No ano em que o MEC determinou alterações relevantes no Enem, o número de inscritos caiu de maneira significativa. Ao todo, 6,1 milhões de pessoas confirmaram a participação no exame, contra 8,6 milhões inscrições registradas em 2016.
O MEC ainda aguarda a confirmação de mais de 1,4 milhão de candidatos. As inscrições só são confirmadas após o pagamento da taxa do exame, que neste ano passou para R$ 82. O aumento no valor é considerado um dos principais motivos para a redução no número de candidatos.
Aluno do Ifsul, Abrão Braga, 17, desistiu de fazer o teste devido ao valor elevado. Como ainda não concluiu o Ensino Médio, queria fazer o exame como teste para se preparar para a edição de 2018. “Mesmo que eu não tenha uma real necessidade, queria fazer como treino.”
Conforme Braga, as famílias das classes médias e baixas já enfrentam as dificuldades provenientes da crise e não têm condições de arcar com mais essa despesa. “Creio que tudo isso seja um jogo de eliminações. Pensam que quem não tem dinheiro não precisa ter educação boa.”
Segundo ele, o governo federal demonstra não enxergar a educação como investimento, e sim como despesa. “Nosso mundo fica mais feliz com dinheiro do que conhecimento”, conclui. Para o estudante, ao mesmo tempo em que diz pensar no futuro do país, a União reduz investimentos no setor mais importante para o desenvolvimento.
De acordo com o MEC, cerca de dois milhões de candidatos pagaram a taxa e outros 4,1 milhões tiveram isenção. O percentual de pagantes, 32,6%, é o maior desde 2013. Nos últimos três anos, o índice variou entre 23% e 26%.
Certificação e datas
Conforme o governo federal, a queda na procura pelo Enem era esperada. Além do aumento na taxa de inscrição e na redução no número de isenções, o MEC aponta o fim do certificado de conclusão do Ensino Médio como um dos motivos para a diminuição na procura.
Até 2016, candidatos sem Ensino Médio completo com boa avaliação no exame recebiam o certificado. A partir deste ano, eles serão obrigados a frequentar um curso, como o EJA, para ter acesso ao diploma.
A data das provas também foi alterada. Até 2016, elas eram realizadas no sábado e no domingo em um mesmo fim de semana. Neste ano, o Enem será realizado em dois domingos, nos dias 5 e 12 de novembro.
Número pode mudar
O MEC acredita que o número de inscritos confirmados deve aumentar até o dia 25 de junho, data final para o envio de documentos dos candidatos que solicitaram isenção e tiveram o pedido negado.
Pelas regras do exame, estão isentos os estudantes que cursem o último período do Ensino Médio em escola pública, integrantes de famílias que recebam até três salários mínimos mensais (R$ 2.811) ou até meio salário mínimo (R$ 468,50) por pessoa, desde que estejam inscritos no CadÚnico.
Também têm direito a isenção candidatos cujas famílias recebem até um salário mínimo e meio por mês (R$ 1.405,50) e que cursaram todo o Ensino Médio em escola pública, ou como bolsista integral em escola privada.
O resultado do Enem dá acesso a vagas em instituições públicas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo do Prouni e a financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
