Procura por peixe supera a oferta

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Procura por peixe supera a oferta

Falta de qualificação, conhecimento e acesso à tecnologia impede crescimento

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Vale do Taquari – As feiras da Semana Santa são o principal ponto de escoamento da produção de peixes. De acordo com os piscicultores, falta produto para atender a demanda.

02O empresário Sigmar Scheer, de Roca Sales, é um dos maiores produtores de carpas e tilápias na região. A três dias do feriado santo, algumas variedades estão em falta. “Todos querem produzir, mas carecem de conhecimento, acesso a novas tecnologias para melhorar a produtividade, alimentação e aumentar a oferta.”

A projeção é de vender oito toneladas até sexta-feira. O preço do quilo varia entre R$ 8 e R$ 22,50, dependendo do corte. Para Scheer, a preocupação em consumir um alimento mais saudável faz as vendas crescerem a cada ano.

Além dos 30 açudes instalados na propriedade, o produtor fez parcerias com outros 22 produtores dos vales do Taquari e do Rio Pardo e Serra Gaúcha para atender os clientes. Ele fornece os alevinos e garante a compra do pescado. Por ano a média produzida por fornecedor é de dez toneladas.

As condições meteorológicas também prejudicam a expansão do cultivo, principalmente de tilápias. Esse peixe requer o controle de temperatura da água. “As oscilações entre frio e calor atrapalha ma criação. Por isso apostamos nas carpas, que são mais rústicas.”

O trato é feito com silagem, pasto e esterco de galinha. O peixe antes de ser abatido é alojado em tanques com água por 24 horas para amenizar o estresse. Outro detalhe importante na hora do abate é a sangria, processo que evita que a carne fique com o gosto de terra ou lodo.

Apoio técnico

Segundo o assistente técnico estadual em Piscicultura da Emater/RS-Ascar, Henrique Bartels, a atividade é promissora, tendo mercado consumidor e excelente lucro. Porém a falta de conhecimento na hora de produzir, alimentar, abater ou vender o produto impede o crescimento e provocam a falta de matéria-prima na Semana Santa. “Promovemos cursos e palestras para capacitar o produtor.”

Para este ano a Emater projeta a venda de 3.268 mil toneladas de pescado em 5.579 pontos de venda em todo Estado. O preço médio do quilo será de R$ 9,13.

Boa rentabilidade

Nas 55 cidades atendidas pela Emater Regional de Lajeado existem em torno de três mil produtores. Conforme o assistente técnico regional em Piscicultura da Emater, João Alfredo de Oliveira Sampaio, o cultivo de carpas oferece boa rentabilidade. A cada 12 meses, é possível obter um ganho líquido de R$ 3,7 mil por hectare ocupado com a atividade. As cidades com mais produção são Roca Sales, Capela de Santana, Montenegro e Estrela.

A atividade cresceu 8% ao ano nas últimas duas décadas. O consumo per capita no Estado chega a 8,5 quilos. No Brasil, ele cai para 6,5 quilos, muito baixo em comparação ao Japão, com consumo anual per capita de 60 quilos. Na Suécia são com 35 quilos, Portugal e Noruega, 30 quilos e Chile, dez quilos.

O policultivo de carpas é o principal sistema de criação utilizado. Em 90% dos açudes o piscicultor concilia o cultivo de carpas da espécime húngara, capim, prateada e cabeça grande. Os açudes podem variar de mil a três mil metros quadrados, com a densidade de um alevino para cada quatro metros quadrados.

Criação de alevinos

Os vales do Taquari e do Rio Pardo se destacam na criação de alevinos. De acordo com Sampaio, é um mercado em crescimento e boa lucratividade. Mesmo assim, só cinco agricultores apostam na atividade. Ressalta que com a separação dos processos produtivos a atividade ganha destaque.

Existem tecnologias e genética que ajudam a melhorar a qualidade e a variedade de peixes. A disponibilidade de outras espécies alternativas, como é o caso de jundiás, piavas, lambaris, traíras e tilápias, também valoriza o processo de produção.

