“O radicalismo é burro”

ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS

“O radicalismo é burro”

Vereadora em Lajeado, Mariela Portz (PSDB) acredita ter o “perfil conciliador” necessário para representar o Vale do Taquari na Assembleia Legislativa. Para ela, a política deve ser feita por meio do diálogo e da busca de consenso

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“O radicalismo é burro”
Vereadora participou do programa Frente e Verso, desta quarta-feira. Créditos: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

Mariela Portz – PSDB | Candidata à deputada estadual

Nome: Mariela Fernanda Portz Dorneles
Idade: 38
Profissão: relações públicas
Naturalidade: Lajeado

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Histórico político:
Mariela Portz afirma que o interesse pela política surgiu já durante a infância, quando acompanhava as atividades do pai, Delmar Portz, que integrou o Legislativo municipal por sete mandatos. “Meus pés nem alcançavam o chão quando eu sentava para assistir às sessões da câmara. Muitas vezes eu era a única espectadora”, revela. Após cursar metade da faculdade de Administração Hospitalar, decidiu mudar para Relações Públicas por visualizar maior interface profissional com a política. Como integrante da juventude do PSDB, ressalta que decidiu se candidatar pela primeira vez, em 2016, ao perceber a ausência de líderes jovens comprometidos com o interesse público. Foi eleita como a segunda vereadora mais votada e a mulher com mais votos no Vale do Taquari.

Vida comunitária:
Mariela diz que a sua vida é dedicada à política. Enquanto vereadora, participa de atividades e reuniões comunitárias, com o intuito de ser um “elo entre a sociedade e o poder público”. Destaca o projeto da ONU em Lajeado O Valente não é Violento, implementado em escolas por meio do seu mandato para conscientizar sobre a violência contra a mulher e o bullying.


A Hora – Por que você se candidata à deputada estadual?

Mariela Portz – A minha motivação é muito parecida com o que o ocorreu para eu decidir ser vereadora. A partir do momento em que você se retira ou abre mão de ser candidata, outras pessoas entram no seu lugar. Eu sou candidata à deputada estadual também com esse propósito de tomar a frente, pois muitas das decisões que afetam a nossa cidade e a nossa região ocorrem em nível estadual. Na câmara de vereadores, tratamos muitos assuntos importantes, mas que são muito locais. Um parlamentar numa instância maior, como um deputado, consegue ajudar mais pessoas. Eu acredito na política como o meio para melhorar a vida das pessoas. Não podemos subjugá-la e achar que não precisamos de governo. Isso não existe. A anarquia a gente sabe que não dá certo. Tem que haver um controle e é por meio da política que a gente consegue fazer isso.

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Se eleita, como será a atuação junto à comunidade regional? De que forma pretende articular as prioridades do Vale dentro do parlamento?

Mariela – Eu penso que não existe política com briga, com radicalismo. Não vou dizer por aí que vou chegar lá na Assembleia brigar, chutar a porta para conseguir as coisas porque isso não é verdade. Não existe salvador da pátria. Política é diálogo e construção. Para conseguir as coisas, é preciso ter essa capacidade. Não se pode ser radical. Para mim, o radicalismo é burro, não consegue nada. Para poder representar o Vale do Taquari, trazer investimentos para cá, conseguir colocar a região no centro, é preciso dialogar dentro da Assembleia. Essa é uma capacidade que eu tenho e um dos aspectos que o meu partido percebeu para me indicar como candidata. Eu tenho um perfil conciliador, responsável, ético. Na câmara de vereadores, eu consigo conversar com todos. É claro que às vezes há uns debates mais intensos, mas é preciso ter disposição ao diálogo. É bem provável que o nosso candidato ao governo do Estado, o Eduardo Leite, seja o próximo governador. Então esse perfil será ainda mais importante para a base governista na Assembleia.

A descrença na política está cada vez maior. Qual é sua estratégia para convencer o eleitor a acreditar nas suas propostas?

Mariela – Quando eu decidi me candidatar à vereadora, umas das minhas preocupações foi exatamente esta, mostra para as pessoas que ainda existe muita gente boa dentro da política e que é preciso acreditar. A câmara municipal, a Assembleia Legislativa, o Congresso Nacional são muito importantes. O Legislativo é igual ou até mais importante do que o Executivo. E lá dentro existem pessoas muito capacitadas. Não podemos generalizar. Aqui no Vale, durante estes dois anos de mandato como vereadora, as pessoas conseguiram perceber qual é a minha forma de trabalhar, a minha lógica de fazer política, que não é com politicagem, inventando leis esdrúxulas para ter no fim do ano um ranking de projetos aprovados. O que eu tento mostrar para as pessoas todos os dias é que eu não consigo fazer nada sozinha. Todos têm que ajudar. Quando conseguimos inserir essa concepção nas pessoas, de que elas precisam estar juntas dos seus representantes, começam a entender mais e a valorizar a política. Eu tenho esse perfil de envolver e fazer com que as pessoas participem junto comigo. Ou seja, temos que trazer as pessoas para dentro da política.

