Ameaças e agressões contra mulheres são assuntos recorrentes na delegacia da Polícia Civil (PC). A Brigada Militar também é chamada com frequência para conter brigas de casais e registrar a ocorrência. Embora os números de 2015 tenham reduzido em relação ao ano passado, 2016 começa com volume elevado de registros.
Desde o dia 1o de janeiro, a PC registrou 11 casos de ameaça, tentativa de agressão e vias de fato. Além disso, foram efetuadas quatro prisões em flagrante e uma preventiva emitida pela Justiça no fim de 2015.
Nos casos mais recentes, a própria vítima chamou a polícia. Na maioria das vezes, o homem está embriagado. A prisão ocorre em flagrante e ambos são conduzidos à delegacia. No ano passado, foram emitidas 175 medidas protetivas, o que demonstra a consciência das mulheres em representar criminalmente contra o companheiro. Os pedidos ocorrem para retirá-lo do lar e proibir qualquer contato, sob pena de prisão.
[bloco 1]
Os motivos para a violência física partem dos ciúmes e excesso de bebida alcoólica. Embora estejam mais conscientes sobre seus direitos, muitas mulheres relatam o medo de buscar ajuda devido às agressões. A maioria dos casos envolve companheiros que vivem juntos ou namorados. Registros entre marido e mulher, com casamento civil, são poucos.
Passos da violência
Conforme a delegada Márcia Bernini Colembergue, responsável pela Delegacia da Mulher de Lajeado, tudo inicia com a agressão moral. Em geral, o homem passa a desqualificar a mulher, falando mal da aparência e comportamento. As palavras ofensivas fragilizam a vítima e acabam com a autoestima.
O segundo passo é a privação da vida social. O companheiro tende a proibir a namorada de passear ou interagir com amigas, controla horários e locais. Em muitos casos, até o vínculo familiar é rompido.
Quando a mulher consegue forças para reagir contra a violência psicológica, ocorrem as agressões físicas. O crime persiste e a vítima continua no lar por diversos motivos. Os filhos são os principais. Ameaças de morte também protelam o pedido de ajuda e a saída do lar. “As mulheres sofrem e não conseguem reagir sozinhas”, diz.
Reconstrução moral
Por meio da Delegacia da Mulher, as vítimas de agressões têm acesso à orientação jurídica. Encontros com advogados esclarecem sobre os direitos e direcionam os passos para o divórcio. O acompanhamento psicológico ofertado pela rede de proteção e assistência contribui para a reconstrução e o fortalecimento emocional. “As mulheres deveriam ter consultas antes mesmo de sofrer as agressões”, comenta a delegada.