Lucro nas águas

A família Oliveira, de Lajeado, começou a apostar no cultivo de carpas, bagres e tilápias há 12 anos. Com ajuda dos filhos, Jordão transformou o hobby em negócio. Hoje a piscicultura gera excelentes lucros.

Em sete hectares de terra comprados em Cruzeiro do Sul, foram instalados nove açudes. Além do peixe pronto para o abate, cujo peso chega a cinco quilos em média, são vendidos alevinos com porte menor, entre 15 a 20 centímetros. Esses podem ser engordados em dois anos.

Para este ano a produção deve chegar a 15 toneladas, boa parte vendida em feiras como a da Semana Santa. O preço do quilo varia entre R$ 7 e R$ 9 dependendo da variedade.

Destaca o aumento no consumo. Em sete anos as vendas passaram de 800 quilos na Semana Santa para mais de dez toneladas. Compara o rendimento aliado a sustentabilidade. Em um hectare é possível obter 10 toneladas de pescado, enquanto que no mesmo espaço se produz apenas 500 quilos de carne bovina. O custo para alagar um hectare é de R$ 20 mil.

Este ano eles participam da primeira feira do peixe vivo de Lajeado organizada pela Secretaria de Agricultura e Urbanismo (Saurb). A venda do pescado ocorre na Feira do Produtor, na rua Santos Filho.

À disposição cerca de 15 toneladas de peixe, das espécies carpa, bagre e tilápia. A feira funciona das 9h às 19h, sem fechar ao meio-dia até quinta-feira. Na sexta-feira, a venda encerra às 12h.

Cursos profissionalizam

Desde 2002, o Centro de Treinamento Agrícola, em Montenegro, e vinculado à Emater-RS, realiza dois cursos de treinamento na área de piscicultura. Aborda detalhes sobre o cultivo semi-intensivo de peixes, controle de qualidade da água, construção dos viveiros, dicas sobre alimentação dos animais, abate e processamento da carne, orientações sobre a limpeza e explica ainda como fazer filés e postas, além de retirar corretamente as escamas.

Locais das feiras

Arroio do Meio

Dias 16 e 17 na quadra coberta nos fundos da Secretaria da Educação. A atividade inicia às 9h e se estende até as 18h. Serão ofertadas cerca de quatro toneladas de carpas, com a disponibilidade de serviços de abate e de limpeza para os consumidores interessados.

Bom Retiro do Sul

As feiras ocorrem entre os dias 17 e 18 no Recanto do Peixe – Cruz das Almas; Bairro São João – Propriedade de Romano Petter e no Mercado Prático; Localidade de Figueirão – Calçadão; Feira do Produtor e em Faxinal da Silva Jorge – Cilão. Devem ser vendidas 17 toneladas de carpa, traíra e jundiás.

Estrela

Dias 16 e 17, na Praça Henrique Roolaart. Na quinta-feira, dia 17, haverá feira especial no bairro das Indústrias. A venda inicia às 7h e se estende até as 18h.

Fazenda Vilanova

Dias 16 e 17, com início às 8h e término às 17h. Será realizada embaixo da elevada, na BR 386.

Lajeado

O agricultor Bruno Becker realiza feira no dia 16 e 17 na rua Henrique Eckhardt, bairro Floresta. No mesmo bairro ocorre feira no dia 17 na propriedade de Oscar Muller, entrada da Retromac. No centro, a venda de peixes ocorre na Feira do Produtor até sexta ao meio- -dia.

Marques de Souza

Venda na propriedade de Breno Paulo Closs do dia 11 até 17, das 8h até as 18h.

Nova Bréscia

Dia 16, na Praça da Matriz, a partir das 10h.

Paverama

Dia 17, a partir das 8h30min na Praça 13 de Abril.

Roca Sales

Dia 17, das 9h às 17h, na sede da Feira do Produtor, na rua Teobaldo Zart, 79.

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