Os episódios de deslizamentos, movimentos de massa, queda de barreira e afundamentos de solo evidenciaram que o risco de catástrofes climáticas no Vale do Taquari vão além das enchentes.
Construções em encostas de morro podem representar acidentes com óbitos, como aconteceu em Roca Sales, por exemplo, onde pelo menos duas famílias foram vítimas de deslizamento. No Rio Grande do Sul, o Serviço Geológico do Brasil (SGB\CPRM) mapeou 60 municípios. “Sabemos que há muito mais pontos. Pretendemos ampliar a base de dados para somarmos a esse estudo”, diz a secretária Estadual de Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann.
Na tarde desta quarta-feira, 15, a Univates promove uma formação específica para engenheiros, geólogos, equipes de Defesa Civil, bombeiros e servidores municipais. Mais de 180 pessoas acompanham a programação no Auditório do Prédio 11. “Prevemos uma ação teórica e outra prática. Primeiro com uma formação voltada aos conceitos de movimentos de massa, as tipologias e riscos”, diz a professora da instituição, a Engenheira Ambiental, Sofia Moraes.
O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), coordenador do Grupo de Pesquisa dos Desastres Naturais, do Instituto de Pesquisas Hidrológicas (IPH), Masato Kibuyama, ministra o curso. Na saída de campo de amanhã, o especialista e os voluntários farão visitas técnicas em três locais de Santa Clara do Sul. “A topografia do Vale do Taquari é favorável para movimentos de massa. Visitei Encantado há alguns meses. É um lugar muito bonito. Fui nos locais, e comecei a apontar. Aqui o solo desliza, aqui pode cair rocha e fui fazendo um monitoramento. Assim é em outras cidades também.”
“A palestra de hoje não serve de nada se não formos a campo. É nas vistorias que vamos entender o grau de risco às pessoas”, afirma o pesquisador Kibuiyama. O promotor de Justiça, Sérgio Dieffenbach, destaca que com a avaliação técnica, os laudos servem de referência para políticas públicas e também para retirada das pessoas de áreas de risco. “Não é necessário um procedimento judicial. Se existe apontamento de profissional especializado sobre incidentes geológicos, a retirada das pessoas pode ser feita pela autoridade local”, esclarece.
Desta feita, diz o promotor, a formação do grupo de voluntários representa uma oportunidade de qualificar as análises técnicas voltadas à segurança da população.
Entenda mais sobre movimentos de massa
- Deslizamentos:
Movimento de massa descendente em encostas. Diversos fatores podem desencadear:
Infiltração de água no solo. Isso pode reduzir a coesão entre as partículas, tornando-o mais suscetível. - Declividade: Quanto mais íngreme, maior a probabilidade.
- Rachaduras:
Causas diversas, como:
Retração do solo. A perda de umidade pode se contrair e desenvolver rachaduras.
Expansão e contração. Há minerais presentes no solo que podem expandir quando úmidos e contrair quando secos, levando à formação de rachaduras. - Afundamentos:
Os afundamentos do solo podem ocorrer devido a vários motivos, como:
Extração de água subterrânea: A remoção excessiva de água do subsolo pode levar ao colapso do solo, resultando em afundamentos. - Subsidência: Atividades humanas, como mineração, podem causar subsidência do solo à medida que as camadas subterrâneas são retiradas.
- Rastejos:
O rastejo é um movimento lento e contínuo de solo em encostas. Isso pode ser causado por:
Umidade: A água presente no solo reduz a coesão dos materiais.
Inclinação: isso pode facilitar o rastejo, especialmente em solos argilosos.