Tráfico se propaga e homicídios seguem

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Tráfico se propaga e homicídios seguem

Em dez anos, 495 traficantes foram presos. Domingo, outro jovem foi assassinado

Lajeado – A série de homicídios na cidade não para. Nesse domingo, Juliano de Souza Duarte, 23, foi morto a tiros dentro do carro, no bairro Santo André. Chega a 14 o número de assassinatos em Lajeado neste ano, sendo 23 no Vale do Taquari. A polícia relaciona 80% dos casos ao tráfico de drogas.

04Duarte, conhecido como “princesa”, conduzia um Monza branco pela rua Maurício Cardoso por volta das 20h30min. Testemunhas afirmaram ter visto dois homens se aproximarem em uma motocicleta. Emparelharam os veículos e dispararam contra o jovem.

Atingido, relatam moradores, acelerou o veículo na tentativa de escapar, mas colidiu contra o muro de uma residência. Duarte morreu no local. A Brigada Militar (BM) isolou a área até a chegada da Polícia Civil (PC). Investigadores encontraram 13 cápsulas de pistola 380. O policiamento trabalha com a hipótese de queima de arquivo.

Morador da comunidade, “princesa” tinha antecedentes por tráfico de drogas. De acordo com o delegado de Lajeado, Sílvio Huppes, o jovem havia sido preso três vezes nos últimos anos por envolvimento no narcotráfico. Em um dos casos, no ano passado, foi pego em posse de 400 gramas de maconha.

Conforme o delegado, jovens estão cada vez mais envolvidos no tráfico. Prova disso, a idade das pessoas assassinadas este ano na cidade. O mais novo tinha 18 anos, Rubial Rodrigues da Silva, morto dia 1º de janeiro. A juventude, na avaliação de Huppes, é atraída pelos traficantes com a promessa de grandes quantias em dinheiro em pouco tempo.

“Disputa pelas bocas”

Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) indicam que 495 foram presos desde 2003 (veja abaixo) por tráfico de drogas em Lajeado. Mais da metade dos casos ocorreu nos últimos três anos: 270 prisões.

A proporção, de acordo com o delegado, se deve ao aumento na repressão. Foram tirados das ruas grandes traficantes, que controlavam pontos de venda de drogas há anos. Com isso, abriu-se brechas para novos vendedores. “Agora, estão se matando em disputa pelas bocas.”

Huppes cita o crescente aumento na demanda por drogas como o grande responsável pela criminalidade. Conforme ele, a mesma sociedade que cobra ações da polícia colabora com o mercado dos entorpecentes. “Se o consumo não parar, sempre haverá alguém para vender e, se necessário, matar para isso.”

Barreira à polícia

Segundo a polícia, os criminosos estão cada vez mais qualificados. Elaboram complexos esquemas. O funcionamento do mercado no tráfico se assemelha ao de uma empresa. Funções são delegadas para cada participante. Existem transportadores, vendedores e um setor destinado para recrutar novos integrantes para o crime.

A falta de rigor da legislação criminal dificulta o trabalho das polícias. Comprovar ou configurar o crime de tráfico se torna difícil. Criminosos são presos em flagrante, ou em suspeita do fato ilícito, mas voltam às ruas poucos dias depois.

O limitado número de ferramentas para ajudar nas investigações dificulta o trabalho da polícia. A principal crítica de Huppes está relacionada à demora dos gestores públicos em implementar sistemas de vigilância na cidade. “Isso não é de agora. Se arrasta há tempo.”

De acordo com ele, câmeras poderiam ter flagrado a ação dos criminosos no assassinato do casal Lucas de Linhares da Silva Rosa dos Santos, 20, e Bárbara Dutra de Mari, 22, na quarta-feira da semana passada. “Enquanto isso, temos apenas suposições e testemunhas temem represálias caso contem algo à polícia.”

Fim de semana de prisões

Três homens foram presos por porte ilegal de arma de fogo em Lajeado. Na madrugada de ontem, a BM abordou o condutor de um Voyage em um rua lateral à BR-386, no bairro Carneiros. Outras três pessoas estavam no carro. Um dos passageiros, Alan Júnior de Oliveira, 24, morador do bairro Morro 25, portava um revólver calibre 32. Ele foi conduzido à delegacia, onde recebeu voz de prisão em flagrante.

Na madrugada de sábado, Gabriel Zanatta, 19, e Cristiano Mateus Soares, 36, foram presos pelo mesmo crime. Ambos estavam na av. Acvat e foram abordados pela polícia depois de uma briga. Cada um portava um revólver calibre 38, municiado. Soares e Zanatta têm antecedentes por tráfico e porte ilegal de armas e estão presos.

Na sexta-feira à noite, a PC prendeu em flagrante Luís Fabrete Schuster, o “Bily”, por tráfico de drogas. Os policiais foram até a residência do suspeito, no bairro Conservas. No local, encontraram 9 gramas de cocaína, material para embalar a droga e R$ 350.

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