Teutônia – A agência de modelos FM Models é suspeita de cobrar valores de até R$ 5 mil sob a promessa de entrega de books fotográficos e a realização de desfiles. Inquérito policial foi instaurado no domingo pela Polícia Civil (PC) de Passo Fundo.
A situação chegou à polícia por meio dos pais de crianças, oriundos de pelo menos dez cidades do estado. Eles estavam em Passo Fundo para a realização de um treinamento, oferecido pela agência. Descontentes com o atraso dos materiais prometidos e alegando falta de estrutura no local do evento, foram à Delegacia de Pronto Atendimento.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, pais de crianças e adultos associados à agência relatam a presença de propaganda enganosa. “Alegam descumprimento de condições ofertadas em contrato”, diz. Entre elas, a ausência de famosos em seletivas.
De acordo com o delegado, pelo menos 12 casos, envolvendo pessoas de 4 a 19 anos, foram registrados no domingo. Nos próximos dias, testemunhas serão ouvidas nas delegacias das respectivas cidades.
Até o momento, relata que não houve nenhum contato formal com a empresa. Esta prestará declaração na delegacia de Teutônia. Durante o inquérito, previsto para 60 a 90 dias, a agência mantém as atividades de forma normal. Se comprovado crime, haverá o indiciamento dos responsáveis.
Orientação
O delegado cita o caso como incomum no Estado. Orienta os pais e interessados em contratos de agências a analisar a idoneidade das empresas. Antes de assinar qualquer contrato, ressalta a necessidade de conhecer os trabalhos prestados, averiguar a credibilidade e condições oferecidas.
Quanto aos pais e modelos envolvidos no caso desta semana, orienta a procurarem a delegacia da cidade onde moram e registrar os fatos.
Empresa se defende
A advogada da empresa, Míriam Guedes de Assunção, confirma a realização do curso, com assinatura dos presentes em ata. Relata surpresa dos proprietários da agência quanto às reclamações.
Sobre os books fotográficos, garante a produção do material. Justifica o atraso na entrega devido a falhas na impressão. “No contrato não consta data de entrega”, enfatiza.
Na página do Facebook, a empresa publicou uma nota afirmando a busca pela responsabilidade judicial das pessoas envolvidas e pedindo a remarcação de data para os modelos que desejarem terminar o curso. Com sede no bairro Languiru, a empresa atua no ramo há dois anos, atendendo pessoas de todo o Estado.
“Fizeram a gente de palhaço”
A estudante de Arvorezinha, Olívia Dorigon, 19, está entre as pessoas que registraram ocorrência no fim de semana. Ela conheceu a empresa há um ano, durante um passeio em Passo Fundo. Na data, aproveitou a oportunidade e participou de uma seleção.
“Depois de uma semana me ligaram”, diz. A partir disso, relata a assinatura do contrato de pouco mais de R$ 3 mil, contendo um book fotográfico, cursos e desfiles. Porém, o primeiro treinamento ocorreu só depois de um ano.
Relata a constante troca de datas, adiando os eventos previstos. “Fizeram a gente de palhaço.” Revoltada, assim como pais de crianças, espera pelo resultado do inquérito e pela devolução do dinheiro.