Estado – A alegação do governo uruguaio de que 200 toneladas de erva-mate tinham níveis de metais pesados acima do permitido trouxe incertezas à cadeia produtiva gaúcha. Embora a procedência do produto fora dos padrões não tenha confirmação de ter partido do Estado, o Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate) encomendou um estudo para verificar as denúncias.
Foram feitas análises em 300 amostras exportadas produzidas por 27 empresas. Os testes mostraram que apenas 5,5% delas apresentavam níveis de chumbo e cádmio acima do permitido pela lei do Mercosul.
Os dados foram analisados pelas equipes do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Para esta semana, o Ministério Público estadual espera o parecer da divisão técnica para iniciar as investigações.
Pela legislação, a quantidade de cádmio permitido é de 0,40 miligramas por quilo (mg/kg). Já no chumbo, a quantidade alcança 0,60 mg/kg. Pela análise da universidade, em nenhuma das amostras foi encontrado número superior a um. Nos testes feitos na infusão, os índices se aproximaram de zero.
Conforme o Sindimate, há dois meses são realizadas análises no produto, em especial daquele oriundo das indústrias exportadoras. Pelos testes, a entidade não encontrou índices de metais acima do tolerado.
Impacto no mercado
O Uruguai representa mais de 80% das exportações brasileiras da erva-mate. Com a investigação, o Sindimate prevê possibilidade de queda nas vendas ao país vizinho, aliada à preocupação de o mercado gaúcho perder espaço para o Paraguai. A entidade acredita que a instabilidade nos negócios com o Uruguai pode continuar nos próximos seis meses.
Sem ter uma explicação plausível sobre os altos índices de metais encontrados pelo governo vizinho, o sindicato acredita em duas possibilidades: excesso de adubação ou contaminação do solo por chuva ácida. Em busca da resposta, o Sindimate analisa os índices de chuvas, em especial nas plantações da região do Alto Taquari.
Atividade abrange 13 mil famílias
A produção de erva-mate ocorre em 267 cidades gaúchas, abrangendo cerca de 13 mil famílias. De toda a atividade no país, o Estado corresponde a 61%. Por ano, estima-se que o segmento movimente R$ 109 milhões.
Nos últimos meses, o preço da erva tem aumentado. Em média, o quilo custa R$ 10. Esse pode ser um dos motivos para a atitude do governo uruguaio. Em entrevista concedida ao A Hora no dia 24 deste mês, o presidente do Sindimate, Gilberto Heck, sugere que o preço pode ter relação com o apontamento do país vizinho.
Em termos da região do Vale do Taquari, a produção de erva-mate ocorre em 23,1 mil hectares e abrange cinco mil famílias. Ao todo, 36 agroindústrias beneficiam a matéria-prima. Informações do sistema Fiergs de 2012 colocam Ilópolis em primeiro lugar no ranking de municípios produtores.
Conforme a federação, a cidade produziu mais de 53 toneladas, representando 20,4% da atividade no Estado. Em segundo lugar, outra cidade do Vale. Arvorezinha produziu cerca de 50 toneladas.