Movimentos de recuperação discutem soluções para moradias do Vale

RECONSTRUÇÃO

Movimentos de recuperação discutem soluções para moradias do Vale

Empresários e entidades, de diferentes municípios, arrecadam recursos para viabilizar a transferência das famílias atingidas para áreas seguras

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Movimentos de recuperação discutem soluções para moradias do Vale
Foto: Aldo Lopes
Vale do Taquari

A necessidade de alternativas sustentáveis para reconstrução das cidades, bem como a garantia de segurança às famílias, tornaram-se temas prioritários no Vale do Taquari. Em resposta a essa urgência, empresários, entidades, ONGs e representantes do poder público se uniram, em diferentes municípios, para dar início aos Movimentos de Recuperação, principalmente, de reconstrução das moradias. É o caso de Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado e Muçum, que buscam pela implementação de soluções duradouras a fim de garantir a segurança e resiliência das cidades no futuro.

Reconstruir Cruzeiro do Sul

Um movimento de esperança para a comunidade de Cruzeiro do Sul surgiu por meio de um grupo composto por empresários, comunidade e pela Associação Comercial e Industrial de Cruzeiro do Sul (ACICS). Intitulada “Reconstruir Cruzeiro do Sul”, a iniciativa une esforços para a construção de lares seguros, estimular negócios locais e garantir um futuro promissor para o município. O primeiro encontro aconteceu no dia 13.

Apoiadora do movimento e proprietária da Irrigat Sistemas de Irrigação, Alessandra Hendler, acredita no potencial do projeto, principalmente por ele aproximar empresários, poder público e comunidade. “Cruzeiro do Sul nunca teve uma voz enquanto coletivo. O que a gente fez aqui foi reunir o comércio e a indústria, a sociedade e elementos importantes para pensar em um movimento de apoio”, explica Alessandra.

No encontro, o grupo discutiu ações para realocar as famílias que perderam moradias e comércio para locais mais seguros, criar um plano de ação e reconstruir o município. “O que fizemos aqui foi reunir forças e dizer para essas pessoas que elas não estão sozinhas”.

“Uma Casa por Dia”

O projeto “Uma Casa por Dia” visa a construção de lares dignos para famílias que perderam tudo durante as cheias. A iniciativa envolve a Agência de Inovação Local (Agil), Pro_Move Lajeado, Univates, empresários, Promotoria Regional Ambiental do MP, Gira e Observatório de Marcas.

A parceria também envolve o governo, que cede terrenos públicos, enquanto que a contratação da construtora é feita por meio de recursos privados. As residências serão pagas com dinheiro de doações de grandes empresas e fundos internacionais.

Associação Reconstrói Estrela

Na terça-feira, 21, representantes da classe empresarial, da comunidade, clubes de serviço e do setor público de Estrela discutiram estratégias para a reconstrução do município. O encontro ocorreu na sede da Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) e contou ainda com a presença do prefeito, Elmar Schneider, e de outros representantes do poder público municipal.

Um dos principais assuntos debatidos foi a identificação de áreas de terra para construção de moradias aos atingidos pelas cheias. Desde setembro do ano passado, cerca de 230 famílias de Estrela se beneficiam do aluguel social. No encontro, o chefe do executivo reiterou que 500 moradias serão construídas através da Caixa Econômica Federal. No entanto, o desafio está em arranjar uma área de terra para iniciar a construção.

Foto: Felipe Neitzke

“Com isso, tivemos a ideia de criar uma entidade, um novo CNPJ. A Associação Reconstrói Estrela vai canalizar recursos e buscar aquisição de terras para viabilizar a construção dessas moradias. Isto por meio de ajuda de parceiros e também da busca desses valores fora da região, mediante uma grande campanha”, afirma o presidente da associação e empresário, Nilto Scapin.

De acordo com o presidente da Câmara, Claus Wallauer, alguns empresários já sinalizaram o interesse em colaborar com recursos para a viabilização das obras. “Também buscamos o alinhamento com o poder público para encontrar um caminho, e agora a busca é pela confirmação do local e também dos recursos necessários em sua totalidade, projetos e toda e toda a parte burocrática”, explica.

Nos próximos dias devem iniciar as primeiras negociações com os proprietários das áreas potenciais para a construção das moradias.

SOS Habitar – Vale do Taquari

Entidades e voluntários de Encantado fundaram a Associação SOS Habitar – Vale do Taquari, que será responsável pelo fundo de contribuições privadas, sem recurso público, para edificar residências para as famílias desabrigadas pelas cheias no Vale.

A primeira etapa do projeto contemplará Encantado, cidade onde a ação iniciou, uma vez que já existem áreas disponíveis para construção no bairro Lambari. Pelo menos 96 moradias devem ser contempladas nesta fase, que prevê edifícios de até quatro pavimentos.

Cada apartamento terá em torno de 50 metros quadrados, com dois quartos, cozinha, banheiro e área externa. Também serão propostos apartamentos com três dormitórios, e o conjunto habitacional contará com área de lazer. A projeção de valor a ser buscado nessa primeira etapa é de R$ 12 milhões.

Recupera Muçum

Foto: divulgação

Em Muçum, cerca de 60 hectares foram inundados pelas três grandes enchentes do Vale. O que trouxe consequências significativas ao município. Pensando nisso, um grupo de empresários se uniu e formou a Associação Recupera Muçum, que pretende reconstruir a cidade em uma área não inundável.

A ideia do projeto, é garantir que moradores e empresários construam novas histórias em um espaço seguro. “As pessoas estão cansadas de recomeçar, devido ao impacto árduo que essas catástrofes têm na comunidade”, explica a empresária Jeanine Sangalli.

A associação funciona sem fins lucrativos e recebe recursos através de doações de pessoas físicas e jurídicas. O custo inicial do projeto é de aproximadamente R$ 6 milhões, destinado à definição da área. Com a obtenção desse valor, será possível buscar parceiros para desenvolver o loteamento.

Apoio internacional

A ONG norte-americana Volunteer Emergency Relief apresentou uma solução emergencial aos gestores do Vale do Taquari, a qual prevê a entrega de 60 casas por mês, na região. São construções de 44m², elaboradas com material de PVC e gesso, com custo a partir de R$ 70 mil, não incluindo o terreno.

“Com 80 pessoas atuando, conseguimos erguer duas casas por dia, uma previsão de entrega muito mais rápida, econômica e de boa qualidade, sem uso de tijolos e areia”, explica o representante da ONG, Fred Martins. Além das residências, há possibilidades de construir abrigos e escolas.

O projeto inicial envolve a doação de 15 moradias desse modelo para Lajeado, com entrega prevista até 15 de julho. Os recursos são de doações recebidas pela organização. Para a construção das demais casas, a organização busca parcerias com construtoras e prefeituras.

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