Vale do Taquari – A chuvarada e a formação de granizo registradas ontem em grande parcela dos municípios gaúchos devem se repetir ao longo do dia de hoje. Enquanto cidades ainda contabilizam estragos provocados pelo mau tempo, a coordenadoria da Defesa Civil (DC) alerta para a possibilidade de novos temporais isolados na região.
Pelo menos seis municípios do Vale do Taquari tiveram queda de granizo no começo da tarde de ontem: Lajeado, Teutônia, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Estrela e Paverama. Em todo o estado, o fenômeno aconteceu em mais de 50 cidades.
De acordo com o coordenador regional da DC, major Ricardo Accioly Gerhard, a situação mais crítica foi registrada em Paverama. Mais de 70 residências foram atingidas pelas pedras de gelo e tiveram telhas quebradas, em especial nas localidades de Santa Manoela, Recanto dos Vicente, no centro e em Morro Bonito.
Para evitar maiores prejuízos aos moradores, pois continuou chovendo ao longo da tarde, a administração municipal distribuiu lonas. “Apesar disso, nenhuma famílias precisou sair de casa”, destaca Accioly.
O major considera como “genérica” a previsão do tempo para hoje, pois ela não especifica nenhuma região do Vale do Taquari, nem quantifica volumes precisos de chuva. “Não temos informações de possível inundação. Contudo, há o alerta de granizo e elevados volumes de água.”
Até o fim da tarde de ontem, foram contabilizados 21.8 mm de chuva, de acordo com medição do Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates, de Lajeado. De acordo com projeção do Clictempo, outros 63.3 mm devem ser registrados hoje.
Equipes de prontidão
Institutos meteorológicos apontam para a possibilidade de grande acumulado de chuva para os próximos sete dias, chegando a mais de 300 mm em determinadas regiões do estado. Tal situação, que pode causar enxurradas e inundações, deixa equipes das DC dos municípios de prontidão.
Coordenador da DC de Lajeado, Gilberto Schmidt monitora de forma periódica os padrões do tempo e a condição do Rio Taquari. De acordo com ele, caso a chuva ocorra de forma equilibrada, há menos preocupação. O problema, observa, é se o acumulado chegar a mais de 150 mm em questão de dois dias.
Caso se confirme a cheia, as famílias terão de ser transferidas a um local diferente do Parque do Imigrante, que está sendo ocupado para a Construmóbil. A DC garante ter um plano alternativo, que prevê a utilização de outros espaços, como os ginásios do Montanha ou do São Cristóvão.
Estragos na área rural
As varições no tempo registradas durante o inverno causam prejuízos aos produtores rurais. A geada no último fim de semana provocou perdas nas lavouras de trigo, milho e pomares de frutas. Os parreirais de uva foram os mais danificados, conforme o técnico em Fruticultura da Emater Regional de Lajeado, Derli Bonine.
Em Dois Lajeados, maior produtor de uvas da região, viticultores tentam conseguir o seguro agrícola, o Proagro. Nos pomares da região alta, onde a concentração de pomares é maior, como Arvorezinha, Anta Gorda, Ilópolis e Putinga, o prejuízo foi significativo.
As plantas estão com intensa brotação, floração e início da formação das frutas, fase de alta sensibilidade. “A incidência de geada foi variável. Estimamos um prejuízo inicial de 40%.”
Os triticultores também estimam menor produtividade por conta do frio intenso das últimas semanas. Cerca de 80% da área cultivada está em floração, enchimento de grãos ou em maturação.
A previsão de altos índices de chuva para os próximos dias preocupa agricultores, pois pode prejudicar a formação dos grãos e a polinização. No ano passado, as precipitações elevadas comprometeram mais de 50% da produção de trigo. Parte das lavouras de milho já semeadas, 32% do total previsto pela Emater, precisarão ser replantadas.
