A liderança do “nenhum”

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

A liderança do “nenhum”

Por

Um em cada quatro brasileiros (23%) afirma que pretende votar nulo ou em branco na eleição de outubro. É quase o triplo dos 8% que diziam o mesmo há quatro anos, em junho de 2014. Os dados foram revelados pela mais recente pesquisa do Datafolha, publicada no domingo.
O instituto de pesquisa fotografou um país em desalento. O pessimismo com a economia voltou a crescer e o governo ficou ainda mais impopular. É neste clima de mal-estar e de descrença que todos nós vamos escolher os próximos presidente, governador, senadores e deputados.
A crise de abastecimento, provocada pela greve dos caminhoneiros, não foi capaz de mudar o marasmo eleitoral. Lula e Bolsonaro continuam liderando as intenções de voto depois do baque econômico que paralisou o país por dez dias. Além do prejuízo material, a pesquisa mostrou que a paralisação cavou ainda mais o poço da impopularidade de Michel Temer. O presidente consegue bater os próprios recordes de rejeição e apenas 3% da população aprova seu governo.
[bloco 1]
De fato, os números deixam claro o quanto a sociedade anda descrente e incomodada. Nascem e morrem nomes para concorrer a presidente sem que o cidadão consiga identificar um representante à altura.
Por enquanto, o ex-capitão Jair Bolsonaro mantém a liderança em todos os cenários sem Lula, com 19% das intenções de voto. Só fica atrás do candidato “nenhum”, que chega a 34% nas simulações que excluem o ex-presidente.
Por mais descrentes, os eleitores não podem jogar a toalha. Enquanto que os números indicam que há uma demanda reprimida de esperança e otimismo, é imperioso valer-se da eleição de outubro para apostar num Brasil diferente. E tem mais, isso não passa apenas pela escolha do próximo presidente.
Mais do que eleger bem os próximos chefes do Planalto e do Piratini, o eleitor deve atentar aos deputados. É lá, na Congresso Nacional, onde se decide boa parte do futuro da nação. Logo, é equivocado carregar todo fracasso da república sobre as costas do chefe maior.


Déjà vu

O galicismo da língua francesa é o encaixe perfeito para descrever o incômodo dos moradores do bairro Conventos, às margens da ERS-421. Incrivelmente, os buracos e a poeira, extintos com o asfaltamento da rodovia no início dos anos 2000, voltaram. Voltaram e ficaram.
O Daer resolveu trabalhar. Começou – mas parou – obra de reforma da pista. Arrancou o asfalto saturado e esfacelado para repor uma nova camada. A comemoração inicial dos moradores se transformou num martírio. Ou melhor, num amontoado de buracos – quase crateras – que dificultam e atrapalham o trânsito.

Tráfego na contramão, irritação e críticas são consequências de uma obra iniciada faz quase dois meses e interrompida no pior momento

Tráfego na contramão, irritação e críticas são consequências de uma obra iniciada faz quase dois meses e interrompida no pior momento


A foto traduz o tamanho do problema e da incompetência do governo estadual. E o pior, a situação não se restringe à ERS-421. Nos acessos a Doutor Ricardo e Nova Bréscia, na região alta do Vale, o drama é o mesmo, se não maior. Comunidade recorre, inclusive ao MP, para acabar com a lenga-lenga criada pelo Daer.


Oito anos depois

Está prevista para hoje a liberação do último trecho da duplicação da BR-386. O trânsito será liberado no sentido interior-capital a partir das 13h. Mas calma ainda não está tudo pronto. Faltam pelo menos três meses – se não surgir nenhum imprevisto – para concluir todos os acabamentos. A obra que começou em 2010 com previsão de término para 2013 se aproxima do fim com cinco anos de atraso. Por se tratar de Brasil, nada muito fora do normal.


Greve salgada

Não param de surgir notícias sobre o aumento dos produtos nos mercados. Fala-se em uma disparada de 40% no litro do leite UHT vendido nos supermercados. A média de R$ 2,70 pode passar para R$ 3,50. A farinha de trigo é outra com projeção de acréscimo de 30% no preço nas gôndolas. Resta saber se tudo isso é efeito real da greve dos caminhoneiros ou se tem muita especulação e oportunismo em cadeia de quem aumenta preços com o álibi da paralisação.


Do Face

Antes de fechar esta coluna, ontem, por volta das 18h11min, passo o olho na timeline do Facebbock e vejo o seguinte: “Estou no fim da linha…Não adianta mandar polícia atrás de mim. Eu desisti”. O que viraram as redes sociais.

Acompanhe
nossas
redes sociais