A expulsão dos presos na Operação Schmutzige Hände (mãos sujas, em alemão) é a condição para o vereador Marcos Quadros permanecer no PSDB. Conforme o parlamentar, o partido precisa dar uma resposta à população sobre o suposto envolvimento de integrantes da sigla em crimes que estão sob investigação do Ministério Público.
“Eu vou condicionar a minha permanência, por ora, à expulsão dessas pessoas do partido. Diante de um escândalo desses, com certeza, a sigla fica abalada sim”, analisa. De acordo com Quadros, os responsáveis precisam ser punidos, se a Justiça concluir que são culpados. Segundo ele, o abalo na legenda é inevitável, mas a retirada dos investigados minimizaria os desgastes na sigla.
Sobre a possível dissidência de correligionários devido aos desdobramentos da operação, Quadros é cauteloso. “A gente tem que avaliar bem isso, se é prudente a gente sair e deixar a sigla morrer. Tem muita gente correta dentro do partido, que lutou para a legenda chegar onde está. Não é por causa de dois ou três que vamos deixar o trabalho de 20 anos do PSDB em Teutônia cair por terra”, avalia.
“É muito triste para o nosso município, que tinha um histórico de honestidade e seriedade na administração pública. Eu repudio todo o ato que prejudique a imagem de Teutônia nesse sentido”, afirma o tucano.
Acerca dos efeitos da operação na câmara de vereadores, Quadros diz ser precoce uma avaliação sobre eventuais alterações na base aliada, que desde o início da gestão deu sustentação aos projetos do governo. A sessão desta quinta-feira, 5, deve demonstrar como se portarão os parlamentar após o episódio. “Acredito que será o tema da noite”, comenta.
Há cerca de seis meses, Quadros começou uma articulação para a criação do partido Podemos em Teutônia. Segundo ele, a movimentação não tem relação com a operação. O motivo foi um “atrito” com “alguns integrantes” devido ao anúncio de sua intenção de ser candidato a deputado estadual. “Esse foi o primeiro motivo para eu ter iniciado a possível criação da nova sigla na cidade”, diz.
O parlamentar não quer que o movimento seja interpretado como uma reação à operação. “Agora com esse acontecimento, a gente tem que repensar tudo. Foi um negócio muito impactante”, comenta.
“Eu tenho respeito total às pessoas do partido, mas eu não concordo e repudio aqueles que estão na sigla estragando o nome do partido com essa sujeira toda que está acontecendo aí. O PSDB é uma sigla de respeito no país. Essas pessoas têm que ser excluídas, o quanto antes”, sentencia.
Segundo ele, estava prevista para esta noite uma reunião entre os integrantes do partido, mas foi cancelada.
Mãos sujas
Na semana passada, a administração municipal foi alvo de uma ação coordenada pela Promotoria de Justiça de Teutônia com apoio da Polícia Civil. A operação resultou na prisão do ex-prefeito e pai do atual, Ricardo José Brönstrup; do secretário de Saúde e chefe de gabinete, Alexandre Peters; do procurador-geral do município, Gustavo Fregapani; e do chefe de Setor de Compras, Caciano Krahl. Eles são suspeitos de crimes de organização criminosa, corrupção, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Até o fechamento desta edição, os suspeitos permaneciam no presídio de Lajeado. Por ter curso superior, apenas Fregapani conseguiu transferência para uma cela administrativa. Os demais seguem em cela comum e superlotadas.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br