A arte de empreender no campo

Especial - Colono & Motorista

A arte de empreender no campo

Frente aos desafios na produção rural, a família Meinerz decidiu arregaçar as mangas, inovar e ampliar a diversidade nos 50 hectares da propriedade em Linha Lenz, Estrela

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A arte de empreender no campo
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Faz 48 anos, Bertoldo Meinerz, 71, iniciou uma pequena produção de leite com quatro vacas em Linha Lenz, Estrela.

Com uma carroça, ele e a mulher Gleci Meinerz, 69, vendiam o produto nas cooperativas. Quando os quatro filhos cresceram, o agricultor fez a seguinte proposta: “Quem quer estudar e quem quer trabalhar comigo na propriedade?”.

Gerson, 46, e César, 44, escolheram a segunda opção. “Eles me disseram que já tinha muita gente estudando e que preferiam tocar o negócio na propriedade comigo”, lembra Bertoldo.

Nos 50 hectares, a família expandiu os negócios ao longo destas quatro décadas. Hoje tem 200 animais. São 108 vacas leiteiras, que produzem em média 3,6 mil litros diários.

Também plantam feno, milho e soja, produzem silagem e terceirizam serviços com maquinários em outras propriedades.

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Um passo de cada vez

Com a chegada da Colag e da Lacesa há 30 anos, alguns técnicos prestaram as primeiras orientações para fazer o negócio de produção de leite na propriedade da família funcionar. Em seguida, a Emater também auxiliou.

“Cada passo que a gente dava, pedia a opinião deles”, recorda Bertoldo.

Aos poucos, a produção de leite avançou na propriedade. O próximo passo foi comprar um trator para auxiliar na silagem, que ainda era feita com facão e foice.

Não demorou muito, a Lacesa voltou à residência dos Meinerz para falar sobre máquinas de silagem. “A gente nem sabia como isso funcionava.”

Assim que o processo de silagem passou a ser feito por máquinas, ficou mais fácil para cuidar dos animais e ampliar o número de vacas leiteiras.

A cada acerto no negócio de produção de leite, uma nova estratégia de ampliação na diversidade era feita.

Com as máquinas para confeccionar silagem e feno, os Meinerz começaram a gerar renda a partir da terceirização do serviço em outras propriedades.

Além disso, passaram a produzir milho, soja e ração para os animais.

“Hoje tu não pode pensar em fazer de tudo de uma vez só. Uma dívida não é uma coisa fácil”, adverte Bertoldo. “A tecnologia veio e a gente foi acompanhando.”

Visão do negócio

Hoje Gerson e os filhos Rodrigo, 18, e Fernando, 13, cuidam da produção de grãos, trato dos animais, maquinários e terceirização de serviços.

César, as filhas Francine, 23, e Genifer, 13, e o genro Maicon de Lima, 26, administram a produção de leite e as finanças.

“Muita gente se acomodou. Como alguns que trabalham na mesma coisa há 50 anos. Eu disse não. Vamos trabalhar e inovar”, conta Bertoldo.

 

Não fosse essa visão empreendedora, afirma que a família estaria com as contas no vermelho.

No ano passado, os Meinerz investiram cerca de R$ 1 milhão em um carrossel com 24 lugares para ordenha de leite. Na época, o preço do litro era de R$ 1,60. Porém, após a compra do maquinário, o preço sofreu uma nova queda e, se não houvesse diversidade na produção, a família não teria vencido o financiamento feito.

“O negócio dá certo porque fazemos tudo juntos. A gente não briga. Estamos aqui para trabalhar”, relata Bertoldo.

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Avança das agroindústrias familiares

De acordo com a Emater, hoje braço operacional da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo em diversos programas estaduais, o número de agroindústrias no RS é:

• 2.928 mil agroindústrias cadastradas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf)

• 1.039 agroindústrias já estão legalizadas nos quesitos ambiental, sanitário e tributário

• No Vale do Taquari, há 161 agroindústrias cadastradas no Peaf. Dessas 98 já estão legalizadas

• A cada dois dias, uma agroindústria surge no RS

• A cada três dias, uma agroindústria é legalizada pela Emater

• O que diferencia a agroindústria familiar das indústrias?

A diferença está na questão tributária. Uma empresa, pessoa jurídica, terá um CNPJ por meio do qual fará compra e venda de produtos. Já as agroindústrias familiares são legalizadas como pessoa física, por meio do Peaf

• Quais as vantagens em aderir ao Peaf?

A principal vantagem é poder fazer as vendas pelo talão de produtor, o mesmo que os produtores já têm, e ser isento de ICMS.

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