A administração municipal instaurou sindicância ontem, 2, para apurar o motivo da ausência de servidores da Secretaria de Obras na tarde de quinta-feira, 29. Diante do ponto obrigatório na véspera de feriado, 13 funcionários teriam se recusado a trabalhar. Entre eles, estão dois vereadores da oposição, que mantêm funções no Executivo por serem concursados.
Conforme o governo, ao contrário de anos anteriores, não foi decretado ponto facultativo devido à quantidade de serviços a serem realizados, em especial na Secretaria de Obras. “Não há motivos para que o poder público receba tratamento diferenciado, ainda mais considerando todas as demandas que sempre temos por resolver”, afirma o prefeito Edmilson Busatto.
Segundo o chefe do Executivo, quando um funcionário deixa de cumprir as responsabilidades, quem perde é a população. “O acontecido, além de me entristecer, me decepciona muito, principalmente por conta dos vereadores envolvidos. É difícil de entender que os mesmos que vão à tribuna apontar demandas do município e, dias depois, se recusam a trabalhar para resolvê-las”, ressalta.
“Perseguição” e “politicagem”
Motorista na administração municipal desde 2009, o vereador Antônio Gilberto Portz (DEM) diz que faz mais de 20 anos que o expediente era apenas durante o turno da manhã na véspera do feriadão de Páscoa.
Segundo ele, os funcionários permaneceram na secretaria aguardando ordens de trabalho, o que não teria ocorrido. “Ninguém se negou a trabalhar. A gente bateu o cartão, ficou aqui, e ninguém veio pedir para a gente trabalhar”, alega.
Conforme Portz, o governo está fazendo “politicagem”em torno do fato para atingir os dois vereadores de oposição que integram a equipe da secretaria. Para o parlamentar, falta “diálogo” por parte da coordenação da pasta. Haveria coisas mais importantes para motivar a abertura de sindicância dentro da administração do que “algumas horinhas”. “É muita marcação individual em alguns funcionários”, reclama.
Operador de máquinas desde 2008, o vereador Alessander (Alex) Negreiros Fritscher (PSB) classifica a abertura de sindicância como “perseguição política”. Ele afirma que não houve delegação de tarefas para a tarde de quinta-feira e que as câmeras da secretaria comprovam que o secretário Valmor Sehn passou pelo grupo de trabalhadores e “não falou nada”.
Alex contesta o argumento do prefeito sobre o volume de serviços da secretaria. O parlamentar diz que, de outubro de 2017 a fevereiro de 2018, as equipes da pasta trabalharam apenas em um único turno, o que seria uma contradição.
Tarefas passadas
O secretário Sehn assegura que houve sim delegação de tarefas, tanto que os encarregados das equipes trabalharam sozinhos. Ele afirma que o ponto obrigatório foi informado a todos no dia anterior. “Uma vez que eles bateram o ponto, eles deveriam se colocar à disposição do serviço, o que não aconteceu”, comenta.
As responsabilidades de cada um dos funcionários que se recusaram a trabalhar serão apuradas na sindicância, informa o chefe de gabinete, Jardel Santiago.
Segundo ele, o fato de que em anos anteriores não havia expediente não determina que este seria igual. Os servidores que instigaram o movimento poderão sofrer advertências, descontos em folha, entre outras punições.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br