Sem justificativa à violência

Editorial

Sem justificativa à violência

O assassinato da vereadora carioca, Marielle Franco, expõe fraquezas e reações sem precedentes. De um lado quem tenta minimizar o episódio, e do outro, os que alertam para uma forte inversão de valores em curso no país. O fato de se…

O assassinato da vereadora carioca, Marielle Franco, expõe fraquezas e reações sem precedentes. De um lado quem tenta minimizar o episódio, e do outro, os que alertam para uma forte inversão de valores em curso no país.
O fato de se tratar de uma ativista ligada a um partido de esquerda, não significa que deva merecer mais ou menos notoriedade. Momentos como estes devem servir para uma reflexão profunda.
Misturar, confundir ou estabelecer peso comparativo entre o crime contra a ativista com a violência ligada ao tráfico de drogas que vitimou centenas de policiais no Rio de Janeiro, é equivocado e inútil para o alcance de soluções.
Tanto a morte da vereadora quanto a de um servidor público no exercício diário da sua profissão exigem solidariedade, preocupação e, acima de tudo, discernimento para o desafio que cerca a sociedade. Ao governo cabem ações concretas para enfrentar esta saga de violência.
Sobre o homicídio de Marielle Franco e do motorista, Anderson Pedro Gomes, pairam suspeitas. Resta a necessidade das forças policiais fazerem uma investigação rápida e exemplar, para que não haja dúvidas sobre os autores e os motivos do crime.
O fenômeno divisório que se estabeleceu no país beira a cegueira. Para alguns, defender os direitos humanos virou sinônimo de defender bandidos. O extremismo se acentua à medida que a intolerância cresce, insuflada pelo ódio e pela ignorância. Não raras vezes, o censo comum vem imbuído de manipulações orquestradas por quem obtém vantagem com a desordem e a baderna.
Com a sociedade acuada, há vertentes que culpam defensores dos direitos humanos pelo avanço da criminalidade. A interpretação limitada ignora que as leis são para todos, e sequer considera os avanços ainda necessários para florescer uma democracia madura, saudável e perene.
Independente de raça, cor, sexo ou religião, os direitos humanos servem para proteger o cidadão, garantindo-lhe acesso à educação, saúde, moradia e ao preceito da ampla defesa.
Um Estado violento não inspira a cultura da paz, e em nada contribui à evolução da sociedade. A história nos mostra em diferentes países que violência gera mais violência. No pano de fundo desta mazela está a desigualdade e a corrupção, entranhadas na cultura nacional desde o Brasil Colônia.
É raso demais pensar que basta olhar para os fatos e emitir juízo de valor. A sabedoria e a evolução de uma sociedade estão na sua capacidade de compreender de como e do por que das coisas. Não é matando gente que se chegará a soluções melhores.

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