A Associação de Moradores do Bairro Moinhos D’água proporcionou um momento de solidariedade na manhã e tarde desse sábado. Dezenas de voluntários se uniram para proporcionar mais um evento do Galeto da Amizade, cujo objetivo desta edição era angariar verbas para a construção da sede própria e para o tratamento de Yasmin Maria de Souza, de 10 meses de idade, que precisa de medicação especial.
De acordo com o presidente da entidade representante dos moradores, Paulo Roberto Schneider, foram vendidos 352 cartões. Esses davam direito a porções de frango – três sobrecoxas – e polenta frita. No total, foram arrecadados cerca de R$ 3,7 mil. Metade do valor será gasta com a construção da sede da associação. A outra parte será doada à família de Yasmin.
Elizandro e Katrine Souza, moradores do bairro e pais da menina, estavam lá no sábado à tarde. Além de agradecer o empenho da comunidade local, ressaltam a importância dos medicamentos na vida da filha, que completou 10 meses faz poucos dias. “Ela precisa ficar 13 horas por dia recebendo alimentação especial por meio de uma sonda ligada ao estômago,”, diz o pai.
Tanto o aparelho como a base alimentar são fornecidas pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, graças a um projeto de pesquisa sustentado pelo governo estadual. Entretanto Elizandro teme pelo fim dos recursos. “A informação é de que o governo não estaria interessado em seguir com a pesquisa, e cortaria os repasses financeiros a partir de junho”, alerta.
Yasmin perdeu parte do estômago e do intestino em função de uma infecção diagnosticada nos primeiros meses de vida. Segundo o pai, ela já passou por 11 cirurgias desde então. Três na barriga. “Primeiro achavam que era só refluxo, pois ela vomitava tudo. Daí perceberam que era algo pior. O primeiro médico que abriu a barriguinha dela disse que era só deixar morrer. Queriam inclusive desligar os aparelhos. Mas resolvemos buscar outros especialistas.”
O outro médico contatado pela família aceitou o desafio de operar a menina e tentar amenizar os danos causados aos órgãos em função da má rotação do intestino. “Ele havia dado 5% de chance para que ela saísse viva do procedimento operatório. Nós acreditamos, e ela está aqui até hoje com a gente.”
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Remédio também ameaça
A ligação com o Hospital de Clínicas ocorreu por acaso, dizem os pais. Alertados sobre a pesquisa, procuraram a casa de saúde e entraram na lista de espera. “A gente acha que é um problema raro. Mas quando a gente se envolve, e pesquisa, percebe que outros pais também sofrem com isso”, relata a mãe, emocionada.
Apenas Katrine foi treinada para manusear o aparelho que garante a alimentação da filha. Yasmin ingere poucos alimentos pela via oral. Quase tudo é por meio da sonda ligada a uma veia aberta na barriga da pequena. “Eu preciso ficar o tempo todo ao lado dela. Para não estragar tudo, pois tudo tem um custo muito alto”, revela.
Apesar de todo o esforço, a forma de alimentação é temporária. Isso porque os remédios prescritos para a menina podem causar problemas no fígado. “Pode desmanchar”, afirma o pai. Diante disso, a solução seria um transplante de todo o estômago, algo raro. “Apenas uma em cada 300 crianças transplantadas sobrevivem. As demais morrem em menos de duas horas.”
O índice é mais positivo nos Estados Unidos, explica Elizandro, com maiores chances de vida para os pacientes. Entretanto, a cirurgia em solo norte-americano custa algo em torno de R$ 2 milhões. Quem quiser ajudar a família de Yasmin pode depositar qualquer valor no Banco Banrisul, agência 0640, conta 39086187.0-6.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br