Menor oferta faz preço subir

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Menor oferta faz preço subir

A safra da maçã no estado deve reduzir 20% neste ano. Falta de chuva em dezembro e inverno com temperaturas amenas foram decisivos para reduzir a produção, estimada em 500 mil toneladas

Menor oferta faz preço subir

Após colher uma safra recorde em 2017, com média de 37 mil quilos por hectare, o produtor Alberto Guarda, de Arvorezinha, amarga queda de até 60% na produtividade em algumas áreas.

As adversidades meteorológica são o motivo para a queda na oferta da fruta no mercado. “Faltou frio no inverno e por isso colhemos maçãs de calibre menor”, explica. A família mantém 25 hectares de macieiras. Outro motivo de desânimo é o preço.

Segundo Guarda, este ano, os clientes buscam frutas graúdas, bem valorizada em comparação ao ciclo anterior. O quilo é negociado a R$ 2,20. “A maior parte colhida é de calibre médio ou pequeno. O mercado é sempre assim. Querem sempre o contrário daquilo que se produz”, desabafa. A família negocia o quilo da maçã média por R$ 0,90 e a miúda por apenas R$ 0,30.

Armazenadas em câmeras frias, as frutas são destinadas para mercados de Minas Gerais e São Paulo no período de entressafra para elevar a remuneração. As variedades cultivadas são gala, fuji e eva.

Outra dificuldade é a falta de mão de obra qualificada para auxiliar na colheita. Neste ano, Guarda contratou trabalhadores de um assentamento de Sananduva.

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Menor frio em 35 anos

Segundo Ênio Todeschini, engenheiro agrônomo da Emater, a cultura exige entre 400 e 700 horas de frio durante o inverno. Para ele, é um dos fatores fundamentais para garantir o bom desenvolvimento da planta após o período de dormência.

Exemplifica que em Bento Gonçalves foram registradas apenas 188 horas de frio abaixo de 7,2ºC. “Na colheita anterior, tivemos 530 horas, o que justifica a safra histórica”, diz.

A média histórica, de acordo com Todeschini, é de 410 horas. “Este ano ficamos abaixo disso, inclusive foi a menor incidência nos últimos 35 anos”, finaliza.

Clima e polinização são adversidades

Faz 40 anos que Valdocírio Bozzetti, o popular “Valdo”, de Boqueirão do Leão, aposta na produção de maçãs. No entanto, o clima e a dificuldade em fazer a polinização prejudicam o desenvolvimento das frutas.

No pomar mantido em parceria com o irmão Luiz, mantém 1,1 mil plantas. “Chegamos a colher 20 mil quilos. Problemas meteorológicos, ausência de abelhas e calotes de compradores nos fizeram reduzir a área. Mas nunca desanimamos, gosto de produzir maçã”, afirma.

Cultiva as variedades gala, moles, delícia e ana. Além da maçã, produzem melão, melancia e uva, vendidos para o mercado local.

Celita Peterson, chefe do escritório da Emater-RS/Ascar, diz que a regularidade de frio afeta a produtividade. “Até existem abelhas. O que falta é uma variedade polinizadora em meio ao pomar. Teríamos mercado para a fruta no município, mas como a planta exige muita mão de obra é outro empecilho”, comenta.

Aumento de 30%

Apesar da projeção de queda média de 20% na produção em relação ao ano passado, o preço deve compensar os prejuízos, conforme expectativas do presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçãs (Agapomi) Eliseu Zardo Boeno. A estimativa é de colher entre 450 e 500 mil toneladas. “As adversidades meteorológicas influenciaram no tamanho e na coloração do fruto. Faltou chuva em dezembro e frio no inverno”, explica.

Segundo Boeno, o cenário será decisivo para a retomada dos preços. “Esperamos um aumento de 30%. Estimamos uma média de R$ 1,30 por quilo. Na safra passada, variou entre R$ 0,75 e R$ 1”, compara.

Adversidades meteorológcas e a ausência de abelhas dificultam a produção no pomar dos Bozzetti. Cultivo na propriedade iniciou faz 40 anos

Adversidades meteorológcas e a ausência de abelhas dificultam a produção no pomar dos Bozzetti. Cultivo na propriedade iniciou faz 40 anos

As exportações devem contribuir para uma maior valorização da fruta. Atualmente, 10% da safra é destinada a mercados do exterior. Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), em 2017, chegaram a 34,4 milhões de quilos e geraram receita de US$ 27,3 milhões. Os principais compradores são Bangladesch, Irlanda, França, Rússia e Emirados Árabes Unidos. Na projeção da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), o RS deve exportar até 40 milhões de quilos em 2018.

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