Finados evidencia lotação de cemitérios

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Finados evidencia lotação de cemitérios

Falta de espaço para novos túmulos faz entidades recorrerem ao modelo de gavetas

Vale do Taquari – A escassez de espaço para novos sepultamentos desafia órgãos públicos e instituições religiosas da região. Tal realidade se sobressai na data alusiva em homenagem aos mortos, durante o feriado cristão de Finados, neste sábado.

Entre as medidas para amenizar a lotação, está substituir antigos túmulos pelo sistema de gavetas. A prática começa a ser adotada no único cemitério municipal de Estrela, no bairro Novo Paraíso. Boa parte da comunidade estrelense depende do local, pois são poucos os espaços na cidade. Apenas católicos e evangélicos luteranos têm estruturas particulares.

cConforme o secretário de Desenvolvimento Social, Cristiano Nogueira da Rosa, as covas tradicionais – onde o corpo fica abaixo do nível da terra, algumas centenárias – são removidas para erguer locais coletivos. No entanto, a exumação deve respeitar certo período após a morte e ter o consentimento dos familiares.

Das 60 gavetas construídas há dois anos, restam 16 espaços. Nesta semana, o município anunciou a necessidade de retirar nove sepulturas. Nesta área, pretende oferecer 60 vagas. “Sem isso, ninguém poderia ser sepultado mais lá”, destaca.

Outra alternativa prevista pelo Executivo é a doação de um terreno para uma associação de pastores de outros segmentos evangélicos. Desta forma, Nogueira da Rosa espera solucionar grande parte dos problemas: reduzir custos de manutenção do espaço público e ampliar as vagas na cidade.

O morador Simário Kamphorst, 55, aproveitou a semana ensolarada para limpar a lápide e levar flores ao sogro, sepultado em dezembro de 2009, no municipal. Foi um dos primeiros a utilizar o sistema de gavetas na comunidade.

De acordo com ele, responsáveis por cemitérios devem tomar providências antes que os espaços acabem de fato. “Não tem como fugir dessa realidade, do contrário não haverá lugar para novos túmulos na região em pouco tempo.”

Vagas limitadas em Lajeado

Três maiores cemitérios católicos de Lajeado – com 3,7 mil túmulos, são administrados por uma sociedade, presidida por Vital Rezner, 68. A realidade é preocupante: no Florestal inexiste vaga, e no Hidráulica seis sepulturas estão disponíveis. Em alguns casos, oito corpos da mesma família estão enterrados em uma única cova.

Alternativa seria no Jardim do Cedro, onde se oferece 170 gavetas e 20 túmulos. No entanto, poucas famílias aceitam o local devido aos recorrentes atos de vandalismo. Há pouco tempo, os banheiros foram destruídos.

Discuti-se com a administração municipal para liberar a construção de novas gavetas no Florestal, mas a obra depende de licença ambiental. Rezner espera se reunir com os responsáveis nos próximos dias para encontrar solução. De acordo com estatísticas, a entidade se prepara para 14 enterros até o fim do ano.

Cremação como alternativa

Devido a custos, como caixão, lápide e terreno no cemitério, muitas famílias começam a optar pela cremação. Mas o avanço da atividade é moroso devido aos costumes e tradições da comunidade, até mesmo por regras religiosas.

A vontade precisa ser expressa à família ainda em vida, pois, mesmo que a pessoa que morreu tenha deixado documentada a vontade de ser cremada, se a família se opuser, a cremação não é realizada.

O processo consiste em submeter o cadáver a uma temperatura de 1000°C em forno crematório. Só pode ser feito 24 horas após o óbito e demora de 2 a 3 horas, dependendo de cada corpo. Ao final do processo, restam apenas cinzas e alguns fragmentos ósseos, que são triturados para que fiquem uniformes e sejam entregues aos familiares.

O velório pode ocorrer de forma normal e, no caso da família optar pela cremação, o corpo é levado ao crematório depois da cerimônia.

Problema antigo

Falta de vagas nos cemitérios regionais é apontada, pelo menos, desde 2010 pelo A Hora. Maior problema segue no Florestal, em Lajeado, onde até hoje inexistem espaços para novos sepultamentos. Na época, entidades públicas e privadas manifestavam preocupação para amenizar carências. Entre medidas adotadas está a divisão de sepulturas e construção de gavetas.

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