Muito se fala do vazio interior que sentimos e do quanto é difícil compreendê-lo, mas hoje não quero falar sobre ele, mas sim sobre pessoas vazias, considerando que não sei ao certo se falarei a respeito ou se farei um desabafo.
Estou mesmo assustada com a quantidade de gente oca que anda circulando por aí. Sim oca. Sem nada do lado de dentro. Sem opinião, sem graça, sem sonhos. Sem melodia, sem poesia, sem noção de estética moral. Não são necessariamente pessoas ruins, simplesmente são gente que chamarei de gente de estereótipo Sem.
Assustador é que praticamente tudo que desperta o interesse dos Sem está do lado de fora ou na parte sólida (ou líquida?) das pessoas. Mas insisto em afirmar que não são necessariamente pessoas ruins, apenas vazias. Suas conversas não tem sal, tão pouco açúcar. Mas verdade seja dita, até um ser do tipo Sem acaba cumprindo uma missão importante: despertar-nos o interesse por um tipo cada vez mais raro de gente, o tipo Com.
Os indivíduos do tipo Com são mais difíceis de encontrar a esmo por aí. Então, se quiser achar um deles, deve mesmo prestar muita atenção. Em geral podemos dizer que achamos um tipo Com quando nos depararmos com alguém com vontade própria, com sonhos e expectativas transbordadas em calorosas ou chorosas conversas, que podem acontecer em botequins, cafeterias, praças ou qualquer outro lugar comum, incluindo escadarias, filas de supermercado ou mesmo reuniões de pais e mestres.
Os Com nem sempre são alegres, mas sempre, invariavelmente, são cheios de vivências, de leitura, de amores, de vontades, de saudades, de emoções, de bom ou mau humor, de defeitos e repletos de vazio interior. Sim, porque até para ter um vazio interior é preciso estar cheio de alma. Não é coisa pra qualquer um não!
Sabe, mas indiferente de conviver com gente tipo Sem ou tipo Com, duro mesmo é conviver com gente sem caráter e com maldade e nesse caso, fica complexo, porque podemos estar na presença de um Com, sem ou com caráter. Ou então, com alguém Sem, com ou sem caráter.
Achou confuso? Sério? Em tempos em que tanto se discute identidade de gênero, sexo e outras formas de classificação humana, me pergunto se não seria mais produtivo ao preenchermos nossos cadastros informarmos se somos do tipo Com ou Sem?
