Jovem denuncia assédio sexual

ARROIO DO MEIO - ASSÉDIO NO TRABALHO

Jovem denuncia assédio sexual

A oportunidade de um trabalho com carteira assinada se transformou em um trauma. Em pouco mais de um mês, Daiana Vitória, 19, teria sofrido uma série de propostas de sexo para continuar no emprego. Atônita com o comportamento do patrão, foi à Polícia Civil e às redes sociais para falar sobre o caso

Jovem denuncia assédio sexual
Arroio do Meio

Ao ver o anúncio para vaga de babá, no sábado, dia 10, Daiana Vitória Lofck, 19, resolveu quebrar o silêncio. Para evitar que outras mulheres passassem pelo trauma de serem assediadas, a jovem contou com detalhes os episódios em que o cabeleireiro teria tentado induzi-la a fazer sexo em troca da carteira assinada.

Ele teria dito a jovem, durante entrevista de emprego no dia 9 de janeiro, que ela poderia se vestir a vontade para o trabalho de babá e serviços gerais. Inclusive enfatizou que o uso de short estava permitido. Ao fim da conversa, o homem disse para Daiana que poderia começar o trabalho no dia seguinte, porém, que ficaria com 90 dias de contrato de experiência.

No calor de janeiro, no terceiro dia de trabalho, Daiana decidiu vestir um short. Nesse momento, teriam iniciado os assédios.

“A esposa dele levou a filha de um ano e meio, ao médico e a outra foi junto. Acabei ficando sozinha com ele no salão de beleza”, relata.

Segundo ela, o cabeleireiro falou que o namorado dela tinha muita sorte. Afirmando que ela era muito “bonitinha e gostosinha” e que ele sabia diferenciar “sexo de casamento”. Em seguida, Daiana negou a investida e afirmou que não teria relações sexuais com ele.

Depois deste dia, de acordo com a jovem, foram diversas as ocasiões que teria sido assediada, oferecendo sexo em troca do emprego.

“Eu disse muitas vezes que não faria nada e nem trairia meu namorado. Ele complementou dizendo que então não poderia me contratar pois ele era casado e eu namorava, e ele não iria aguentar. Eu saí pela porta e comecei a chorar, cheguei em casa e conversei com a minha mãe, que pediu para que eu permanecesse mais uns dias no emprego pra ver se ele insistiria.”

Aflita e perturbada com a situação, Daiana procurou a mulher do cabeleireiro e contou sobre todos os assédios que vinha sofrendo desde quando havia começado a trabalhar para a família.

“Deixei claro para ela o quanto eu a admirava. Ela pediu desculpas pelo ocorrido. Na manhã do dia 22 de fevereiro, fui até a Polícia Civil e registrei os assédios. No dia seguinte, saí do emprego.”

Daiana relata que no último dia de trabalho, a mulher do cabeleireiro cobrou o marido sobre os fatos. A resposta dele surpreendeu. Teria dito não se preocupar com a repercussão caso os assédios se tornassem públicos. Ele teria afirmado que “não se importaria de dar cesta básica para pobres ou cortar cabelos de graças. Que teria se envolvido nessa história por uma jovenzinha gostosa”.

Ontem à tarde, Daiana conversou com a advogada e depois atendeu a reportagem do A Hora em casa. “mesmo depois de eu ter registrado na Polícia Civil, ele afirmou à esposa que se o caso tomasse repercussão, não se arrependeria do que fez e que não se importaria de pagar cesta básica para pobres ou de cortar cabelos de graça. O pior de tudo é que não foi a primeira vez que ele assediou alguém.”

Ontem à tarde, Daiana conversou com a advogada e depois atendeu a reportagem do A Hora em casa. “mesmo depois de eu ter registrado na Polícia Civil, ele afirmou à esposa que se o caso tomasse repercussão, não se arrependeria do que fez e que não se importaria de pagar cesta básica para pobres ou de cortar cabelos de graça. O pior de tudo é que não foi a primeira vez que ele assediou alguém.”

Suspeito se cala

Sentado em uma cadeira, com as pernas em cima de outra, o cabeleireiro folheava o jornal em seu salão de beleza, na tarde de ontem, quando disse que não falaria sobre o caso à reportagem do A Hora.

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Embaraço na PC

Daiana ainda relatou que ao fazer o registro do caso na Polícia Civil, no dia 22 de fevereiro, o comissário que fazia o boletim teria lhe dito que “realmente era muito bonita e que ele teria feito a mesma coisa.

“Realmente afirmei que ela era bonita. Mas isso não é assédio. Assediar é perturbar e insistir. Ela estava muito nervosa no dia em que fez o registro e deve ter confundido as coisas”, disse o comissário Paulo Reckziegel, 57.

O que diz a família

Após ouvir o relato da filha em casa, Irio Lofcke, 65, foi tirar a limpo a história com o cabeleireiro assediador em seu salão de beleza.

“Estava atravessando a rua, chegando em seu salão de beleza, quando lembrei das filhas dele, que estavam dentro do estabelecimento. Desisti. Decidi dar o respeito o qual ele não teve com minha Daiana. O que este homem tem não é doença. É sem-vergonhisse”, desabafou o pai.

Por orientação da advogada da família, o cabeleireiro poderá responder por assédio sexual e também por danos trabalhistas, no prazo de seis meses, que corre até julho, desde o registro feito na Polícia Civil.

“Eu não fui a primeira, e se não tomasse uma atitude, provavelmente não seria a última”, finalizou.

Surpresa

“Sempre achei ele um cara delicado e apegado à família. Quem o vê na rua, jamais diria que ele se envolveria numa situação destas”, contou o motorista José Corbelini.

Para a empresária Solange Korb, 39, o cabeleireiro passava uma impressão de pai de duas filhas responsável e comprometido com a família.

“Tinha uma imagem de anos dele. Fiquei muito surpresa”, disse.”

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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