Gordas verbas para o show  da mídia a favor das reformas

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Gordas verbas para o show da mídia a favor das reformas

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Temer adota velha prática do toma lá, dá cá, envolvendo deputados e imprensa
Assim como muitos, eu também estou farto de notícias repetitivas e tendenciosas a favor das reformas do governo federal. O show midiático de alguns grupos de comunicação confunde os menos avisados. Tenta transmitir a ideia de que, apesar dos escândalos descobertos, o país precisa seguir nas reformas para não cair em insolvência.
Seria coerente, não fosse a maneira seletiva como as reformas são direcionadas, atingindo os menos favorecidos e preservando os benefícios de uma parcela já privilegiada.
A mistura de verdades com meias-verdades se transformou em grande confusão e, ao leigo, fica difícil distinguir o certo e errado. E tem muita gente “esclarecida” repicando essa meia-verdade, adoidadamente, nas redes sociais como única coisa a fazer.
Talvez a explicação resida no “contrabando” adotado pelo oligopólio midiático brasileiro, interessado em preservar suas generosas verbas publicitárias.
Recentemente, o governo federal abriu os cofres públicos para repassar dinheiro do povo ao veículo de comunicação que, em seu editorial, passe a defender as reformas. Pelo jeito, o plim plim foi o primeiro a aderir.
O jornal Estadão adotou postura crítica. Publicou no dia 10 de abril em suas páginas impressas que “a ofensiva do governo para atrair apoio à reforma da Previdência passa agora pela distribuição das verbas federais de publicidade, principalmente em rádios e TVs. A estratégia do Palácio do Planalto para afastar a resistência às reformas é fazer com que locutores e apresentadores populares, principalmente no Nordeste, expliquem as mudanças sob um ponto de vista positivo. Os veículos de comunicação que aderirem à campanha terão direito à publicidade federal”.
E a reportagem do Estadão segue. Com esse roteiro, o Planalto mostra que, além da concessão de cargos e emendas parlamentares, a propaganda também virou moeda de troca em busca da aprovação da reforma no Congresso. Os responsáveis pela indicação da mídia que receberá a verba publicitária são justamente deputados e senadores.
O Governo Temer utiliza a artimanha para arrebanhar parlamentares pela reforma. Ele sabe que ao destinar verbas às rádios, TVs e jornais via parlamentares, esses ampliam suas relações nos redutos eleitorais. E é tudo que os deputados precisam às vésperas das eleições de 2018.
O plano para conquistar emissoras de grande audiência, na tentativa de virar o jogo, foi definido pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, informa o Estadão. Nas palavras de um auxiliar do presidente Michel Temer, a tática “mata dois coelhos com uma só cajadada”. Coube ao líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), receber os pedidos dos parlamentares.
Com a popularidade em queda, o Governo Temer recorre à velha prática que outrora originou o Mensalão e Petrolão.
Para a Reforma da Previdência ser aprovada, são necessários 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações. O governo está longe desse número. Eis o motivo da ofensiva que ainda inclui a veiculação de novas propagandas em rede nacional sobre a reforma. As peças publicitárias tentarão consertar o que os assessores de Temer definem como “erros” de comunicação.
O governo petista adotava a estratégia do “pão e circo”. Temer apela ao show midiático. Os dois juntos dariam um caldo que nem os urubus mais famintos se interessariam.
Enquanto isso, os brasileiros seguem reféns de um sistema político arcaico, tributação escandalosa e uma máquina pública inflada pelos interesses econômicos de oligopólios, sindicatos e políticos corruptos.
Fosse em qualquer outro país, as ruas estariam tomadas pela multidão contra essa orquestrada sacanagem que sucessivos governos fisiológicos tentam implantar goela abaixo dos brasileiros.


Atrás do leite derramado

A Assembleia Legislativa gaúcha fará audiência em Lajeado sobre os reflexos da desarticulação do Fundoleite e IGL na política leiteira do estado. O deputado Zé Nunes (PT) lidera a discussão. O vice-governador também ficou de receber uma comitiva regional para tratar do tema.

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