“Levamos saúde e educação por meio do cavalo”, diz equoterapeuta

ENTREVISTA | O VALE EM PAUTA

“Levamos saúde e educação por meio do cavalo”, diz equoterapeuta

Terapia com os animais é desenvolvida em crianças, adolescentes, adultos e idosos

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Atualizado quinta-feira,
18 de Abril de 2024 às 16:21

“Levamos saúde e educação por meio do cavalo”, diz equoterapeuta
Deisirê Eckert, fisioterapeuta e equoterapeuta. (Foto: Frederico Neutzling).
Cruzeiro do Sul

A equoterapia e seletividade alimentar foram assuntos no programa O Vale em Pauta desta quinta-feira, 18. Deisirê Eckert, fisioterapeuta e equoterapeuta, falou sobre os benefícios do tratamento para pessoas que sofrem do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Além disso, discorreu sobre como o cavalo auxilia no processo da seletividade alimentar, problema recorrente em portadores de autismo.  

“Se a gente comer uma barra de chocolate, ela vai ter sempre o mesmo gosto, vai ser doce. Agora imagina comer uma goiaba que pode estar mais doce ou mais azeda, com uma textura diferente. No autismo temos dificuldades com a questão da previsibilidade. Eles precisam saber o que vai acontecer e isso também é voltado para a questão alimentar. Então, a questão da alimentação mais saudável, a introdução desse alimento se torna uma barreira, pois o alimento mais saudável, mais natural tem essas características. Por exemplo, uma laranja mais azeda, mais doce. Fomos observando no nosso dia a dia, no trabalho de toda a equipe envolvida, um olhar multidisciplinar para se trabalhar essas questões.”

O cavalo entra como instrumento motivacional, pois a alimentação do animal é saudável. “Ele come a alface, o repolho, a laranja junto ao praticante da equoterapia e isso nos ajuda a motivar essa criança a experenciar e vivenciar essa relação saudável e prazerosa com o alimento. O avanço é muito perceptível”.  

Ela conta que já receberam no Centro de Equoterapia crianças que não conseguiam segurar um alimento na mão, com dificuldades táteis, e com o avanço no tratamento, começaram a manusear a fruta. A questão terapêutica voltada para a seletividade alimentar envolve uma série de processos anteriores, o manipular, o cheirar, o brincar e é isso que o cavalo acaba ajudando, em tornar aquele momento prazeroso. E sem prazer o alimento não vai chegar até a boca. 

“A criança, quando tem a questão da seletividade alimentar, acaba tendo muita resistência com relação a levar o alimento até a boca e precisamos, nós terapeutas, ter a noção de que esse é o último processo, e o cavalo acaba ajudando nesse processo.” 

O trabalho com a equoterapia é desenvolvido em crianças, adolescentes, adultos e idosos, ou seja, a prática é desenvolvida para qualquer idade.  

Deisirê explica que o cavalo pode ser usado de três formas durante o tratamento:

  1. Como instrumento cinesioterapêutico onde entra o trabalho da fisioterapia, da terapia ocupacional, pois o movimento que o animal oferta se assemelha em 95% com o andar do ser humano (para pessoas com dificuldades de equilíbrio, coordenação motora), usam os membros do cavalo, mas o estímulo vem para o corpo do praticante;
  2. Instrumento pedagógico (déficit de atenção, dificuldades de aprendizagem, dislexia, dentre outros);
  3. De inserção social, a questão da importância do cavalo para a saúde mental (pessoas com fobia, depressão, distúrbios de ansiedade, pânico e outros).  

A equipe do Centro de Equoterapia Vida é composta de psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, estudantes de psicologia, instrutor de equitação e auxiliares, sem esquecer dos cavalos, os principais terapeutas. 

Escolha do animal 

A fisioterapeuta conta que os animais são selecionados. Precisa ser dócil, manso, envolve a questão biomecânica – saudável fisicamente e emocionalmente -, além das características apropriadas para cada condição terapeuta, porque o movimento do cavalo interfere no estímulo para quem está montado. 

“O cavalo nos ajuda a levar saúde e educação para as pessoas que possuem necessidades. “Para nós é um privilégio poder incrementar esse trabalho e tratamento que é a equoterapia”. 

Congresso Brasileiro de Equoterapia 

Deisirê falou, também, durante a entrevista sobre a experiência da participação do Centro de Equoterapia Vida durante a 8ª edição do Congresso Brasileiro de Equoterapia que aconteceu em Maceió, no começo do mês. “Levamos um estudo piloto sobre seletividade alimentar no TEA, na prática equoterapêutica. Sabemos que essa abordagem dentro da equoterapia não existe e estamos iniciando os estudos nessa área. Fizemos uma série de estudos de casos com praticantes que hoje tem seletividade alimentar e são atendidos no Centro de Equoterapia Vida. 

O Centro de Equoterapia Vida está localizado em Cruzeiro do Sul. Informações nas redes sociais – equoterapiavida ou através do telefone 51) 99666-7874. 

Acompanhe a entrevista na íntegra

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