Falta de médicos restringe atendimentos

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Falta de médicos restringe atendimentos

Saída de sete profissionais nas últimas semanas compromete serviço nos postos

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Lajeado – Pacientes reclamam da dificuldade em conseguir consultas médicas nos postos de saúde do município. A situação se agravou da metade de fevereiro até agora. Sete médicos deixaram Lajeado para atuar em outros locais.

01A saída desses profissionais equivale a uma redução de mil consultas por semana. Em Lajeado, uma empresa terceirizada atua na organização dos médicos para atuar na cidade. Ontem, a Secretaria de Saúde (Sesa) emitiu nota sobre o assunto.

No texto, admite a dificuldade enfrentada na rede municipal de saúde. Conforme o secretário Glademir Schwingel, um sistema de atendimento está sendo elaborado para garantir, pelo menos em um turno por semana, as consultas nos locais onde há falta de médicos.

Segundo ele, um processo de seleção foi aberto pela empresa. Outra possibilidade é a chegada de clínicos gerais pelo programa Mais Médicos. Na semana passada, Schwingel participou de reunião em Brasília, no Ministério da Saúde. A cidade pode receber mais oito profissionais em abril.

Apesar dessas possibilidades, em algumas áreas específicas, faltam médicos especialistas. Um dos problemas centrais é a carência de pediatras. “Esse é um drama em todo o Estado”, frisa Schwingel.

No bairro Moinhos, um dos mais populosos da cidade, há cerca de um mês, mães não conseguem agendar consultas para os filhos.

É o caso de Mônica Schlindwein. O filho, com pouco mais de um ano, tem tido febre constante. Preocupada, foi até a UPA para tentar atendimento. “Faz dias que tento marcar uma consulta com um pediatra, mas chego ao posto e nunca tem.”

A administração municipal avalia mudanças no modelo de distribuição de consultas. O propósito é evitar filas e a chegada de pacientes na madrugada. A alteração depende do resultado sobre o projeto desenvolvido no bairro Conservas, em que a definição das consultas depende da situação do paciente.

Pelos dados da Sesa, quase 50% das consultas nos postos poderiam ser resolvidas de outra forma. São casos de pessoas em busca de atestado para justificar faltas no trabalho, ou precisando renovar a receita médica.

UPA registra 444 atendimentos

Desde a abertura da UPA, na terça-feira da semana passada, até domingo, foram 444 consultas. Uma média de 73 por dia. Para o coordenador médico da unidade, Alexandre Fucks, o total de atendimentos é pequeno. “As pessoas ainda não criaram a cultura de procurar a UPA. É mais fácil ir para o centro até o hospital.”

A emergência do Hospital Bruno Born (HBB) continua sendo o destino dos pacientes em busca de atendimento. Desde a abertura da nova unidade, a instituição não constatou redução.

A média de atendimentos na Emergência do HBB permanece em 130 pacientes por dia. Hoje, diretoria do hospital e integrantes da Sesa discutem alteração no contrato entre município e instituição.

No ano passado, o HBB chegou a ameaçar não atender casos de pacientes fora de perigo. Até o dia 31 deste mês, o setor continua atuando da mesma forma. Depois disso, pode haver novas regras.

A direção do hospital calcula um déficit de R$ 100 mil gerado na emergência devido à procura por atendimento em casos de baixa e média complexidade. Segundo o HBB, 70% dos pacientes poderiam ser atendidos nos postos de saúde.

90% são de baixa complexidade

Segundo o coordenador da UPA, 90% dos atendimentos na unidade poderiam ser resolvidos nos postos de saúde. Na primeira semana, houve críticas ao formato das consultas.

Alguns pacientes reclamaram do tempo de espera, chegando a quatro horas. Um desses foi a dona de casa Isolete Giovanella. Na quinta-feira passada, ela levou o pai, Deonísio, 84, até a UPA.

Com problemas devido a um AVC, ele precisa de cuidado constante. Segundo Isolete, até fazer a triagem, foi mais de uma hora de espera. Moradora do bairro São Cristóvão, se acostumou a levar o pai até o posto do bairro Montanha, onde eram feitos serviços de pronto atendimento antes da inauguração da UPA.

Em algumas tardes da semana passada, havia um médico na UPA. A partir desta semana, são três por turno, 24 horas por dia. Conforme Fucks, isso garante a possibilidade de o atendimento alcançar 300 consultas por dia.

De acordo com ele, em nenhum momento, houve uma espera superior a uma hora e meia na UPA. Diferente do posto do Montanha, na unidade, os médicos podem solicitar exames laboratoriais. Segundo Fucks, como as análises devem ser encaminhadas ao centro, nesses casos o resultado chega algumas horas depois.

SERVIÇO INTERLIGADO

Na tarde de ontem, integrantes da UPA, do Samu, da emergência do HBB e da Sesa discutiram estratégias para adequar o serviço da nova unidade às estruturas disponíveis no município.

A orientação é que, para casos com risco de morte, o paciente seja encaminhado ao hospital. “Na UPA temos como fazer os serviços básicos, estabilizar um paciente. Acidentes graves, atendidos pelo Samu, a orientação é levar até o HBB”, diz Fucks.

Para os próximos 15 dias é aguardada a instalação do raio-x na UPA. Até lá, os coordenadores esperam fechar a equipe de 92 profissionais previstos no contrato com a Fundação Getúlio Vargas.

A equipe médica deve ser composta por oito médicos clínicos e seis pediátricos, com auxílio de 34 técnicos de enfermagem e um farmacêutico.

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