O caos anunciado no HBB

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O caos anunciado no HBB

Não foi por falta de aviso. Faz pelo menos quatro anos, a diretoria do Hospital Bruno Born (HBB) alerta a sociedade sobre os problemas no Setor de Emergência e a vontade de limitar o acesso geral do público àquela ala. Desde então, promessas, reuniões, debates acalorados, aumentos de repasses e reclamações. Muitas reclamações. O estopim veio com um criminoso incêndio provocado por um paciente inconformado. E, agora, os responsáveis vão se mexer?
O jornal A Hora publicou matéria sobre tal assunto no dia 28 de março de 2014, duas semanas após a inauguração da UPA, absolutamente mal instalada no bairro Moinhos D’Água. Na época, o então diretor técnico do HBB, Cláudio Klein, demonstrava otimismo em relação à nova instituição de saúde na cidade.
Estava lançada a campanha para o HBB enfim limitar o acesso ao Setor de Urgência e Emergência. Na época, lembro bem, tal mudança era tratada como fundamental para a manutenção da qualidade nos atendimentos clínicos e para evitar superlotações e as consequências disso.
Diretores do hospital apresentavam números interessantes. De um total médio de três mil pacientes por mês naquela ala, cerca de 70% se classificavam como de baixa complexidade. Ou seja, poderiam ser muito bem atendidos na UPA ou nas chamadas Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Vamos nos concentrar só naqueles casos muito graves, como acidentes ou infartos”, dizia Klein, naquela reportagem. Dores de cabeça, garganta e afins não teriam vez no HBB.
O criminoso incêndio na sala de espera do Setor de Emergência aconteceu no dia 1º de abril de 2018, praticamente quatro anos depois de publicada a matéria. Passaram-se 48 meses. Ou mais de 1,4 mil dias. E os apelos dos atuais diretores do HBB não mudaram uma só vírgula. O debate, da mesma forma, segue estancado na mesma problemática. Avançamos nada nessa questão. E de quem é a culpa?
Naquele fim de março de 2014, a direção do hospital clamava por colaboração. Insistia para que as pessoas se dirigissem aos demais centros de saúde para casos menos complexos. Jornais locais e rádio reproduziram durante meses esses rogos dos médicos e especialistas. Tudo, absolutamente tudo, foi em vão. Nada mudou, repito. Estamos na estaca zero do problema. É como se estes quatros anos tivessem passado em um piscar de olhos.
Voltando para abril de 2018, vereadores pedem ao HBB para mudar a forma de atendimento “de forma gradual”. Sim! Quatro anos depois do anúncio de intenções do hospital e o pedido é por paciência. O pedido é para mudar aos poucos, de leve, sem causar tanto impacto na rotina dos pacientes. Não! Esse pedido não pode ser levado a sério.
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É preciso uma atitude. Ou limita ou deixa aberto com condições ideais para todos. E se tal mudança não é bem-aceita pelos gestores públicos e parlamentares, isso já deveria estar claro desde março de 2014. Mas não. Tudo vem sendo vergonhosamente empurrado com a barriga. Todos ficaram esperando o incendiário tocar fogo na recepção para lembrá-los que o problema está lá.
Não é fácil, é bem verdade. Culturalmente, o HBB sempre foi referência para atendimentos de baixa complexidade. E como a UPA é longe de tudo e de todos a solução mágica esperada por Klein, em 2014, surtiu ainda menos efeito. Ficaram todos esperando por um milagre e não pensamos sequer em uma solução alternativa. E são tantas!
Disponibilizar transporte coletivo especial entre alguns postos, o HBB e a UPA, por exemplo, seria uma dessas. Ida e volta. Todos os dias. Ora, basta desligar meia dúzia de CCs e utilizar esses valores para dar conforto aos pacientes.
Precisamos de soluções criativas, para ontem. Chega de andar em círculos dentro do mesmo problema, enquanto quem não tem condições de pagar por um plano de saúde sofre na mão desse imbróglio.


Lula vale mais que Aécio

É obvio. Aécio é um bon vivant que nada sofreu na infância. Ganhou tudo. Sequer queria ser deputado, e foi. Namorou as mais belas mulheres brasileiras. Frequenta – e sempre frequentou – as mais badaladas festas, eventos e jantares. Nunca foi nada de relevante para a sociedade. Tudo que conquistou, mesmo a governança de Minas Gerais, veio do sobrenome e do nome do avó, Tancredo. Lula é totalmente o oposto. Só por isso é muito maior do que o tucano. É inútil compará-los.


Sandri em Porto Alegre

Diferente do publicado na semana passada, Douglas Sandri, do Partido Novo, de Lajeado, é pré-candidato a deputado estadual, e não federal. Sobre a possibilidade de no futuro trabalhar com Marcel Van Hatten, também do Novo, Sandri afirma que seria uma honra, mas “nunca” tratou sobre o assunto com o parlamentar gaúcho. “O futuro a Deus pertence. Meu foco número 1 é me eleger deputado estadual”, pontua.


Tiro curto

– Em Porto Alegre, o Ministério Público (MP) abriu inquérito civil para investigar “ausência de e-mail e telefone” no aplicativo mundial, AirBnb;
– Moradores do bairro Boa União, em Estrela, reivindicam novo acesso à BR-386, em um ponto próximo à ponte do Arroio Boa Vista. Outros consideram perigoso tal mecanismo;
– Em Lajeado, o Comdica lançou edital para utilização dos recursos do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. O prazo para apresentar projetos vence amanhã, 20;
– As obras de pavimentação na VRS-482, a Estrada Geral de Dona Rita, em Arroio do Meio, estão ocorrendo. A dúvida é: até quando?
– Os parlamentares Waldir Blau (MDB), Ernani Teixeira (PDT) e Nilson do Arte (PT) participam da Marcha dos Vereadores em Brasília, a partir do dia 23. Quem também vai é o assessor de Paulo Tóri (PPL), Jean Todeschini Tasca;
– Governo de Estrela investe na iluminação da BR-386. Lajeado segue às escuras;
– Nos bastidores, e após a Operação Mãos Sujas, em Teutônia, muitos agentes públicos da região abandonaram conversas via WhatsApp e celular. Celulares, inclusive, estariam sendo desligados a pedido de alguns durante certos encontros.

Boa quinta-feira a todos!

“Quem mais demora a fazer uma promessa é quem a cumpre mais rigorosamente.”
Jean-Jacques Rousseau

 
 
 

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