Professores apresentam relatório com revisão de dados das cheias

ENCHENTE DO TAQUARI

Professores apresentam relatório com revisão de dados das cheias

Trabalho conjunto estabelece enchente de setembro do ano passado como a maior dos últimos 150 anos, superando a de 1941 em mais de 60 centímetros. Dados serão detalhados a gestores do governo de Lajeado amanhã

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Atualizado terça-feira,
23 de Abril de 2024 às 09:23

Professores apresentam relatório com revisão de dados das cheias
Cheia de novembro do ano passado passa a ser a segunda maior da história, atrás apenas da de setembro (Foto: arquivo)
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Estudo desenvolvido por pesquisadores da Univates, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) será apresentado amanhã a representantes do governo de Lajeado. A atividade ocorrerá no LabiLá, às 16h. O trabalho consolida uma revisão nos dados das cheias que atingiram o Rio Taquari.

Pelo estudo, a enchente de setembro de 2023, considerada o maior desastre natural da história do Vale do Taquari, passa a ser a maior da história. Já a inundação de dois meses depois se torna a segunda colocada. Ambas superam a cheia de maio de 1941, considerada, por décadas, a pior já enfrentada na região.

Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Rafael Eckhardt lembra que, inicialmente, se projetava uma análise sobre a cheia de 1941, com a reconstituição do episódio, até hoje lembrado na cidade. “Toda essa ideia, no entanto, foi atropelada pela enchente de setembro. E, por visualizações e relatos, percebemos que ela foi maior do que aquela”, frisa.

O nível revisado da enchente de setembro do ano passado ficou em 28,98 metros, enquanto a de novembro, com 28,39 metros, superou a de 1941 por sete centímetros. Já a de 2020, que chegou a ser a maior em 60 anos, fechou em 26,84 metros e é a quinta maior da história, atrás ainda da de 1956.

Além de Eckhardt, também conduziram a pesquisa a professora Sofia Royer Moraes, da Univates, o professor Valter Collischonn, da Ufrgs, e Franco Turco Buffon, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial na Regional de Porto Alegre do SGB/CPRM.

 

Fragilidades

De acordo com o estudo, a revisão dos dados se mostrou fundamental em virtude do monitoramento sistemático do nível de água do Rio Taquari apresentar algumas fragilidades. Cita registros fragmentados em função da criação e extinção de pontos de medição.

“Em consequência disto, a elaboração e análise de uma série de dados homogênea e consistente é mais complexa do que seria caso as medições tivessem sido realizadas sempre no mesmo local, com a mesma metodologia. (…) Por outro lado, em Lajeado, existe a disponibilidade de uma fonte adicional de dados, que são os registros não sistemáticos”.

As comparações revelam que a maior parte das marcas de cheia encontradas no pilar do prédio do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), no Centro, é consistente com as observações nos postos fluviométricos e no Porto de Estrela. “A única exceção é a da cheia de 1940, que está posicionada, no pilar do Ceat, mais de dois metros acima de onde deveria estar”.

Elevações

O estudo apresentado pelos pesquisadores também aponta que 2023 foi um dos anos com maiores elevações do nível do Rio Taquari. Ao todo, foram sete ocasiões em que o nível do Taquari passou dos 17 metros, sendo que seis deles alcançaram os 19 metros, cota de inundação entre Estrerla e Lajeado.

Com isso, 2023 se iguala aos anos de 1983 e 1984, que também registraram sete elevações do rio em 12 meses. No entanto, naquele período, o Taquari alcançou, no máximo, a marca de 24 metros.

Ainda, os pesquisadores salientam que as altitudes ortométricas do nível de água são válidos para o trecho do Taquari, entre o Centro de Lajeado e o Porto de Estrela. Elas se baseiam no nível do mar. Com isso, os níveis anteriores tiveram uma redução em 55 centímetros.

 

Maiores cheias

1º – Setembro de 2023 (28,98m)
2º – Novembro de 2023 (28,39m)
3º – Maio de 1941 (28,32m)
4º – Abril de 1956 (27,26m)
5º – Julho de 2020 (26,84m)
7º – Outubro de 2001 (26,35m)
8º – Julho de 2011 (26,30m)
9º – Outubro de 2008 (26,10m)
10º – Junho de 1990 (25,9m)

As enchentes de 2023
(com dados revisados)

– 17 de abril: 17,66m
– 13 de julho: 21,65m
– 5 de setembro: 28,98m
– 8 de outubro: 20,97m
– 13 de outubro: 19,36m
– 18 de outubro: 19,73m
– 19 de novembro: 28,39m

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