Rede une esforços para reduzir o consumo de álcool

Lajeado - VIDA + VIVA SEM ÁLCOOL

Rede une esforços para reduzir o consumo de álcool

Seminário terá palestra de Diza Gonzaga, criadora do Vida Urgente

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Rede une esforços para reduzir o consumo de álcool
Lajeado
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O consumo de álcool entre jovens e adolescentes mobiliza profissionais da região para o 3º Seminário Vida + Viva sem Álcool. Realizado entre amanhã e sexta-feira, na Univates, reunirá mais de 1,1 mil agentes sociais para debater os perigos do uso precoce do álcool.

“O seminário é um local para a troca de conhecimento. Queremos que o maior número de pessoas, em especial educadores, participem para poder levar essas ideias adiante, e contribuir na melhora”, aponta o coordenador do programa Vida + Viva sem Álcool, promotor Neidemar Fachinetto.

O objetivo é promover ações de impacto na sociedade, a fim de modificar uma cultura que se perpetua de geração em geração. “Sabemos que isso não se resolve só com palestras. Precisamos de uma abordagem adequada, através dos formadores de opinião, para que crianças e adolescentes percebam os reais malefícios.”

O resultado esperado desse trabalho é a postergação do consumo de bebida alcoólica. Hoje, no RS, aos 12 anos as crianças já tomam as primeiras doses. O que gera problemas para a vida inteira, afetando a vida pessoal e profissional. “Os danos decorrentes disso são inúmeros. Precisamos fazer um contraponto a essa cultura da tolerância, em que cumprir leis e regras é motivo de vergonha.”

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Aos formadores de opinião

A abertura do evento ocorre no auditório do prédio 7 da Univates, amanhã, às 19h, com a Invasão Poética – Programa Veredas da Linguagem da Univates. Depois segue com a palestra “Álcool: impactos sociais e o aumento da violência no trânsito”, de Diza Gonzaga.

Presidente do Vida Urgente, ela será a atração principal do evento e falará sobre a própria experiência de vida. Há 22 anos, Diza perdeu o filho Thiago de Moraes Gonzaga num acidente de trânsito suscitado pelo uso de álcool.

À época com 18 anos, o rapaz voltava de uma festa, na madrugada do dia 20 de maio de 1995, quando o carro onde estava se chocou contra um contêiner, em Porto Alegre. O sofrimento da perda suscitou em mobilização. Naquele ano, ela e o marido decidiram realizar ações para prevenir acidentes como o do filho.

Desde então, o projeto gera resultados na capital, apontados inclusive pelo Ministério da Saúde. “ O álcool é realmente um dos grandes vilões do trânsito. Cerca de 70% dos acidentes com morte ou lesão grave têm alcoolemia positiva. Precisamos melhorar isso”, aponta Diza. Ela quer desmistificar a “cultura do herói”.

Minipalestras

Para os agentes sociais, o evento segue na sexta-feira, também no prédio 7, com três painéis.

Cada um será focado em diferentes áreas que trabalham na resolução desse dilema. Podem participar desde professores a assistentes sociais, médicos, advogados. O intuito é que eles repassem os conhecimentos obtidos aos adolescentes, e propaguem a cultura da felicidade sem bebida.

Os interessados em participar podem se inscrever, de modo gratuito, no site da Univates. Todos inscritos receberão certificado. Para acadêmicos serve como hora curricular, e graduados como formação continuada.

O seminário é uma realização do Programa Vida + Viva, Alsepro e Univates. O apoio é da 3ª CRE, Comem, Governo de Lajeado, promotorias de Justiça de Lajeado, Teatro Univates, além de 12 empresas. Mais informações da programação podem ser obtidas no site da Univates.

Entrevista

“O trabalho de educação precisa ser permanente”

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A Hora – Segundo a OMS, o álcool é a maior causa de morte de jovens brasileiros, entre 15 e 19 anos. Conforme relatório de 2016, mais da metade dos alunos do 9º ano havia provado bebida alcoólica. Qual a causa dessa cultura do alcoolismo?

