O Brasil é o segundo maior produtor e o primeiro no ranking mundial de exportações de tabaco em folha há 25 anos. O Sistema Integrado de Produção é a base de sustentação dessa liderança e gera efeitos positivos para a economia e qualidade de vida de milhares de pessoas. “É por meio dele que conseguimos nos conectar e avançar em questões relacionadas à produção, com garantia de venda do produto, saúde e segurança do produtor, logística reversa, preservação do meio ambiente e proteção da criança e do adolescente, para citar alguns exemplos”, analisa o presidente do SindiTabaco, Iro Schüncke.
Entre os desafios, destaca a necessidade de incentivar a diversificação e alerta para o impacto social e econômico de uma possível queda na área cultivada.
A Hora – Qual a importância econômica e social da fumicultura?
Schünke – Acredito que a maioria dos brasileiros ainda desconheça o real potencial da cadeia produtiva do tabaco e seus efeitos positivos para a economia e qualidade de vida de milhares de pessoas, especialmente no RS, responsável por 50% da produção de tabaco do país. O produto também representa 10% do total de embarques anuais. No campo, a renda gerada ao produtor é o que garante sua permanência no campo. Uma pesquisa conduzida pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração, da UFRGS, no fim de 2016, evidenciou o bom padrão socioeconômico dos produtores de tabaco. Enquanto 80,4% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B, a média geral brasileira não chega a 22%. E mais, que a renda per capita mensal média na população de produtores de tabaco da Região Sul é de R$ 1.926,73, enquanto a renda per capita no Brasil é de R$ 1.113,00 (IBGE, 2015).
Quais os desafios na diversificação das áreas cultivadas com tabaco?
Schünke – Há várias décadas, o setor incentiva os produtores a diversificar. O reflorestamento, por exemplo, é uma dessas atividades. Já nos anos 70, o cultivo das árvores ganhou destaque por complementar renda, preservar as matas nativas e auxiliar na cura do tabaco. Outro exemplo é o cultivo de milho, feijão e, mais recentemente, pastagens. Em andamento desde 1985, reúne a estrutura de campo das empresas associadas e das entidades apoiadoras para incentivar os produtores a diversificar suas atividades. O programa traz receita relevante para os produtores de tabaco, cerca de R$ 600 milhões na última safrinha. Pesquisa recente demonstrou que 79% dos produtores fazem a rotação e/ou sucessão de culturas para reduzir a proliferação de pragas, doenças e ervas daninhas e que cerca de 50% garante renda com outros produtos além do tabaco, aumentando significativamente a sua renda. Veja, diversificar não é um desafio.
Em que esbarra a substituição da cultura?
Schünke – O grande desafio é a substituição da cultura devido à alta renda que o tabaco gera para pequenas propriedades. Para se ter ideia, o produtor teria que plantar sete hectares de milho para ter a mesma renda que em um hectare de tabaco. Sabemos que no caso da agricultura familiar essa é uma conta inviável.
Considerações finais
Schünke – Nossa luta tem sido sempre para equilibrar questões econômicas e de saúde. Ter condições favoráveis para continuar produzindo e exportando é o que temos buscado junto ao governo. O que precisa ficar claro é que lógica do consumo x demanda não deixará de existir. Se o Brasil deixar de produzir tabaco, os seus principais concorrentes o farão, como Estados Unidos ou os africanos Zimbábue, Malaui, Moçambique e Tanzânia. E quem fuma não deixará de fumar porque o tabaco não é produzido no Brasil. O que se conseguirá nesse caso não será um benefício à saúde dos brasileiros, mas um prejuízo social imensurável, com a transferência da produção, da renda e dos empregos que o tabaco gera para milhares de pessoas e um caos econômico para os quase 600 municípios que têm no tabaco a mola propulsora do desenvolvimento.