Um processo às claras

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um processo às claras

O governo de Lajeado agiu bem ao recuar na proposta de extinguir, de supetão, a lei de iniciativa popular que proíbe a abertura do comércio geral aos domingos. É um recuo estratégico, e uma escusa diante do erro vital de pedir urgência na votação. O resultado disso tudo é mais tempo para o debate, mas também para discursos ufanistas, infelizmente. Espero, apenas, que tudo ocorra às claras.
Estava tudo muito estranho. Embora discutida dentro do Conselho Municipal de Desenvolvimento, a matéria pegou, sim, de surpresa a imensa maioria dos comerciários lajeadenses. E o sindicato, relapso na hora de participar das reuniões de tal conselho, tem muita culpa nisso tudo.
Aliás, é muito para tirar o direito de os sindicatos participarem das negociações entre funcionários e patrões – em casos de abertura do comércio geral aos domingos – que tal proposta vem causando tanto fuzuê.

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(SEM LEGENDA)


Pois bem. Alheio à culpa de terceiros no processo de informar a classe, o governo também pecou. Deveria, de antemão, ter convocado uma grande e polvorosa audiência pública. “Não daria em nada”, dizem alguns. Não sei. Mas é assim que se faz boa política quando há um grande número de impactados. E não de cima para baixo. De supetão. Dentro dos gabinetes. Singularmente por estar diante de um projeto de iniciativa popular, ora!
E eu não estou pedindo uma audiência deliberativa!
Diante dessa afobação, e logo após retirar o projeto da pauta de votação, o sentimento entre os vereadores da base do governo era de derrota. Nos bastidores, a derrota em um possível pleito era dada como certa. “Iríamos perder”, sussurrou-me Mozart Lopes, do PP. Com isso, tal projeto só poderia ser reenviado – nos mesmos moldes – em 2019. Tarde para quem tem pressa.
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E o mais interessante é que tal derrota não necessariamente estaria correlacionada ao conteúdo da matéria debatida no plenário. Os vereadores, uns com razão e outros não, queriam mais tempo para discutir. Muitos estão de fato em cima do muro. Afinal, há um “ar de injustiça” no ambiente político e social. De melancolia. De terra arrasada. É exagero, claro.
Dessa forma, uma derrota no plenário seria mais constrangedora. Desnudaria a falta do velho e bom “jogo de cintura”. Afinal, o projeto não é lá um “bicho de sete cabeças”. Pelo contrário. Já vivemos em uma sociedade onde alguns vendedores de carne, de pão, biscoitos, frutas e verduras, aves e ovos, de produtos farmacêuticos, flores e coroas, combustíveis já trabalham aos domingos. Onde mercados abrem nesse dia sagrado. E quem aqui nunca precisou deles em um domingo?
Enfim. A derrota veio. Não no plenário. Mas nos bastidores. Tomara que sirva como lição. Erros semelhantes ocorreram no projeto de reestruturação do modelo de educação, com o fim do programa de creches durante os 12 meses, e outros pormenores. É do jogo, errar.
O projeto deve ser aprovado nas próximas semanas. Eu só espero que essa futura consonância entre integrantes do Executivo e Legislativo seja legítima e transparente. O projeto é importante para a cidade e tudo precisa, desde já, ocorrer às claras. Com respeito máximo ao trabalhador, e com mais opções para os empreendedores. Que assim seja!


Grêmio bi-campeão

Nunca escondi de ninguém o meu fanatismo pelo Grêmio. Na quarta-feira da semana passada, durante a decisão da Recopa contra o Independiente, da Argentina, eu já havia finalizado a coluna do dia seguinte e não foi possível cumprir um pedido encabeçado por um gremista leitor deste espaço, e corroborado por outros tantos tricolores que estavam no mesmo bar: eles pediram para eu falar de Jael, o “Cruel”. Pois bem, falei.


Emendas em Encantado

O vereador Diego Preto, do PP, quer mudar a forma de implantar e selecionar as chamadas emendas parlamentares impositivas no município de Encantado. Inicialmente, a proposta de repassar às comunidades cerca de R$ 50 mil por ano seria intermediada e indicada pelos vereadores. Agora, o parlamentar sugere que tais recursos sejam definidos pelas próprias comunidades. Ficou melhor!


Tiro curto

– Hoje iniciam as obras de melhoria em uma alça lateral da BR-386, próxima ao posto da Polícia Rodoviária Federal, na saída do bairro Imigrantes;
– Já nos próximos dias, o governo de Lajeado realiza novo encontro com a direção da EGR para tratar de uma nova passagem entre os bairros Moinhos, Montanha e Moinhos D´Água, no trevo da empresa BRF;
– Em Teutônia, especula-se uma possível ida do ex-prefeito, Renato Altmann, para o PMDB. Hoje ele está sem partido, mas sempre teve ligação com o PP;
– Índices do IBGE revelam que a renda domiciliar per capita no Brasil ficou em R$ 1.268 em 2017. No RS, é de R$ 1.635;
– O Executivo de Arroio do Meio cobra do governo estadual e do Daer a recontratação da empresa STE Engenharia para, enfim, concluir o asfaltamento da ERS-482;
– Em Estrela, a primeira-dama, Carine Schwingel, será homenageada com a Comenda Maria Ilse Hart. A sugestão partiu da vereadora do PMDB, Débora Regina Martins. Parlamentares de oposição foram contrários à proposta. Enxergam, nela, um jogo político. Eu, apesar de não contestar o mérito de tal distinção, sou contra qualquer prêmio entregue pelos legisladores.

Boa quinta-feira a todos!

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.”
Friedrich Nietzsche

 

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