Acordo reduz impacto após restrição

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Acordo reduz impacto após restrição

Troca de vale na rodoviária possibilita embarque nas paradas instaladas em rodovias

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Lajeado – Os ônibus intermunicipais de longa distância ficam impedidos de embarcar e desembarcar passageiros em oito paradas. Os pontos ficam a menos de 1,5 quilômetro de distância da estação rodoviária, o que é proibido devido a decreto publicado há mais de 30 anos.

01Ao todo, 14 empresas de transporte foram notificadas pelo Daer. De acordo com o diretor do terminal de Lajeado, Nelson Noll, um acordo visa evitar prejuízos aos usuários habituais. Segundo ele, as transportadoras poderão continuar a embarcar e desembarcar passageiros que utilizam vale- transporte fornecido pelas empresas onde trabalham.

Conforme Noll, as paradas são utilizadas por dois tipos de usuários. O primeiro é o passageiro eventual, que mora próximo ao ponto e embarca esporadicamente em coletivos intermunicipais. O segundo é o que trabalha perto da parada e mora em outros municípios. “Estes serão beneficiados com o acordo.”

A intenção é que as próprias transportadoras troquem os vales por passagens da rodoviária. “Assim, os embarques e desembarques são mantidos sem prejudicar a administração do terminal.”

Noll citou como exemplo uma empresa localizada às margens da ERS-130. “O horário de saída da firma é às 18h, mesmo horário em que o coletivo sai da rodoviária. Mantendo o embarque nos pontos, o usuário não perde o ônibus.”

A determinação é válida apenas para coletivos exclusivamente intermunicipais. As linhas chamadas suburbanas, que transportam passageiros entre cidades próximas, cobrindo tanto rodovias quanto áreas da cidade, seguem sem alteração.

Cobrança sindical

O cumprimento da determinação é cobrado desde o ano passado pelo Sindicato das Agências e Estações Rodoviárias (Saerrgs). A entidade alega que a prática causa prejuízo aos administradores das estações, uma vez que permite embarques sem a emissão de passagens nas rodoviárias.

Em outubro, a Saerrgs solicitou ao Daer o aumento da fiscalização nos locais. Noll confirma o prejuízo. “Se somente duas pessoas embarcarem por parada, são 16 passagens por dia, 500 por mês que deixam de circular na rodoviária. Sabemos que o número é muito maior”, avalia.

A proibição está prevista em decreto publicado em 1984, mas nunca havia sido posta em prática na cidade. O diretor da Expresso Azul, Carlos Glufke, afirma que a empresa recebeu aviso sobre a determinação. “Como não temos gerência sobre isso, vamos cumprir.”

Glufke ressalta que o número de passageiros atingidos pela determinação é pequeno diante do total de usuários. Segundo ele, assim como a suburbanas, as linhas semidiretas não serão afetadas, pois não param nesses locais.

Shopping alega prejuízo

Uma das paradas de maior movimento onde a restrição será aplicada fica em frente ao Shopping Lajeado. Conforme a assistente de marketing do empreendimento, Jeane Baron, o local recebe clientes de outras cidades que prestam serviço no município. “Muitos param aqui para fazer a refeição e depois seguem para o trabalho.”

Entre os clientes, estariam representantes comerciais de empresas das regiões de Porto Alegre e de Caxias do Sul. “Se não puderem desembarcar em frente ao shopping, acabarão indo para outros locais. Para nós, será um prejuízo.”

Taxista com ponto em frente ao empreendimento, Volmir Schnorr transporta diariamente professores e funcionários da Univates que desembarcam na mesma parada. “Fica mais perto para eles.”

Volmir alega que a maioria dos passageiros não sabe da nova determinação.

Desinformação

Passageiros também criticam a falta de divulgação. Morador de Forquetinha, João Germano Webber trabalha na Associação Rural de Lajeado e utiliza coletivo para ir diariamente ao trabalho, junto com outros seis colegas.

Segundo ele, a única informação veio do cobrador do ônibus, que não falou sobre a possibilidade de trocar os vales-transportes. “Disse que teremos que usar apenas os ônibus suburbanos, caso contrário, a empresa teria que pagar multa de R$ 1,5 mil por passageiro desembarcado.”

Webber alega que nem mesmo a data em que a determinação passará a valer foi informada. “Nos informaram que começava no dia 1o de julho, mas até agora está tudo normal.”

Para Jair Astor Noll, sem embarques e desembarques nos pontos, parte dos trabalhadores deverá optar pelo carro. “Caminhar até a rodoviária é perigoso, ainda mais em dias de chuva”, reforça. Para ele, os órgãos que deveriam incentivar o transporte coletivo acabam desestimulando o uso com a decisão.

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