Cerca de 500 devotos participaram ontem, 19, do encerramento da Festa de São José. Após uma programação de nove dias, as atividades em celebração ao padroeiro do município terminaram com missa na Igreja Matriz, procissão no centro e almoço no salão paroquial.
O evento é realizado todos os anos, desde 1765, e marca o período da Quaresma. A agenda de eventos consiste em novenas, encontros religiosos em diferentes localidades de Taquari e Tabaí, jantares e bailes. Neste ano, iniciou em 10 de março e teve como tema central “São José e a paz”.
A festa é organizada pela Irmandade de São José, grupo vinculado à comunidade católica, existente desde a construção da Igreja Matriz, em 1764, uma das mais antigas do estado. A atividade celebra a imagem do santo esculpida em madeira, doada pelo rei de Portugal Dom João VI, no início do século XVIII, aos colonizadores açorianos.
O provedor da irmandade, Renato Dullius, afirma que o evento faz parte da cultura do município. Segundo ele, a tradição se perpetua graças ao empenho dos católicos em “ir ao encontro” das comunidades, por meio de atividades que propagam o catolicismo e a devoção em São José.
“É a igreja na rua. A gente não fica esperando as pessoas virem ao templo. A gente vai até elas”, afirma Dullius. Para ele, essa é a fórmula usada pelos diversos grupos católicos da cidade para manter acesa a fé cristã na atualidade.
A cada ano, a organização da Festa de São José é liderada por casais de devotos, denominados “festeiros”. Nesta edição, foram os responsáveis pela realização das atividades os casais Vilson Garcia e Roseli Menger e Fernando e Vera Bender, com o auxílio dos freis Gastão Zart, Paulo Müller e João Sulzbach.
Para o festeiro Garcia, é uma honra estar à frente da organização de um evento que existe faz 253 anos. Ele explica que a atividade já era realizada antes mesmo da fundação do município, quando a localidade era chamada de São José de Tibiquary. Garcia destaca o caráter social da festa, que neste ano arrecadou mais de 500 quilos de alimentos a serem destinados às famílias cadastradas na Pastoral da Criança.
Resgate de valores
A missa e a procissão tiveram a participação do bispo Carlos Romulo Gonçalves e Silva, da Diocese de Montenegro. Ele ressalta a importância do evento como forma de resgatar valores cristãos perdidos em meio às mazelas sociais da contemporaneidade
“A melhor resposta que nós podemos dar ao mundo de tanta violência, tanta divisão e tanto ódio, é vida comunitária, é convívio, é estarmos juntos, fazermos festas juntos, cultivando valores, tradições e a fé que une o nosso povo”, salienta.
A devota Flávia Therezynha Saraiva, 86, participa da Festa de São José faz mais de 70 anos. Ela considera o evento importante não apenas para a Igreja Católica, mas para toda a comunidade do município. “São José representa aquele homem justo, da paz, humilde, que veio para proteger todo esse rincão”, acredita.
Conforme Flávia, cultivar a fé é cada vez mais relevante em tempos em que o progresso da humanidade e as novas tecnologias distanciam o ser humano da religiosidade, transformando de forma negativa as suas atitudes. “Infelizmente, o homem está se afastando de Deus e do próprio irmão”, avalia.
Alexandre Miorim: alexandre@hotmail.com