Mais de 150 pessoas acompanharam a sessão do Legislativo na noite de ontem, 5, uma semana após o início da Operação Schmutzige Hände. Por unanimidade, foi aprovado pedido de informações sobre quais contratos foram suspensos pela Justiça, os respectivos valores, empresas envolvidas e outros detalhes.
Parte dos parlamentares protocolou pedido de instalação de CPI para investigar os atos do prefeito Jonatan Brönstrup e um requerimento para o afastamento do presidente do Legislativo, Juliano Körner – citado no processo investigatório. Uma indicação para o afastamento do chefe do Executivo e demais investigados, bem como uma moção de apoio à operação do Ministério Público, também entraram na casa.
O pedido de instalação CPI foi assinado pelos vereadores Aline Röhrig Kohl (PP), Claudiomir de Souza (PP), Delcio Barbosa (PPS), Diego Tenn Pass (PDT), Marcos Quadros (PSDB) e Pedro Hartmann (PMDB).
O primeiro a se pronunciar foi o vereador Delcio Barbosa. “Na última semana o nosso município viveu um momento histórico. Por alguns instantes, parecia que morávamos em Brasília”, comparou. Segundo ele, os vereadores devem se posicionar ao lado da Justiça. Parabenizou o judiciário pela operação Mãos Sujas e disse os parlamentares da oposição “há tempos” alertavam que “as coisas não estavam bem no governo”.
Enfatizou a necessidade de instalação da CPI e disse que ela também precisa investigar o Legislativo.
“Não podemos julgar as pessoas por comentários. Temos que ter provas”, disse Eloir Rückert (PSDB), da base governista. Apesar de votar a favor da instalação, disse que preferiria que a comissão fosse instalada após o término da investigação. Segundo ele, há políticos corretos e incorretos em todos os partidos.
Hartmann falou que, na trajetória política dele, “nunca tinha visto um momento tão triste”, que “rasgou a história” de Teutônia. “O antro da corrupção estava instalado no gabinete do nosso prefeito. Nós não podemos ficar parados diante disso”, falou. Parabenizou os autores das denúncias na promotoria, que deram início às investigações. Afirmou que o Legislativo também precisa ser investigado. “Nenhum político está acima da lei”, afirmou.
“É só a ponta do iceberg”, disse Diego Tenn Pass. O parlamentar criticou a postura da base governista, que negou a maioria dos pedidos de vista feitos pela oposição relativos a projetos do Executivo. “A nossa casa está com a credibilidade ferida”, afirmou. O opositor parabenizou a comunidade pela ampla presença na sessão e pediu paciência devido à lentidão imposta pelo regimento para a instalação da CPI.
Aline também elogiou a “coragem” dos autores das denúncias. Falou sobre um projeto apresentado por ela no ano passado, que propôs a instalação de GPS em veículos da frota municipal, com objetivo de aumentar a fiscalização sobre o Executivo. Criticou o fato de a matéria ter sido rejeitada pelos vereadores governistas.
Carta sigilosa
Na véspera da sessão, os parlamentares receberam correspondência, em caráter sigiloso, do poder judiciário. Na sessão de ontem, alguns vereadores comentaram o conteúdo do documento, que continha parte do processo investigatório, com transcrições de interceptações telefônicas entre membros do governo.
Investigados
Na quarta-feira, 4, a defesa do ex-prefeito Ricardo José Brönstrup ingressou com um pedido de revogação da prisão preventiva. A solicitação é analisada pelo Tribunal de Justiça. No mesmo dia, o pedido de habeas corpus dos advogados do secretário de saúde e chefe de gabinete, Alexandre Peters, e do chefe do setor de compras, Caciano Krahl, foram negados pelo desembargador Júlio César Finger.
Até o fechamento desta edição, eles permaneciam no Presídio Estadual de Lajeado. Na terça-feira, 3, Gustavo Fregapani, ex-procurador geral do município, foi solto por meio de habeas corpus.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br