Vale do Taquari – O convênio assinado entre EGR e Corpo de Bombeiros em outubro de 2013 segue incompleto. As 28 ambulâncias anunciadas pela estatal não foram compradas. Os aparelhos devem atuar só a partir de junho. Suspensão do edital atrasou ainda mais o processo, e nova licitação está prevista para a semana que vem. Custo ultrapassa R$ 6 milhões.
A abertura das propostas estava agendada para o dia 6 de fevereiro. No entanto, após as empresas concorrentes apresentarem questionamentos sobre a lisura do processo, ele foi suspenso. Naquela data, a direção da estatal anunciou a reabertura do edital ainda em fevereiro. A promessa não foi cumprida. Nem mesmo as três ambulâncias repassadas pela antiga concessionária estão atuando nas estradas.
Diretores de concessionárias de utilitários reclamaram de limitação da concorrência. Segundo eles, algumas especificações técnicas dos veículos, previstas no termo de referência do documento, estavam direcionadas para uma marca em específico. A potência do motor, as dimensões internas e o prazo curto para equipar e concluir as 28 ambulâncias eram outros questionamentos.
O diretor-administrativo e financeiro da EGR, e presidente da Comissão de Licitação, Carlos Hauschild, lembrou que a maioria das especificações do edital foi exigida pelo Corpo de Bombeiros. No entanto, para evitar qualquer intervenção jurídica que pudesse atrasar ainda mais o processo, a estatal optou por suspender a licitação antes mesmo de julgar os questionamentos.
Todas as mudanças sugeridas foram encaminhadas para os chefes da corporação dos bombeiros. Conforme assessoria de imprensa da EGR, a estatal já recebeu de volta o novo termo de referência, que agora segue em fase de orçamentação. O diretor-presidente, Luiz Carlos Bertotto, confirma que o edital será relançado na próxima semana.
Mesmo após o fim da licitação, há prazo de até 90 dias para a entrega das ambulâncias. Com isso, a previsão é que os motoristas possam contar com o serviço nas rodovias pedagiadas só a partir de junho. Até lá, o Samu segue responsável pelo atendimento, mesmo com as constantes reclamações sobre o excesso de atendimentos por parte do serviço.
Beneficiados
Além da cidade de Lajeado, os utilitários serão entregues nos municípios de Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Campo Bom, Canela, Caxias do Sul, Cidreira, Encantado, Erechim, Estrela, Flores da Cunha, Getúlio Vargas, Gramado, Lajeado, Montenegro, Novo Hamburgo, Parobé, Passo Fundo, Portão, Restinga Seca, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santo Antônio da Patrulha, São Leopoldo, São Marcos, Sapiranga, Taquara, Venâncio Aires, Viamão.
Em 15 anos de concessão, 31 mil resgates
Apresentado em abril do ano passado, pouco antes do fim do contrato entre Governo do Estado e Concessionária Sulvias, o relatório do Programa Estadual de Concessões Rodoviárias do Rio Grande do Sul (PECR) compilou dados entre 1998 e 2012. Conforme o estudo, as cinco praças de pedágio instaladas no Vale do Taquari geraram uma receita de R$ 916,5 milhões em 15 anos.
Nesse mesmo período, a Sulvias contabilizou o resgate de 31 mil vítimas de acidentes de trânsito nas estradas pedagiadas do Vale do Taquari. Em 2012, as ambulâncias da concessionária atenderam 961 ocorrências, que geraram um total de 2,2 mil pessoas resgatadas.
Em 2013, último ano de contrato, e conforme números compilados até abril, foram registrados 339 acidentes nas principais rodovias da região. Houve outras 110 ocorrências. Em quatro meses, a concessionária atendeu 709 pessoas com as cinco ambulâncias disponibilizadas nas praças de pedágio do polo de Lajeado.
Para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a preocupação maior com a falta de equipes dos bombeiros e com a sobrecarga do Samu gira em torno de um trecho de 50 quilômetros entre os municípios de Marques de Souza, Pouso Novo, Fontoura Xavier e São José do Herval.