Santa Clara do Sul – A rotina diária para uma série de trabalhadores mudou após dois motociclistas serem assaltados no interior do município. Moradores de localidades mais afastadas da cidade decidiram andar em grupo no retorno do serviço para casa.
Jaqueline Zang, 20, mora em Alto Arroio Alegre e trabalha em um loja de calçados e vestuário no centro. Ao fim do expediente, que varia das 18h30min às 19h, costumava voltar sozinha de motocicleta para a comunidade, cerca de 20 quilômetros distantes. “Agora não dá mais. Tenho medo que me assaltem e levem minha moto, meu principal patrimônio.”
Desde a semana passada, a jovem passou a dar carona para uma colega de serviço até a metade do percurso. Em Sampainho, ambas se encontram com outros trabalhadores. Um mercado local é a referência, onde Jaqueline e seu pai Silmário Paulo, se encontram. Ao lado de amigos, familiares ou vizinhos, cinco grupos adotam a mesma estratégia e continuam a viagem lado a lado. “Dali até em casa que é o percurso crítico. É escuro e tem poucas moradias no caminho.”
Comandante da Brigada Militar (BM) na cidade, tenente Roque Silva Cecin, garante à comunidade que pode ficar tranquila, pois foram casos isolados. Mesmo assim, orienta moradores a prestar atenção a tudo de diferente que ocorre na vizinhança. Em qualquer suspeita ou anormalidade, indica acionar o policiamento de forma imediata. Para isso, pede aos moradores que telefonem para o celular da BM (9844-7354) ou então para o fixo (3782-1031).
“Quando vi a arma, já era tarde”
Na última quinta-feira, Márcio André Weiss, 27, mal havia voltado para casa, em Chapadão, quando recebeu um telefonema da namorada. Ela estava na feira do livro, no centro, e precisava de uma carona até Nova Santa Cruz, onde embarcaria em um ônibus para ir até Alto Conventos, em Lajeado.
Apressado para retornar logo, pois a mãe estava preparando o jantar, tomou banho e saiu em seguida, às 20h15min. Andados quatro quilômetros, avistou dois rapazes vindo de moto na direção contrária. Tudo parecia normal, até que eles pararam o veículo no meio da pista. Weiss trafegava a cerca de 30 Km/h e percebeu que o caroneiro estava armado. Tentou acelerar, mas foi segurado e caiu da motocicleta. “Quando vi a arma, já era tarde. Fui derrubado e não pude reagir.”
Ainda no chão, foi golpeado com chutes nas pernas e na cabeça. Desnorteado, teve roubada a carteira com documentação, R$ 300, o celular e a moto Yamaha YBR 125, prata, placa ILW-0540. Conforme suspeitas, os criminosos fugiram em direção a Sampaio, por Alto Arroio Alegre. No dia seguinte, Weiss encontrou o celular a um quilômetro do assalto. “Já estou ciente que não vou recuperar minha moto. O problema é o trauma, pois mal consigo sair de casa.”
No primeiro sábado do mês, dia 5, um vizinho de Weiss passou por situação semelhante. Às 21h30min, André Luís Bald, 25, seguia de motocicleta no sentido interior/centro, com a namorada, pela estrada geral. Nas proximidades de uma antiga fumageira, em Picada Santa Clara, ambos foram rendidos por um homem encapuzado e armado com um revólver.
O bandido fugiu com a moto CG-150 Fan, amarela, de placa IUQ-3896, além de levar documentos, cartões e R$ 400 em dinheiro.
Polícia apreende motos
Denúncias levaram o policiamento a um desmanche clandestino no bairro São Bento, em Lajeado, no fim da tarde dessa segunda-feira. Em um casa situada às margens da ERS-413, no KM 4, foram apreendidos um para-lama, roda, cano de descarga e uma motocicleta sem identificação.
Em outro endereço, na rua Henrique Eckhardt, a polícia apreendeu uma moto CG-150 Sport, vermelha, de placa IMQ-7260, que estava com licenciamento vencido, e uma moto CG-125 Fan, vermelha, de placa IRX-7556, que tinha sido furtada no bairro Bom Pastor no início do mês. No mesmo local, foram recolhidos motores, três tanques vermelhos e um branco.
A polícia fará perícia nos veículos e peças e estuda se há relação com os casos registrados em Santa Clara do Sul.