Diza Gonzaga – Pra cada uma das propagandas falando dos perigos de misturar álcool com direção, tem 50 de cerveja, mostrando pessoas alegres, felizes, divertidas. Nunca mostram pessoas embrigadas, caídas na calçada, como a gente vê muitas vezes. As meninas que chegam lindas, e no fim estão descabeladas, com a maquiagem borrada e os meninos todos desgrenhados. Se criou um mito de que não existe festa sem bebida. Há um culto à bebida, como se só ela nos deixasse felizes. É uma cultura do herói, em que beber é sinônimo de afirmação, para perder a timidez. Poucos bebem porque são alcoólatras.

Como o jovem gaúcho se relaciona com o álcool?

Diza – O RS é o estado brasileiro onde se inicia o consumo de álcool mais cedo, aos 12 anos, isso conforme o Ministério da Saúde. Mas tem um dado positivo. Na capital gaúcha, a mistura de bebida e direção, quando se chega aos 18 anos, é a menor do Brasil. No relato, o ministério aponta que provavelmente o trabalho do Vida Urgente é o responsável por esse índice. São evidências de que o nosso trabalho teve resultados. Sabemos que está no caminho certo. Porque, além da fiscalização, a educação precisa ocorrer.

De que forma o Vida Urgente atingiu esses resultados?

Diza – Atuamos em todos os municípios gaúchos, e cidades de outros estados, com dezenas de ações. Antes da Lei Seca, nós já estávamos com o bafômetro na saída de festas, bares, falando se beber não dirija, pegue carona com alguém de cara limpa. Levamos os jovens até em casa, com nosso busum.

Além das ações pontuais, o que mais precisa ser feito para mudar essa cultura?

Diza – O trabalho de educação precisa ser permanente. Informar que existe a lei, ou tem a blitze, não é educar. Isso deve ser implementado desde a Educação Infantil até universidade. Pais, comunidade, professores: todos precisam se envolver. Enquanto o poder público precisa desenvolver ações contínuas, não só nas semanas nacionais de trânsito. A multa é punitiva, mas não vai mudar a educação desse jovem.

Ele precisa entender, desde cedo, o quanto isso é prejudicial. Engana-se quem pensa que as pessoas começam a dirigir aos 18, quando tiram a carteira. Desde os 2 anos de idade, sentado no banco de trás, por vezes sem cinto, sem a cadeirinha, as crianças já percebem como seus pais se portam. Um exemplo vale mais do que mil palavras.


 

Painel Educação
Às 10h10min dessa sexta ocorre o painel Educação, com a gerente do SEE/RS da Cipave, Luciane Manfro; promotora de Justiça de POA, Inglacir Dornelles Clós Delavedova; e a coordenadora pedagógica do Colégio Monteiro Lobato, Kátia Beppler Macagnan.

Painel Saúde
Inicia às 13h30min com a neuropediatra Cristiano Firpo Freire. Os psiquiatras Fábio Vitoria e Maria Rosa Iorra Camargo falam sobre os aspectos clínicos do atendimento ao alcoolismo, e a ginecologista Letícia Leite trata do viver bem na escola.

Justiça e segurança
Às 15h30min, painel sobre justiça e segurança pública. Com o secretário de Segurança de Caxias do Sul, José Francisco Mallmann; a promotora Ivana Kist Huppes Ferrazzo e a assistente social Josiane Pezzi.

Ação para os estudantes
Adolescentes, alunos do 8º, 9º ano e Ensino Médio, são convidados a assistir, às 8h30min, de sexta-feira, o Exército dos Sonhos. A peça teatral do projeto Vida Urgente será apresentada no Teatro Univates. Escolas interessadas devem enviar uma lista com os nomes para: contato@vidamaisviva.org.br.

Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br

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