Subindo a Júlio, descendo a Benjamin

Opinião

Ney Arruda Filho

Ney Arruda Filho

Advogado

Coluna com foco na essência humana, tratando de temas desafiadores, aliada à visão jurídica

Subindo a Júlio, descendo a Benjamin

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Seguindo o ritual das quintas-feiras, lendo a crônica do colega Rodrigo Martini a respeito do nosso vizinho Uruguai e da sua capital Montevidéu, voltei meu olhar pra nossa Lajeado. Além de toda a reflexão que o texto causa, nos últimos meses, por uma situação de doença na família, tenho sido frequentador assíduo do Hospital Bruno Born. Várias vezes do dia e da noite, subo a Júlio e desço a Benjamin e vive-versa. Mas o que isso tem a ver com Montevidéu?
Bem, tem tudo a ver, pois meu colega articulista se declara um defensor ferrenho da causa pela preservação dos nossos espaços e prédios públicos, como também da valorização do nosso Rio Taquari. E a Montevidéu por ele exaltada tem características outras que a tornam tão simpática e aprazível, características que Lajeado já teve e que foi perdendo com o tempo e especialmente com falta de uma gestão consciente do Plano Diretor.
Em Montevidéu se passeia pelo centro histórico durante o dia e se toma café nas mesas instaladas nas amplas calçadas. Se almoça sob guarda-sóis, em restaurantes instalados em antigos casarões, num frenético e agradável vai e vem de tipos pitorescos.
À noite, se pode caminhar de forma segura pelas mesmas ruas onde se andou com a luz do dia. Se pode jantar naquele ou em outros restaurantes, tomar uma cerveja ou um vinho local nos bares, que ficam abertos até certa hora para não perturbar o sossego dos moradores das redondezas. Na “rambla”, longa avenida margeando o Prata, com mais de 20 quilômetros de extensão, não tem tempo ruim.
Da manhã à noite, vemos pessoas correndo, caminhando, andando de bicicleta ou simplesmente mateando ao pôr do sol. Lá encontramos outros bares e restaurantes, voltados para o rio, para todos os gostos e bolsos. Além da qualidade da comida e do atendimento, quando a gente paga com cartão de crédito, tem desconto de 18,5%, correspondente ao imposto local, que não é pago pelo turista.
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Subindo a Júlio, com a luz do dia, vejo o movimento das lojas, dos bancos e das farmácias (ah, as farmácias!). Já à noite, vejo a famosa rua principal abandonada. Na Júlio, não vejo mais a simpatia do João Batista e da Maria, sempre na porta da pizzaria. A pequena sorveteria de máquina também não abre mais à noite. A principal perdeu grande parte da sua vida com o fechamento da pizzaria e de outros locais de convivência. No seu lugar, logo haverá novas lojas, outras farmácias, talvez algum banco, nada que sobreviva ao entardecer.
Descendo a Benjamin, vejo mais carros ainda, prédios de salas comerciais, lojinhas e, pasmem, farmácias! Não vejo mais aquele restaurante, o mesmo que prometia atendimento 24 horas e não aguentou o tirão. Cai a noite e a escuridão traz a sensação de insegurança, de abandono.
Como sempre, o texto ficou longo e nem consegui falar da beira do Taquari. Não vou conseguir compará-lo ao Prata e à rambla que o margeia. Talvez o novo Plano Diretor nos traga algum alento, ajude a devolver a vida ao nosso centro, com menos carros e mais pessoas. Gente e vida a qualquer hora do dia ou da noite.


STJ aprova proposta orçamentária para 2018

Em mais um capítulo do “romance da morte anunciada”, por mim intitulado autonomia orçamentária dos poderes, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou nessa quarta-feira, 16, a proposta orçamentária do tribunal para o exercício financeiro de 2018, com previsão de despesas de R$ 1,5 bilhão!
Ao que consta da notícia, a proposta observou o limite de gastos previsto pela Emenda Constitucional 95/2016, que criou o Novo Regime Fiscal no âmbito da União. “Além da observância ao Novo Regime Fiscal, a proposta também foi elaborada em consonância com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e com o Plano Estratégico do tribunal para o período 2015-2020”, afirmou a presidente do STJ, ministra Laurita Vaz.
Especialmente em virtude da EC 95/2016, que criou limites para as despesas primárias de cada órgão, a proposta foi desenvolvida com base no cenário econômico restritivo para 2018 e, por isso, contemplou recursos mínimos para atividades e projetos em curso no STJ.
O tribunal também implementou medidas de restrição ao pagamento de diárias e passagens para servidores em treinamento, renegociou contratos em curso e realizou ações de racionalização do consumo interno – as medidas devem gerar economia de gastos superior a R$ 2 milhões. Como é fácil gastar o dinheiro dos outros …


Doença ocupacional e sua reparação

Um empregado da empresa calçadista Alpargatas deve receber indenização por danos materiais de R$ 251,4 mil, além de indenização por danos morais de R$ 15 mil. Ele adquiriu a doença de Kienböck, que consiste na deterioração de pequenos ossos da base da mão, por estar submetido a vibrações localizadas na sua atividade de lixar cerca dois mil pares de calçados por dia.
No entendimento da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), ficou provado nexo de causalidade entre a doença e a atividade desenvolvida pelo trabalhador, o que gerou o dever de indenizar por parte da empregadora. As provas do processo evidenciaram, também, que a empregadora nada fez para evitar o agravamento da moléstia, tão logo apareceram os primeiros sintomas.
A decisão mantém sentença da juíza Deise Anne Longo, da 1ª Vara do Trabalho de Bento Gonçalves. Cabe recurso ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

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