A eleição federal e estadual, muitas vezes serve de trampolim para as eleições municipais. Ou seja, candidatos lançam nomes para se promover a cargos em esfera municipal na eleição seguinte. O que você pensa sobre isso?

Mariela – Eu não tenho pretensões de me candidatar à prefeita. Não é essa a minha ideia. Eu gosto muito do Legislativo. Logo depois da minha eleição em Lajeado, a executiva estadual do partido veio aqui e quis me conhecer. Sou hoje a única integrante da executiva estadual do PSDB que ocupa um cargo de vereador. Eu acho que o Legislativo é muito importante e é ali que a gente consegue lutar e fazer as transformações necessárias.

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Nossa matriz econômica está sustentada no setor de alimentos. Temos sofrido, nos últimos anos, por adoções de políticas públicas equivocadas, especialmente na cadeia de leite. Se eleita, como pretende trabalhar pelo fortalecimento da nossa principal base econômica?

Mariela – Precisamos ter claro que o nosso Vale é e pode ser ainda mais diferenciado em relação a esse setor. Existem guerras absurdas entre estados, cidades, para atrair investimentos. Estamos no centro do RS, somos uma região muito boa para esse tipo de negócio. Quero representar o Vale do Taquari nesse sentido, de fazer a ponte para que o estado e o país percebam a nossa região como um bom destino para investimentos nessa área. Não podemos deixar ocorrer isso que aconteceu há pouco, com políticas que prejudicaram muitas famílias. Para isso, novamente, é importante a questão do diálogo, da representação responsável, para defender nossos interesses. Nossa região é muito boa para se viver, com um potencial enorme para atrair investimentos, especialmente na área de desenvolvimento rural.

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Temos problemas de infraestrutura graves. Rodovias insuficientes e precárias, enquanto outros modais, como ferroviário e hidroviário, continuam obsoletos. Qual é sua proposta de atuação nesta área?

Mariela – Eu entrei numa briga muito grande em relação ao contrato de pedágio proposto há dois anos pela ANTT. Eu me envolvi muito nessa briga. Esses dias o ex-secretário estadual de Transportes me chamou de “vereadora aguerrida de Lajeado”, pois eu lutei muito contra as condições daquele contrato. Junto com o Codevat, fomos a Brasília, batemos de frente com a ANTT. Felizmente, conseguimos mudar o contrato e as condições melhoraram bastante. Ainda assim, temos muitos problemas. Eu penso que teremos que privatizar as estradas. Mas temos que garantir que o governo fiscalize os contratos de forma eficiente. Precisamos de infraestrutura para escoar a nossa produção, atrair investimentos. Estamos a cem quilômetros do aeroporto, mas como conseguiremos atrair investimentos sem estradas suficientes? Não existe dinheiro para tudo, e penso que os governo devem se ater em três áreas fundamentais: saúde, segurança e educação. Infraestrutura é preciso deixar para a iniciativa privada, mas com um controle muito rigoroso. Temos que ter liberdade, mas com responsabilidade.

Qual é sua avaliação sobre a implantação de pedágios? Como seria o modelo ideal?

Mariela – Discutimos muito isso nos últimos dois anos. Penso que as concessões são necessárias. O uso de tecnologia para mensurar os quilômetros rodados por cada usuário é inviável aqui, porque temos muitas saídas. Acredito que o modelo ideal perpassa um formato de contrato justo, bom para os dois lados. As empresas têm que ter lucros, mas a sociedade precisa se beneficiar também. Há aspectos em que precisamos melhorar, por exemplo, nos serviços de saúde, as empresas podem terceirizar isso aos municípios, o que ajudar a reduzir o valor da tarifa. Tem várias outras questões que podemos trabalhar, mas acredito nas parcerias público-privadas.

Em tempos de crise econômica, políticas de austeridade são adotadas pelos governos. Dentro desse debates, está a privatização de estatais. Qual é sua opinião sobre isso?

Mariela – Elas são necessárias. Acho que o governo gasta muita energia com coisas que não precisaria. As privatizações têm que ocorrer, mas de forma muito responsável. Eu defendo a liberdade econômica para o desenvolvimento do nosso estado, das nossas cidades, mas com responsabilidade. O governo tem que ter controle sobre isso, mas tem que deixar o negócio andar. O problema hoje é que o Estado é muito burocrático. Se parte do pressuposto de que todo mundo é corrupto, então, para fazer a compra de um parafuso para a prefeitura, eu preciso ter três orçamentos, por exemplo. Terceirizando tudo isso, a gente consegue agilizar esses processos e diminuir valores. E isso vale para todas as áreas, como estradas, educação, saúde e outras. É preciso dar liberdade econômica para que o governo foque as suas energias onde realmente precisa.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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