não discutimos as nossas demandas com o centro do governo. Nossa candidatura nasce do entendimento sobre a importância de estarmos mais próximos do centro político do estado, defendendo aquilo que é de interesse da nossa região e colaborando com o desenvolvimento do RS. Outro aspecto é a viabilidade eleitoral. Dentro do nosso grupo político, não queríamos apenas uma candidatura para concorrer, mas sim com possibilidades reais de conquistar um mandato para o Vale.

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Se eleito, como será a sua atuação junto à comunidade regional? De que forma pretende articular as prioridades do Vale dentro do parlamento?

Griebeler – Eu já tenho um histórico como vereador. Mesmo sendo o único pelo meu partido na época, fui escolhido pelos meus pares, por unanimidade, para ser o presidente do Legislativo. Então, já aprendi há muito tempo a trabalhar em harmonia, entendendo os sentimentos, os anseios, as necessidades e as aspirações diversas. Entendemos que a política deve ser feita por pessoas para pessoas. Não tenho dificuldade nenhuma para estar inteirado das reivindicações da região, com uma articulação que me deixa muito tranquilo porque ultrapassa as questões partidárias. O diálogo e o comprometimento são nossas palavras.

A descrença na política está cada vez maior. Qual é sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Griebeler – Antes de ser político, sou um cidadão, com as minhas indignações e convicções. Também estou insatisfeito com esse processo. Acho que a gente representa uma parte da sociedade que está insatisfeita, e temos que transformar essa indignação em espaço político. Na política, não existe cadeira vazia, alguém vai ocupar aquele espaço. Não só para Estrela ou para o Vale, mas também para o estado, é importante que haja políticos com vocação de trabalhar pensando em políticas às pessoas. Eu concorro pelo Partido Verde, um partido pequeno no RS, mas com grandes chances. Na eleição de 2014, por exemplo, elegemos um deputado com cerca de nove mil votos. Estimamos que, com 13 mil a 15 mil votos, podemos conseguir mais um mandato para o PV. Então nossa candidatura se torna muito viável. Por isso, estamos conversando com as autoridades, com as comunidades, com o eleitor de forma geral, nos colocando à disposição e dizendo para que busquem pesquisar sobre a nossa trajetória e percebem o compromisso que o Valmor sempre teve onde atuou.

A eleição federal e estadual muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Griebeler – Acho que isso é do processo político da democracia. Cada um tem o seu entendimento sobre o mundo, sobre o que é melhor para a sua comunidade, para si e para os interesses de seus partidos. Cada um deve entender de que forma deve atuar. Nós temos trabalhado com respeito a todas as outras candidaturas, não depreciamos ninguém, percebemos que há grandes valores independente de cor partidária, mas é claro que defendemos o nosso modelo político, o nosso projeto de representar o Vale do Taquari no estado.

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Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, por adoções de políticas públicas equivocas, especialmente na cadeia de leite. Se eleito, como pretende trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Griebeler – Esse é um dos grandes motivos para a gente buscar um mandato na Assembleia Legislativa para poder atuar justamente sobre a legislação. Temos culturas muito diferentes em cada região, em cada município. O Vale tem a característica de desenvolvimento que depende bastante da agricultura e aqui tem grandes investimentos no campo. Precisamos estar atentos acerca do que entra na Assembleia em termos de projetos, normativas e decretos do Executivo. Temos que estar presentes nas discussões importantes para amanhã não termos surpresas desagradáveis que complicam o desenvolvimento regional. Somos uma região que investe muito na qualidade da produção e nos destacamos como o vale dos alimentos, o que deve ser um fator diferencial para a nossa economia.

Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam obsoletos. Qual é sua proposta de atuação nessa área?

Griebeler – Isso depende do modelo político a ser adotado no estado a partir do ano que vem, de que forma a próxima administração vai trabalhar, para sabermos como encaixar os interesses do Vale em termos de infraestrutura. A gente tem a convicção de que precisamos criar uma melhor infraestrutura para possibilitar o desenvolvimento. Isso não diz respeito apenas aos transportes, mas também da água de qualidade, da energia elétrica, da pavimentação das estradas, da logística. O Porto de Estrela é ainda uma referência que pode ainda ser um alavancador do desenvolvimento e uma perspectiva do Vale, pois vai chegar o momento em que ficará insustentável ficar trafegando toda a nossa produção pelas estradas. Sobre essa questão, o governo de Estrela está interagindo com o Estado e com a União. Já tivemos alguns avanços, mas falta ainda para nós uma representação política junto ao governo que consiga ter voz ativa permanente nessa discussão.

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Qual é a sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Griebeler – Primeiro precisamos de uma discussão sobre aquilo que já pagamos em impostos e agora vamos ter que pagar de novo. Existe até certa acomodação das pessoas em aceitarem esse tipo de situação. Mas, enfim, é uma realidade. Agora esperamos ter uma infraestrutura razoável para que os investimentos aconteçam. Se discute muito mais o custo da tarifa, do que as necessidades das rodovias. Precisamos estar próximos desse debate para equalizar isso, de forma a ser interessante para nós e não perdermos o desenvolvimento, pois sabemos que as tarifas têm que se encaixar no orçamento das nossas empresas. Por outro lado, se não tivermos boas estradas, também haverá prejuízos, pois as mercadorias não vão chegar a tempo, tem a questão da manutenção dos veículos, tudo isso.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Dentro desse debate, está a privatização de estatais. Qual é a sua opinião sobre isso?

Griebeler – Eu acho que o Estado já está inchado. Ele inchou por diversas situações que vêm de muito tempo atrás. Na minha opinião, no Estado nós tivemos dois tipos de governo: um tipo de governo baseado no endividamento, buscando linhas de financiamento, e outro tipo baseado nas privatizações. Esses dois tipos deixaram o Estado do jeito que está. Penso que precisamos começar a discutir um pouco mais um Estado eficiente, naquilo que é importante, naquilo que gera emprego, riqueza. Por exemplo, os casos do Banrisul e da Petrobras, eu não sou favorável à privatização. No entanto, as estatais que viraram cabides de emprego, que ficaram sem utilidade, que acabaram burocratizando ainda mais o Estado e impedindo que as coisas aconteçam, penso que devem ser extintas.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br | Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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