Pista simples, alto fluxo e imprudência

Arroio do Meio - PERIGO COTIDIANO NA ERS-130

Pista simples, alto fluxo e imprudência

Em cinco dias, duas pessoas morreram em acidentes na rodovia

Pista simples, alto fluxo e imprudência
Arroio do Meio

O desrespeito no trânsito é apontado por moradores das imediações como a principal causa de acidentes na RS-130. Em cinco dias, foram dois registros fatais no trecho, entre a quinta-feira passada,19, e essa terça-feira.

Os moradores dizem que o perigo aumentou nos últimos três anos, com a implementação de uma garagem de caminhões de uma multinacional na beira da estrada. Com isso, carretas cruzam a rodovia a todo momento, trazendo ainda mais perigo a motoristas e pedestres.

Por precaução, Jeferson Fleck, 28, prefere caminhar pela estrada de chão ao lado da ERS-130 para ir de Barra do Forqueta até o trabalho, que fica localizado na margem da rodovia, no km 77. “Os motoristas não respeitam. Sempre alguém que está errado mata alguém que está certo”, lamenta.

Segundo ele, trabalhadores que circulam diariamente pela região acreditam que a solução para o problema seria a construção de uma passarela exclusiva para caminhões. “Com duas intersecções na lateral da estrada que já existem, seria só asfaltar e construir a passagem de um lado para outro da rodovia”, diz.

Imprudência

Para Orides Maciel, 68, que vive na Barra do Forqueta faz 12 anos, os acidentes que presenciou ao longo de mais de uma década são consequência, principalmente, da imprudência. Segundo ele, com a vinda da garagem de caminhões para a via, tornou-se mais que necessária a construção de uma rótula no trecho e, ainda, uma terceirafaixa para que caminhões se desloquem para as intersecções sem oferecer riscos aos outros motoristas.

“A região tem fluxo muito intenso. Como temos muitas empresas às margens da pista, o trânsito de caminhões é grande”, comenta.

Um empresário, que prefere não ser identificado, aponta que a situação atual do trecho beira o caos. Sem respeitar as leis de trânsito e com a falta de sinalização adequada, motoristas se movimentam pela pista desrespeitando a velocidade e, muitas vezes, fazendo travessias apressadas pelas intersecções.

“Eles entram na rodovia sem olhar para os lados. Esse trecho tem mais de 40 anos. Muita coisa mudou. Principalmente, a quantidade de veículos que circulam. Mas a ERS-130 permanece igual”, desabafa.

A construção de lombadas eletrônicas nos dois lados da via seria uma alternativa, de acordo com o empresário, para diminuir o número de acidentes. “O governo nos cobra IPVA e diversos impostos em nossos veículos, mas parece esquecer que os carros circulam pelas estradas”, argumenta.

Cinco dias, duas mortes

Na quinta-feira passada, um caminhoneiro que teria dormido ao volante invadiu a pista contrária na RS-130 e colidiu contra outros cinco veículos. No acidente, a servidora Eliane Lawall, 32, morreu prensada contra duas carretas.

Nessa terça-feira, o motociclista Raul Frigo, 43, morador de Capitão, morreu após colidir contra um caminhão que obstruiu a pista ao sair de uma transportadora às margens da rodovia.

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Entrevista

“Quanto mais melhorias uma rodovia tem, mais carros em alta velocidade”

A EGR, administradora da RS-130, promete investir mais de R$ 89 milhões em melhorias na rodovia nos próximos seis anos.

A Hora – Existe alguma previsão de melhorias neste trecho da RS-130?

Nelson Lidio Nunes – Estamos trabalhando na manutenção da rodovia, tanto na RS-130 quanto na RS129. No momento, enfrentamos falta de repasses da Petrobrás de Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP). A previsão é de que o fornecimento seja refeito só a partir do dia 15 de maio.

Melhores condições na rodovia poderiam ter evitado os últimos acidentes?

Nunes – Diria que 99% dos acidentes acontecem por imprudência, imperícia e negligência. Os outros 1% dos casos são situações isoladas, como barra de direção arrebentada, mal-estar de motorista ou pneu estourado, por exemplo. Pouquíssimas pessoas respeitam os limites de velocidade da rodovia. Quanto mais melhorias uma rodovia tem, mais carros em alta velocidade.

Especificamente, quais melhorias serão implementadas na rodovia?

Nunes – Nos próximos seis anos, investiremos cerca de R$ 89 milhões nas RS-129 e RS-130. Só neste ano, a previsão é de aplicarmos mais de R$ 3 milhões. Pretendemos fazer recuperação funcional e estrutural da rodovia. Além disso, estamos trabalhando projetos para aumento de capacidade do trecho, construção de uma terceira faixa com aproximadamente 15 km e cerca de seis novas intersecções. Ainda analisaremos quais serão as mais necessárias.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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