Vinho colonial é legalizado

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Vinho colonial é legalizado

Normas estimulam produtores a registrar atividade e oferecem ao consumidor um produto de qualidade certificada. Cerca de quatro mil famílias produzem e vendem vinho sem registro no país

Vinho colonial é legalizado

Tradição herdada dos antepassados, a produção de vinho colonial começa a sair da informalidade. A lei do vinho colonial, em vigor desde 2014, mas implementada apenas este ano, auxilia milhares de famílias a legalizar a atividade.

Entre elas, o casal Osmar, 66, e Leida Dalberto, 61, de Progresso. Ainda jovem, Dalberto aprendeu com o avô os segredos de produzir o vinho direto na propriedade. Por safra, colhem em torno de mil quilos de uva das variedades niágara e bordô, o que resulta em 700 litros da bebida.

Legalizar a atividade é vista como uma oportunidade de negócio. “Vender a uva in natura para a indústria é inviável. Ao produzir vinho, conseguimos agregar valor”, entende.

Para se ajustar às exigências da lei, com ajuda do filho, o casal pretende melhorar a infraestrutura do galpão e aumentar a oferta. Na próxima safra, a meta é industrializar até cinco mil quilos. “Ao trabalhar dentro das normas, ficamos mais tranquilos e temos a certeza de oferecer ao cliente um produto de excelente qualidade, sem riscos à saúde”, opina.

Para alcançar qualidade, Dalberto frisa a importância de separar as frutas dos cachos e das folhas. “Isso provoca acidez”, ensina. Outro detalhe é a vedação das pipas, fundamental para garantir a conservação. Após a maturação, a bebida é armazenada em garrafas PET para facilitar o consumo e a venda. Cada litro é comercializado a R$ 7,50.

Mais qualidade

Segundo Alexandre Hoffmann, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, agora os produtores têm segurança jurídica e os consumidores, maior confiança na qualidade do vinho que adquirem. “Tão importante quanto alcançar o registro, é obter uma uva de alta qualidade e elaborar o vinho de acordo com as boas práticas, sem abrir mão da cultura que está imersa nesse produto tão apreciado”, resume.

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Conforme o chefe do escritório da Emater em Bento Gonçalves, Thompson Didoné, o processo demandou esforços em três eixos: tributário, sanitário e ambiental. Ele valoriza também a união das entidades do setor primário que, segundo ele, está sendo fundamental para o registro dos profissionais de vinho colonial. “Logicamente, devem ser cumpridas as exigências sanitárias, mas levando em conta o aproveitamento das instalações já existentes e o aspecto cultural que envolve a produção colonial”, garante.

O custo para montar a agroindústria varia, mas, em geral, oscila entre R$ 30 mil e R$ 100 mil, calcula.

Três vinícolas receberam o registro. Segundo a Emater Regional de Lajeado, no Vale do Taquari, existem 522 produtores de uva. A fabricação de vinho alcança dois milhões de litros por ano. No país existem 4 mil produtores de vinho colonial.

Se ajuste

O volume fabricado não pode passar de 20 mil litros ao ano, 100% das uvas devem ser de cultivo próprio e a venda só é permitida na propriedade e em feiras municipais.

Não é preciso CNPJ, pois as notas podem ser emitidas com o talão de produtor. Paga-se 1,5% de imposto.

É necessário respeitar critérios ambientais, fiscais e sanitários.

O certificado de agroindústria de vinho colonial tem validade de dez anos.

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