PRF multa 1,2 mil por exceder velocidade

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PRF multa 1,2 mil por exceder velocidade

Entre eles, 52 terão o direito de dirigir suspenso. Fiscalização durou nove dias

Vale do Taquari – A recorrência de acidentes graves na BR-386 motivou operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para identificar condutores acima do limite de velocidade. Entre 25 de novembro e a última terça-feira, foram autuados 1.215 no trecho de Marques de Souza a Canoas. Desses, 52 estavam a mais de 50% da máxima e terão a habilitação suspensa.

De acordo com o chefe do Núcleo de Policiamento da PRF de Lajeado, Leandro Wachholz, a operação buscou reconhecer os motoristas no momento da infração. Para isso, os policiais se posicionaram às margens da rodovia munidos com radar móvel. Ao identificar um veículo em velocidade excessiva, paravam o carro e multavam quem estava ao volante.

Do contrário, observa Wachholz, o condutor poderia transferir a punição a outra pessoa. Segundo o comandante, se o radar fotográfico fosse acionado de forma ininterrupta, seriam registradas mais de mil infrações por dia. “Não visamos um alto número de multas, mas retirar das ruas aqueles que podem provocar graves acidentes.”

Tal controle é preciso para reduzir o número de mortes no trânsito. Desde janeiro, a polícia contabiliza 56 acidentes fatais entre Vitor Gräef e Canoas. Do total, 35 aconteceram no Vale do Taquari. O mais recente na quinta-feira, quando morreu Rubens Fraporti, 44, de Lajeado.

De acordo com o registro policial, ele seguia em alta velocidade no sentido Capital – Interior quando perdeu o controle do veículo e capotou. O acidente aconteceu próximo à Apomedil, no KM 347,4 da BR-386. O condutor estava sozinho no carro. Ficou preso às ferragens e morreu no local.

Falta de consciência

Pela circulação diária de 25 mil veículos no trecho, Wachholz considera baixo o número de infrações por excesso de velocidade. Compara que, no período da operação, cerca de 225 mil carros circularam na rodovia.

Um das principais dificuldades do policiamento para inibir a prática infratora é a falta de consciência das pessoas. “A imensa maioria só se preocupa com o seu entorno, mas começa a enxergar o perigo quando acontece com alguém próximo.”

Além disto, enfatiza o comandante, cada acidente fatal acarreta em um prejuízo médio de R$ 600 mil. Entre os cálculos, estão despesas médicas, guincho e a perda de produção da pessoa que morreu.

Prejuízo ao condutor

Dirigir em velocidade 50% acima da máxima permitida para a rodovia resulta na perda de 7 pontos da CNH, multa de R$ 574,56 e suspensão do direito de dirigir. Uma vez suspensa, a carteira

ficará apreendida na unidade de trânsito pelo prazo mínimo de um mês e máximo de 12 meses, ou, no caso de infratores reincidentes num período de 12 meses, pelo prazo de seis a 24 meses.

Cumprido o período, o motorista deverá passar por aulas de reciclagem em um Centro de Formação de Condutores (CFC). No entanto, enfatiza Wachholz, a parte mais sensível do ser humano é “o bolso”.

Para aqueles que infringiram a norma – abaixo dos 50% – a punição varia de R$ 85,12 (com perda de quatro pontos na CNH) e R$ 127,68 (cinco pontos).

Entidades criticam multas

Durante reunião da Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), na semana passada, representantes de entidades classificaram o aumento na fiscalização como cunho arrecadatório. Também questionaram a justificativa de que a maioria dos acidentes foi por excesso de velocidade.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Ronaldo Zarpelon, disse que o limite de 80 km/h é uma afronta e “meramente arrecadatório”. “Até porque as maiores causas são imperícia e ultrapassagens.”

De acordo com o presidente da CIC, Oreno Ardêmio Heineck, as rodovias BR-290, BR-386 e ERS-130 foram projetadas para limites de 120 km/h e que a redução para 80 km/se deu na década de 1970 apenas para economizar combustível devido à crise do petróleo. “No entanto, sua manutenção não condiz com o necessário fluxo de veículos atual e apenas encobre outras questões estruturais de fiscalização”.

Wachholz contesta a posição do grupo. Para ele, polícia é cobrada para reduzir a quantidade de acidentes na rodovia e não para aumentar o número de multas. Ressalta que o custo de cada autoinfração começa em R$ 70, mas aumenta conforme o desenrolar do processo, como no caso de alguém recorrer. Além disso, existem outros custos, como com pagamento de policiais e manutenção de equipamentos. Compara que há multas, em que o valor é de R$ 53.

Questiona as pessoas que contestam o trabalho do policiamento. “Será que eles já não cometeram infrações e passaram impunes disso? Depois, se sofrerem um acidente em virtude de alguém que estava acima do limite, ou cometendo qualquer outro erro, começarão a pensar diferente.”

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