Renúncia parece o melhor caminho

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Renúncia parece o melhor caminho

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Não faz mais sentido Jonathan Brönstrup continuar ocupando – se é que ocupou antes do pai ser preso na semana passada – a cadeira de prefeito em Teutônia.
O abalo sobre seu governo lhe tira a legitimidade. As suspeitas apontam para o que há de pior na gestão pública brasileira: corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, fraude em licitações e tráfico de influência. Para a polícia e o MP, isso não é governo. É quadrilha.
Ainda cabe defesa aos suspeitos, é bem verdade. Mesmo assim, fosse num país com decência na administração pública, a renúncia era o caminho do prefeito. Em nações desenvolvidas, onde a ética e a moralidade prevalecem, gestores renunciam por muito menos.
Lamentável e não menos frustrante ver um prefeito da nova geração da política enlameado num escândalo de proporções quase inéditas na região. O discurso de renovação e de uma gestão de inclusão fez a comunidade de Teutônia entregar a chave da prefeitura a Jonathan. Tinha-se, ainda com “pulgas atrás da orelha”, a esperança de que ele seria capaz de conter o “ímpeto” do pai. Ledo engano. “O Ricardo Brönstrup agia como se ainda fosse o prefeito de Teutônia”, afirmou o promotor Jair Franz, durante a operação na semana passada.
O município está em polvorosa. A ação policial abalou o alto, o médio e o baixo escalão do governo. Repercutiu país afora. E tem desdobramentos para vir à tona. Vereadores da oposição articulam um pedido de impeachment. Uma nova fase da operação, como adiantou Franz na semana passada, pode arrolar também o Legislativo.
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A nuvem preta que se formou sobre Teutônia ainda tem muita água para despejar. Será difícil para Jonathan recuperar a governabilidade, muitos menos a legitimidade para colocar em prática todo discurso ufanista que o elevou ao cargo. Não fosse perder o foro privilegiado (que lhe dá a vantagem de ser investigado e julgado por instâncias especiais), quem sabe já teria renunciado.
EM TEMPO. Jonathan tem 30 anos. Apostou na política como atividade profissional e se elegeu como um dos mais novos prefeitos na história do Vale do Taquari. Tem uma carreira política a construir.
A prisão do pai, apontado como um dos expoentes do suposto esquema de corrupção deflagrado pela operação policial, macula sua ficha e mostra fragilidade.
Ainda assim, nada impede o jovem prefeito a dar a volta por cima e formar uma carreira sólida. Para isso, terá de construir luz própria e mostrar para a comunidade e a Justiça que não tem a ver com o esquema deflagrado. Do contrário, tudo ficará ainda mais difícil.


Homicida e incendiário

Incendiar qualquer repartição, seja pública ou privada, não faz sentido. Incendiar um hospital, então, nem se fala. O rigor da lei precisa ser aplicado com veemência pela polícia e depois pela Justiça, numa efetiva resposta a essa ação criminosa praticada por alguém tomado pela ira e pela irresponsabilidade. Práticas totalitárias e reacionárias não podem passar impunes, sob pena de se tornarem muleta para todos saírem fazendo justiça com as próprias mãos.
São igualmente levianos e irresponsáveis os comentários – via redes sociais – em defesa do homicida que, ao destruir a recepção da ala de urgência e emergência do Hospital Bruno Born, impediu o atendimento a centenas de pessoas no domingo à noite e durante a segunda-feira. A atitude é ainda mais deplorável diante do drama vivido nas casas de saúde país afora.

Imagens do homem invadindo e incendiando a recepção de urgência e emergência do HBB viralizaram na internet. Para a direção do hospital, foi o estopim para mudar o sistema de acesso ao serviço

Imagens do homem invadindo e incendiando a recepção de urgência e emergência do HBB viralizaram na internet. Para a direção do hospital, foi o estopim para mudar o sistema de acesso ao serviço


Salvo exceções, o acesso aos serviços de saúde no Vale do Taquari são exemplares. Ainda que tenhamos filas pontuais nos postos de saúde, na UPA ou nos hospitais, todos conseguem atendimento.
Não tenho procuração para escrever em defesa das casas de saúde. Nem precisa. Apenas o faço por uma questão de coerência diante do descalabro que acompanhamos diariamente em outras regiões do estado e do país. Se incendiar hospital fosse a saída, em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza, restariam as cinzas faz tempo.
Precisamos, sim, fazer valer nossos direitos e cobrar por acesso aos serviços públicos, nos quais a saúde é básica. Agora, partir para a ignorância e o extremismo nos tira a razão cidadã e nos conduz a um conflito civil que já sabemos em que termina.


Que história é esta?

Está escrito no A Hora de ontem, sobre Bom Retiro do Sul: Prefeito abre sindicância para apurar comportamento de funcionários que se recusaram a trabalhar na quinta-feira à tarde, véspera de feriado. Na lista dos servidores, dois vereadores.
Pelo exposto, os funcionários argumentam que em anos anteriores o Executivo só trabalhava na parte da manhã, liberando os servidores já na quinta-feira à tarde. Este ano, o prefeito Edmilson Bussato decidiu mudar e exigiu que todos trabalhassem, a exemplo do que ocorre na maioria dos municípios, e claro, na iniciativa privada.
Essa é de cair os “butiá do bolso”.


Da semana 

1. A Famurs promove nesta sexta-feira, 6, painel sobre Estratégias no Sistema Público de Saneamento – Um Cenário de Oportunidades. O evento ocorre a partir das 14h, na Câmara de Vereadores de Lajeado. Entre os presentes, o presidente da Corsan. Vale a pena prefeitos e outros gestores públicos participarem.
2. Por falar em ambiente, no sábado, 7, se o tempo permitir, ocorre mais uma edição do exemplar programa Viva o Taquari-Antas Vivo. A cada ano há mais voluntários e novas cidades integradas.
3. Paverama estará em festa na próxima semana. Após longos anos de construção, inaugura a sede da prefeitura e abre a 5ª PaveramaFest.
 

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