Tic tac. Bate o martelo, presidente

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Tic tac. Bate o martelo, presidente

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Duas semanas restam para o presidente da câmara de Lajeado, Waldir Blau, destravar os nós burocráticos e conseguir “bater o martelo” sobre a nova sede do Legislativo. Passamos o ano falando – e ouvindo – sobre o assunto. Aqui no A Hora, segundo me informa o editor Filipe Faleiro, foram pelo menos 14 reportagens sobre o tema desde outubro, sem contar artigos de opinião. Por supuesto, aqui vai mais um.
A razão para essa visibilidade e discussão toda é muito simples – e necessária: trata-se de um par de milhões de dinheiro público projetado para uma necessidade questionável. O assunto está enjoado. E o pior: o interesse coletivo está sendo preterido por vaidades, oportunismo financeiro e manobras políticas.
Blau quer e faz de tudo para decidir o assunto nos próximos 11 dias que lhe restam como presidente. Assumiu o cargo em janeiro passado com a meta principal de definir uma nova sede para o Legislativo. A falta de unidade em torno do assunto e a recente intervenção judicial indicam que a “novela” que dura faz pelo menos dez anos não terminará em 2017. E nem deve.
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Os motivos se apresentam óbvios: a sociedade já deu repetidos sinais de que não quer tamanho investimento para abrigar vereadores e assessores. As mazelas dos lajeadenses são muitas, sobremaneira nas áreas mais básicas, como saúde, educação e infraestrutura urbana.
Além disso, ergue-se um questionamento plausível quanto ao hiato no valor de R$ 3,4 milhões pedido pelos donos do Genes e o R$ 1,6 milhão avaliado pela prefeitura.
O desgaste decorrente do assunto, em pauta faz década, é imaginável. Ainda assim, inexiste maturidade política, econômica e social para decidir investir esse dinheiro todo na nova sede do Legislativo. Ao que parece, estão tentando – os contrários à decisão – “matar” o presidente no cansaço. Diante de tamanha falta de unidade e rejeição comunitária, não existe outra medida ao vereador Waldir Blau senão “bater o martelo” e dizer que não é hora de decidir o assunto.
EM TEMPO. Sobre o atual presidente da câmara, convém invulgar o trabalho desenvolvido com entidades da cidade. Ao longo do ano, promoveu dezenas de reuniões entre vereadores, líderes de comunidades, sindicatos, associações e representantes do Executivo. Aproximou o Legislativo de debates relevantes, dando luz sobre temas que merecem a intervenção e participação dos representantes do cidadão. Que o próximo presidente, Ederson Sphor, tenha sensibilidade e continue com o trabalho.


Flores com palmeiras

Santa Clara do Sul decidiu deixar mais bonita a entrada da cidade. Além de construir, por conta própria, a calçada na beira da ERS-413, o governo protagoniza o plantio de palmeiras em toda a extensão da via. Uma vez crescidas, as palmeiras darão característica singular. Se combinadas com as flores, símbolos da cidade, o embelezamento será maior ainda. Simples, mas bela iniciativa.


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Uma viatura para duas cidades

Seria cômica se não fosse trágica a situação da Brigada Militar em Bom Retiro do Sul e Fazenda Vilanova. Moradores inconformados com uma única viatura disponível para atender as duas cidades fecharam a BR-386 ontem de manhã. O estopim foi a série de assaltos na semana passada.
Ladrões atacaram um posto de combustíveis em Fazenda Vilanova. Enquanto moradores e proprietários chamavam a BM, os bandidos foram para Bom Retiro do Sul assaltar outro posto. Ou seja, enquanto policiais saíam de Bom Retiro do Sul para atender o chamado na cidade vizinha, bandidos fizeram o caminho inverso.
Criminosos percebem cada vez mais a vulnerabilidade e a desproteção nas cidades menores. É assustador o aumento dos índices de violência sem que haja uma resposta à altura do governo estadual. Em Fazenda Vilanova, a saída encontrada pelos cidadãos foi bloquear a rodovia para chamar a atenção das autoridades estaduais.


Quando muito é pouco

Quatorze é o número de pré-candidatos que já se apresentam para as eleições estadual e federal do próximo ano. Será um “deus nos acuda”, com chance quase nula para todos. Começa e termina eleição, e não aprendemos. Partidos e políticos insistem em usar as eleições estaduais para trampolim e projetar candidatos para a corrida municipal. O contrário daquilo que deveria ser.
Mais uma vez, o interesse e a relevância regional em aumentar a representatividade política vai ladeira abaixo. Uma das maiores carências do Vale do Taquari reside justamente na fraca articulação política e na incapacidade de fortalecer suas bandeiras a partir da influência nos órgãos de poder.
A lista de 14 pode aumentar ainda mais, conforme preveem os próprios partidos. O número de postulantes já é maior do que foi na eleição de 2014, quando 12 concorreram a um cargo à Assembleia Legislativa. Apenas Enio Bacci (PDT), com 37,1 mil votos se elegeu.
Aliás, uma das provocações do anuário Tudo a ser publicado na próxima semana, dia 30, é justamente essa falta de unidade política regional. Enquanto a diversidade econômica e as diferentes culturas e tradições favorecem a pluralidade, a região ainda busca maior sinergia e conexão entre si. O aumento da força política passa, sobremaneira, por estratégias coletivas capazes de conectar entidades, partidos e sociedade.


Até que enfim

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(SEM LEGENDA)


Faltará espaço na foto da inauguração da ponte sobre o Arroio Saraquá em São Bento. Vai chover padrinhos, que ao longo dos últimos dez anos tentaram – ou falam que tentaram – concretizar a duplicação.
A previsão do Daer e do governo de Lajeado é inaugurar a obra amanhã. Para ser bem sincero, uma obra dessas, cuja demora retrata a incompetência e a morosidade do serviço público, nem deveria ser inaugurada. Abre e pronto. Mas, como estamos em vésperas de eleições e o oportunismo político sempre fala mais alto, ponte será transformada num grande palanque eleitoral.

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