Ministério das dúvidas

Editorial

Ministério das dúvidas

A criação do Ministério da Segurança Pública foi alardeada pelo governo federal como imprescindível, fundamental e sem custos. Antes da nomeação de Raul Jungemann, porta-vozes da presidência afirmavam que não seriam criados cargos e que poucos recursos seriam necessários para…

A criação do Ministério da Segurança Pública foi alardeada pelo governo federal como imprescindível, fundamental e sem custos. Antes da nomeação de Raul Jungemann, porta-vozes da presidência afirmavam que não seriam criados cargos e que poucos recursos seriam necessários para fazer a nova máquina funcionar.
Para surpresa da nação, a câmara aprovou nesta semana repasse de R$ 230 milhões para a repartição. O setor desmembrou atribuições do Ministério da Justiça, dividindo as categorias da Polícia Federal.
A medida vem em um momento inoportuno. Frente ao contexto de crise política, econômica e na segurança pública, a atitude do presidente Michel Temer foi determinada sem uma discussão profunda entre o quadro de servidores da segurança. Isso dá margem à interpretação de que a criação foi meramente um ato político para melhorar a imagem do presidente.
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Uma medida de afogadilho, para aproveitar a intervenção federal no Rio de Janeiro. O ministério nasce em meio a dúvidas. Faltam informações sobre como será a atuação das polícias com essa nova diretriz. Falta um plano nacional. Segurança pública também tem que ser uma política de fronteira, que traga a integração entre a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal, com os estados e com as outras corporações, para que haja uma operacionalidade e serviços de inteligência coesos.
Importante ressaltar que os integrantes da PF criticam a medida. Conforme a Associação Nacional dos Delegados da PF, a vinculação ao Ministério da Segurança pode ser prejudicial, pelo fato de o órgão estar ligado à Justiça criminal. A principal vocação é investigar crimes, sobretudo aqueles que envolvem o poder político e econômico.
Em meio a esse debate, o comando da PF foi modificado no fim de fevereiro. No primeiro ato do novo responsável, houve uma dança das cadeiras na diretoria da corporação. Rogério Gallouro assumiu no lugar de Fernando Segovia, que ficou menos de cinco meses na função.
Difícil afirmar que essas trocas tragam prejuízos às investigações de corrupção. Mais uma vez, deixam margem à interpretação. Importante para o país é que a PF mantenha independência e autonomia para fazer o seu trabalho.

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