“O artista não tem dom, mas sim vontade”

ABRE ASPAS

“O artista não tem dom, mas sim vontade”

Formada em Artes Visuais, Ana Júlia Dotto, 24, mostrou parte de seu trabalho na Casa de Cultura de Lajeado, em março. A exposição “Memórias Enviesadas”, montada por ela, é composta por pinturas criadas a partir de fotografias do álbum de família e significam, para a lajeadense, uma possibilidade de aprimorar técnicas e resgatar momentos da infância

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“O artista não tem dom, mas sim vontade”

Quando iniciou o seu envolvimento com a arte?

Começou na infância. Eu costumava desenhar e pintar com lápis e canetinhas coloridas durante as aulas na escola. Em casa, gostava de fazer desenhos com grafite. Com 17 anos, comprei minhas primeiras tintas aquarelas e pincéis, o que me fez me apaixonar por pintura. Comecei a pintar sacolas de pano com tinta de tecido e logo comprei tintas acrílicas e telas. Me apaixonei pela pintura em tela e é o que faço até hoje. Durante a pandemia, produzi muitas artes e desenvolvi algumas técnicas. Aperfeiçoei com o tempo, pintando encomendas e outras ideias. Iniciei a graduação em Licenciatura em Artes Visuais e minhas aulas estavam acontecendo online, o que me possibilitou ficar mais tempo em casa para aprender. Por isso, acredito que o artista não tem dom, mas sim vontade.

Sobre o que gosta de criar?

Na maioria dos meus trabalhos, eu acabo optando pelo tradicional: pintura com acrílica sobre tela. Às vezes, opto por outros suportes: como o papel, acrílico, papelão, MDF, madeira, etc. Atualmente, estou gostando muito de criar a partir de afetos do meu dia a dia, partindo de algum ponto marcante ou uma percepção em que penso “preciso pintar isso!”.

Sobre o que fala a exposição Memórias Enviesadas?

Trago memórias de minha infância, que foram retomadas por mim através de fotografias de álbuns de família. Nas pinturas, mesclo duas fotografias do meu passado, de diferentes temporalidades e espacialidades, de modo a brincar com a narrativa original da imagem. As pinturas da exposição são deslocadas e fragmentadas, possibilitando uma nova narrativa.

Como foi a criação desse material?

O resultado da exposição surge dos estudos e pinturas que fiz para o meu Trabalho de Conclusão de Curso em Artes Visuais na Universidade Federal de Santa Maria. Reuni, para a exposição, algumas fotografias e outros trabalhos que, de alguma forma, se complementam na exposição. Esse período foi um momento de muito aprendizado e buscas por referências que fundamentassem meu trabalho, além de uma retomada no meu passado, olhando para momentos singulares e percebendo mudanças, semelhanças ou memórias que ainda andam ao meu lado.

O que a arte significa para você?

É engraçado terminar um curso de Artes Visuais e ainda não saber ao certo o que é a arte. É uma pergunta difícil de se responder. A arte significa muita coisa para mim: é uma extensão da vida, um experimento de reflexão e expressão de sentimentos e ideias. São muitas coisas ao mesmo tempo. Acredito que ela envolve a sensibilidade, a subjetividade e o pensamento, dando forma a uma manifestação.

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