Poema sobre ela

Opinião

Poema sobre ela

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Ela é de ciclos, fases e fragmentos.
Sensações de bem-estar e satisfação mesclam-se com a dor, a tristeza, os desapontamentos.
Ciclos que se alternam e, gradativamente, aumentam a intensidade cada vez que se repetem.
Ora é folha, ora é flor ou fruto. Cada ressurgir atribui mais cor, mais cheiro, mais sabor, mais valor!
Fases que vão e vem, tais como as da lua, cumprindo os papéis que lhes cabem.
Fragmentos que se partem e se recompõem, num infinito reencontro de possibilidades que se recriam e fortalecem.
Quando se deu conta do que vivia, pensava ser capaz de dominar-se e conduzir seus caminhos. Tudo seria perfeito, do seu jeito!
Aos poucos, percebia que, à medida que o amor aumentava, a tristeza decorrente das perdas ia cavando marcas mais profundas.
Concluiu que ao mesmo tempo em que ocorrem coisas fantásticas, inimagináveis, inesperadas, tudo pode sair diferente do esperado e machucar.
O tempo foi oferecendo novas conquistas, oportunidades, relacionamentos, afetos. E os insucessos também se acumularam junto às insatisfações, decepções, dissabores.
Sonhos começaram a realizar-se, projetos foram criando forma e metas se concretizaram. As perdas se converteram em aprendizagem.
Ela não sabe bem ao certo quando assimilou que tudo se constituía como oscilação: altos e baixos, idas e vindas, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, fé e descrença, amor e ódio.
Tal como subir o monte: o cansaço aumenta e a visão mais ampla compreende mais belezas. Enquanto as forças diminuem, a sabedoria e a perspicácia vão reconfigurando sua ação ante os desafios.
Ela sente e desfruta e contempla e saboreia cada detalhe de tudo o que experimenta pelos sentidos, cada vez mais. Desde a menor flor no campo à mais lancinante dor que o corpo manifeste.
Tudo é ciclo, tudo é fase, tudo é parte e fragmento: tudo é relação, tudo é energia.
A relação pulsa consigo mesma, seu potencial e suas limitações; com os incontáveis encontros com os outros que a vida proporcionou; com o sagrado, com o divino, com o transcendental.
A força brota de onde menos espera, lá onde parecia ter se esgotado ou onde nunca existira. O tudo de antes de repente parece pouco ou nada. E o que não tinha importância nenhuma adquire o status de vital e indispensável.
E ela segue aprendendo.
Fragmentos, ciclos, fases: ela se constrói e reconstrói!
Ela posso ser eu, podes ser você, ele, elas, eles ou nós!

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