Como surgiu a ideia de escrever o livro “Dora, a borboleta sabida”?
Até pouco tempo atrás, a consulta preventiva de odontopediatria era analisar cárie e se o paciente conseguia escovar os dentes. Mas hoje, olhamos muito além dos dentes. A gente olha toda essa questão de desenvolvimento esquelético que implica diretamente nas habilidades e desenvolvimento das funções orais, como mastigação, deglutição, fala e até mesmo respiração.
“Dora, a borboleta sabida” é um livro que fala sobre questões de respiração bucal, hoje um problema de saúde pública que cerca de 60% das crianças, na idade pré-escolar, apresentam. O livro veio com o objetivo de disseminar essas informações sobre o tema para o mundo. Ele é para crianças, mas no final tem um parecer técnico de odontologia, otorrinolaringologista, pediatria e fonoaudiologia, a fim de conscientizar pais, escolas, familiares e cuidadores para atentar aos sinais. Muitas vezes um problema respiratório tem origem na boca e é corrigido com tratamento ortodôntico.
Por que a escolha da borboleta como personagem principal? Tem alguma relação com a ortodontia?
A escolha da borboleta tem haver com um dos aparelhos mais utilizados para estimular e potencializar o crescimento, em especial, do céu da boca: o disjuntor de Gabriela. É um aparelho que fica fixo, colado nos dentes. Quando eu o entregava para a criança e apresentava à família, todos diziam que parecia uma borboleta. Veio daí a ideia de construir a história da Dora, que é uma borboleta que ajuda as crianças a respirar.
Com o livro você percebe um maior envolvimento dos pequenos pacientes?
Além do envolvimento das crianças, há uma motivação maior para usar o aparelho. O objetivo de contar a história para elas é tornar mais atrativa a ideia de usá-lo, pois a criança precisa ser considerada parte desta decisão. Não podemos simplesmente pegar e dizer que ela vai ter que usar. A gente convida e então eles escolhem toda a personalização do disjuntor, se querem colorido, com personagem, brilho… e vem em um kit personalizado. É uma forma lúdica de trazê-las para dentro do tratamento e deixá-las mais motivadas.
Qual a importância de educar desde cedo sobre o cuidado preventivo na ortodontia infantil?
A importância é justamente para as famílias, escolas e cuidadores estarem atentos a este tipo de desordem. Muitas vezes o primeiro sinal que se percebe, perante a família, é o posicionamento dos dentes, que estão muito projetados, ou a mordida aberta, que chama a atenção esteticamente no sorriso. Na faixa etária de zero a seis anos de idade, a mudança de posição dos dentes é apenas um sinal de que uma alteração importante está acontecendo. O dente fica inserido na base óssea. Se ele mudou de lugar, é porque há uma assimetria ou direcionamento errado do crescimento dos ossos da boca, da maxila ou mandíbula.
A qualidade de vida da criança pode ser afetada quando não há uma atenção para a saúde bucal/respiratória?
A qualidade de vida é afetada quando a gente não dá atenção para a saúde bucal ou na parte respiratória. A respiração não é ouro, é diamante na infância. As crianças que não respiram bem, não dormem bem durante a noite. E não é normal crianças roncarem ou terem uma respiração ruidosa. Existem inúmeros estudos comprovando, cientificamente, os malefícios de roncar e não ter uma respiração de qualidade durante o sono.