Pensamentos e voos

Opinião

Raquel Winter

Raquel Winter

Professora e consultora executiva

Pensamentos e voos

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Eu estava deitada no sofá da varanda aconchegada em uma manta que me protegia do frio. Estava escurecendo e um vento geladinho soprava fazendo as folhas secas rolarem pelas pedras do chão. Permaneci apreciando aquele silêncio calmo, aquela beleza mansa.
Então surge voando e pousa bem pertinho de mim, ao lado da roseira de flores brancas, um bem-te-vi. Passarinho amarelo e faceiro. Ele dava alguns pulinhos de um lado para o outro. Fiquei observando. Então ele saltou para cima de um vaso e depois se arremessou e voou. Acompanhei-o em seu voo até onde minha vista alcançou.
Senti uma vontade imensa de voar também. Lembrei que quando eu era criança sempre fantasiei poder voar como um pássaro. Para onde será que eles voam? Talvez para outras varandas. Quem sabe voltam para seus ninhos ou então aventuram-se pela imensidão de um céu que não impõe limites…
Não sei ao certo, mas há uma questão em particular que sempre me intrigou: o que acontece com os passarinhos se estiverem voando alto, sentirem-se cansados e não encontrarem um local seguro para pousar? Dizem que há pássaros que voam milhares de quilômetros sem parar. Incrível! Tão frágeis, tão vulneráveis, mas, ainda assim, capazes de fazer algo que jamais poderíamos imaginar. Cada ser com a sua natureza.
Então me ocorreu que esses últimos questionamentos se encaixam perfeitamente com as angústias que por vezes as mães e pais sentem em relação ao futuro dos seus passarinhos, digo, filhos. É preciso compreender que nos cabe ensiná-los a voar alto, com senso de direção, mas também com o espírito livre.
Nos cabe demonstrar que todos temos fragilidades, que estamos vulneráveis, mas que, ainda assim, possuímos habilidades, capacidades que são únicas, são da nossa natureza. Ajudá-los na identificação dessas capacidades será fundamental para que no futuro seus voos sejam mais seguros, para que possam explorar a imensidão do céu, mas para que igualmente saibam que haverá situações em que o melhor voo será aquele que os traga outra vez para o ninho.
Foi curioso. Quando acabei de pensar sobre isso, o (ou outro) bem-te-vi estava outra vez ao meu lado.

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