O melancólico fim da história!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O melancólico fim da história!

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Cansei de produzir reportagens sobre a histórica casa localizada às margens do Rio Taquari, e cujo dono mais ilustre desde a construção, em 1922, foi o ex-prefeito de Lajeado, Bruno Born. Acompanho a destruição dessa parte da história do município desde a década passada. Eu desisto. A despreocupação e o desrespeito com as nossas raízes prevaleceram mais uma vez.
Aquela bela residência de 95 anos vai cair logo, logo. Podem apostar. Deve ter integrante da gestão pública torcendo por isso, acredito. A inércia diante do claro e visível problema é a prova do que estou afirmando. Deve, sim, ter muita gente vibrando com o melancólico fim de nossos prédios antigos. Não apenas na prefeitura, claro!
Quando pensei em escrever sobre esse assunto, considerei trazer ao leitor os bons exemplos da Europa. Ah, a Europa. Como é agradável ver toda aquela história preservada, interagindo em harmonia com o moderno e embelezando ainda mais a contemporaneidade das cidades e vilarejos. Talvez por isso custe tão caro viajar por aquelas bandas.
Mas vamos ficar no aconchego do RS. Melhor. Vamos ficar às margens do Rio Taquari, para ficarmos ainda mais doloridos com a situação dramática da antiga residência na rua Osvaldo Aranha, uma das primeiras de Lajeado.
Situada à margem esquerda do Taquari, a pequena cidade de Santa Tereza é um exemplo a ser seguido. Distante pouco mais de 40 quilômetros de Lajeado – em linha reta –, está também muito próxima ao Vale dos Vinhedos. São cerca de 20 quilômetros até Bento Gonçalves, se não me falha a memória.
Faz mais de duas décadas, a administração municipal passou a apostar insistentemente na recuperação dos poucos prédios antigos. Só entre 1996 e 1999, por exemplo, firmou cinco convênios com o Ministério da Cultura para investimentos em compra e restauração de antigas edificações. Uma dessas, utilizada hoje como sede do Executivo.
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Desde o século passado, portanto, moradores e visitantes de Santa Tereza acompanham os restauros na área urbana da cidade, tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2010. O acervo é composto por 25 casas de madeira e de alvenaria construídas nos séculos XIX e XX pelos imigrantes que vieram de diferentes regiões da Itália.
Dá gosto passear por lá. Diferente de Lajeado. Bem diferente de Lajeado.
Por óbvio, já que ainda estamos falando do Brasil, a administração pública daquela cidade andou falhando nos últimos tempos. Mas, quando a comunidade tem um propósito, o governo fica aquém das boas virtudes de uma cidade. Lá, a Associação de Proteção ao Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Turístico do Município de Santa Tereza (Aphat) é outro exemplo.
Em 2010, diante da iminência de perder um dos principais prédios do acervo já tombado – a Casa Ferri –, e diante da inércia de quem deveria estar preocupado, os voluntários buscaram apoio do Ministério Público Federal.
O procurador do MPF foi certeiro ao ingressar com uma ação na Justiça Federal. “A importância da imigração italiana, que contribui para a formação da nação brasileira, não pode ficar reduzida a uma carta de intenções do poder público. O respeito ao patrimônio histórico e cultural de Santa Tereza requer muito mais.”
Nada de TAC. Nada de passar a mão sobre a cabeça de empresários ávidos pelo lucro. Lá, foi ação civil pública na Justiça Federal. Não deu outra. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além da restauração, também elevou a edificação em 90 centímetros para não ser atingida por eventuais cheias do Taquari.
Hoje, a avenida Itália, no centro histórico de Santa Tereza, é uma das mais belas sínteses da arquitetura italiana em todo o Brasil. E a nossa Osvaldo Aranha é a mais dolorosa síntese do descompromisso de uma sociedade com a sua própria história.


Aumento de pedágio é piada!

É uma afronta. A mera possibilidade de aumento nos valores dos pedágios cobrados pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) é uma vergonha. De antemão, deve ser absolutamente rechaçada por todos. É inadmissível pagar mais por um serviço quase inexistente. O governo de Tarso Genro criou a “estatal” e hoje já são 70 funcionários efetivos com salários entre R$ 20 mil e R$ 1,1 mil, além de nove conselheiros com salários de R$ 1,7 mil.


Sem creche 12 meses em Lajeado

Menos de 50% dos pais inscritos para o programa Creche 12 Meses em Lajeado efetivamente levaram os filhos para as creches no período de férias. Diante desses índices, e pela necessidade de um período para reformas e limpezas dos prédios, o Executivo decidiu encerrar com a medida iniciada no governo de Luís Fernando Schmidt. Menos mal – politicamente falando – que esse assunto pouco ou nada foi pautado durante as campanhas.


Boa, Mariela. Muito boa!

Mariela Portz (PSDB), vereadora de Lajeado, faz um importante questionamento em uma das páginas dela no Facebook. Diz ela: “Questão de ética: a população e seus deputados estaduais, prefeitos, vereadores e entidades vão aceitar as verbas de emendas parlamentares que antes ‘não estavam no mapa’ e agora vão surgir a custo da corrupção e compra de votos?”
Uma interessante análise precisa ser feita. Não só a partir da vergonhosa votação na câmara federal, em que Michel Temer, o presidente ilegítimo, usou e abusou do nosso dinheiro para comprar a base aliada com as criminosas emendas. É preciso olhar para o passado. Afinal, a promiscuidade desse uso de recurso do contribuinte para manter curral eleitoral é histórica.


Tiro curto

– Biólogos alertam: canela-tempero é espécie exótica e não é recomendada para a arborização urbana;
– Em Cruzeiro do Sul, tem gente falando que a escolha dos locais para instalação de lixeiras tem como critério o apoio político nas eleições de 2016;
– Vereadores de Lajeado prometem entrar na Justiça contra a concessão da BR-386 e o retorno dos pedágios.
– Em Montenegro, o prefeito que era 100% favorável aos cinco pedágios na BR-386 acaba de ser afastado do cargo pelo Ministério Público do Estado por suposto envolvimento na fraude de processos licitatórios. Entre esses, olha só, capina e varrição. Quem muito quer, por vezes, pouco leva;
– O TCE fixou multa de R$ 700 a João Pedro Nonnenmacher e de R$ 1,2 mil a José Flavio Wilgen, por “inobservância às normas constitucionais e legais reguladoras da gestão administrativa”. O julgamento é referente ao exercício de 2015 dos ex-administradores da Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Sul;
– O acidente com morte de um motociclista na av. Castelo Branco, em Lajeado, confirma um grave problema: a falta de meio-fio em canteiros e até em algumas calçadas, deixando o asfalto no mesmo nível das estruturas. É para ontem uma reforma geral por parte do governo;
– Entre os dias 16 e 20, durante viagem de Marcelo Caumo, Lajeado será governado pela vice-prefeita, Glaucia Schumacher. Será a segunda gestora da história do município, e outra vez do PP;
– No dia 25, a Amvat, sob intermédio do presidente da entidade, o prefeito de Estrela, Rafael Mallmann, programa uma palestra com a participação do secretário estadual de Segurança Pública, Cezar Schirmer. O evento ocorre em Arroio do Meio.
Boa quinta-feira a todos!

O dinheiro dos tolos é o patrimônio dos espertos.
Denis Diderot

 

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