Um passo à frente e você está no Uruguai

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um passo à frente e você está no Uruguai

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Tão próximos e tão distantes. Foi essa a minha primeira impressão ao visitar com mais calma a surpreendente Montevidéo, e também a caprichosa Colônia del Sacramento, distante 180 quilômetros da capital uruguaia. A preservação da história e o avanço na questão da maconha são bons exemplos dessas cidades que não estão de costas para o rio.
Eu conhecia pouco de Montevidéo. Fui para lá em fevereiro de 2014 junto de um bando de loucos. Fui de ônibus. Eram pouco mais de 40 alucinados gremistas indo assistir ao primeiro jogo do time naquela Taça Libertadores da América. Foram 15 horas para ir e outras 15 para voltar. Em solo uruguaio, conheci apenas o acanhado estádio próprio do Nacional.
Uma baita indiada. Da qual eu jamais vou me arrepender. Entretanto, e obviamente, foi tempo insuficiente para aprender um pouco mais sobre o Uruguai.
Desta vez, fui acompanhado da minha esposa e do meu filho. Fui comemorar os dois anos de casamento. Sem loucos. Sem Grêmio. E sem cerveja. De olhos abertos e mente sã – além do coração apaixonado – pude perceber melhor o quanto estamos distantes da realidade encarada pelos nossos “hermanos”.
Na semana passada, falei sobre a desgraça despejada sobre nossos prédios históricos locais. Deve ser uma cultura gaúcha. Afinal, Porto Alegre, nossa capital, está com a história caindo aos pedaços também. E vejo pouca ou quase nenhuma preocupação. E logo aqui, em um estado tão fortemente ligado com sua cultura popular. Uma pena.
Já Montevidéo, distante uma hora e 15 de voo de Porto Alegre, é de encher os olhos. O Palácio Salvo. O Teatro Sólis. A Puerta de La Ciudadela. São apenas alguns exemplos que impressionam. Que amoedam a cidade. Todos nos arredores da Plaza Independencia, cujo subterrâneo ainda resguarda e abriga o belo mausoléu do general Gervasio Artigas.
Não há como caminhar entre toda aquela história sem lembrar do centro antigo de Porto Alegre, por exemplo, que ainda resguarda imponentes e históricos prédios, porém, com todo o desleixo característico de quem vê prédio velho como empecilho, e não como a solução para a correta ocupação dos espaços públicos.
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Da mesma forma, é impossível não se impressionar com a naturalidade com a qual os uruguaios parecem lidar com a maconha. Já vendida em farmácias e com insumos e produtos derivados comercializados em pequenas boutiques – ao lado de lojas de roupas, artesanatos, badulaques e sorvetes –, a erva parece ainda mais natural do que de fato é.
Todos ganham. Comerciantes, policiais e sociedade. Trata-se de segurança para todos. É verdade que a concorrência entre o Estado e os traficantes ainda é um problema, pois a venda é monopolizada pelo governo, abrindo margem para o tráfico. Mas a legalização foi um grande passo. “Surrupiou” quase toda a grana dos criminosos. E não trouxe o caos. Pelo contrário. Até porque fuma quem quer, certo!?
Por fim, o antigo paraíso fiscal da América do Sul, que já foi palco de uma grandiosa batalha da Segunda Guerra Mundial entre alemães nazistas e ingleses, está de frente para o Rio de la Plata. E a beleza das “ramblas” que atravessam a orla do maior estuário do mundo é a prova de que nunca, jamais devemos virar de costas para nossos rios.
De volta a Lajeado, Brasil, pretendo levar em conta o pedido de um leitor: não vou desistir de brigar pela preservação dos nossos espaços e prédios públicos. Assim como manterei firme a bandeira pela legalização, e assim como insistirei para valorizarmos ainda mais o nosso Rio Taquari.


“Não vou te dar informação”

O diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) tem todo o direito de não prestar informações a quem o critica. E, de fato, não deu. Pois a Redação ainda aguarda, mais de uma semana depois, os dados precisos sobre os gastos da empresa pública. Afinal, quanto gastam em impostos e quanto gastam com a sede e os funcionários que atuam em Porto Alegre?


Ciclismo aos domingos em Lajeado

Responsável pelo Setor de Projetos Especiais da prefeitura de Lajeado, Isidoro Fornari pretende iniciar reuniões com grupos de ciclistas e equipe do Departamento de Trânsito para desenvolver projetos que potencializem a prática nas áreas mais urbanas. A ideia inicial do governo é fechar algumas ruas aos domingos para liberar todo o trânsito para as bicicletas.


Bons exemplos na segurança

Muitas vezes, percebemos bons projetos indo pelo ralo só em função de uma troca de governo. Na questão da segurança de Lajeado, entretanto, vejo algo quase inédito: a sequência e a qualificação de propostas iniciadas por outros gestores. O exemplo está precisamente na área da segurança.
Nessa, o ex-prefeito, Luís Fernando Schmidt, e o ex-secretário de Segurança, Gerson Teixeira, merecem aplausos. A instalação de câmeras de vigilância deram sequência a um trabalho já iniciado na gestão de Carmen Regina e agora a ação segue de forma qualificada nas mãos de Paulo Locatelli, o novo secretário do setor.


Tiro curto

– Apesar dos esforços dos governos, a insegurança só cresce. E é preciso atentar para as grandes aglomerações. Em especial, as áreas próximas à Univates;
– No dia 24 deste mês, o deputado estadual, Enio Bacci, pretende realizar um expediente sobre os 63 anos da morte de Getúlio Vargas. Quem participa, no plenário, é Ciro Gomes;
– A Clínica Central enfim recebeu alvará municipal para seguir os atendimentos. Mas a dificuldade financeira persiste;
– Um veículo oficial do governo de Relvado foi fotografado em frente ao presídio de Soledade na manhã de ontem. Segundo o motorista, ele foi levar a mulher de um detento para realizar uma visita;
– A decoração de Natal de Lajeado “será em conjunto com entidades e comunidade”, aposta o secretário de Cultura, Carlos Reckziegel. Um grupo de voluntários vem sendo criado. A ideia é não deixar para a última hora;
– O governo de Encantado tem como meta zerar os trechos sem pavimentação. Hoje, algo em torno de 200 mil metros quadrados de vias públicas aguardam calçamentos. A primeira etapa de um trabalho que envolve três frentes pretende solucionar 25% do déficit;
– PMI do aterro de Lajeado: quatro empresas demonstraram interesse em apresentar projetos para a manutenção do aterro sanitário. Essas terão 60 dias para mostrar as propostas. A melhor ideia será objeto de licitação. Por ano, são gastos mais de R$ 2 milhões;
– Rotativo de Lajeado: Sérgio Rambo (PT), Paulo Tóri (PPL) e Waldir Blau (PMDB) vão apresentar emendas ao PL do Executivo que prevê a volta do Aviso de Irregularidade. Já Ildo Salvi (REDE), que apresentou proposta semelhante, pretende realinhar a matéria.

Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.
Albert Schweitzer

 

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