Governo gaúcho prepara diagnóstico sobre oferta de cargas para ferrovia

ENTREVISTA | FRENTE E VERSO

Governo gaúcho prepara diagnóstico sobre oferta de cargas para ferrovia

Conforme o vice-governador, Gabriel Souza, a malha sul está subutilizada. Dos mais de 3 mil quilômetros de ferrovia, menos da metade tem transporte regular

Por

Atualizado quarta-feira,
17 de Abril de 2024 às 13:27

Governo gaúcho prepara diagnóstico sobre oferta de cargas para ferrovia
Gabriel Souza visita segundo maior porto público do Brasil, em Paranagua (Foto: divulgação)

A concessão das ferrovias nos três estados do sul do país está em discussão nos governos estadual e federal. Há duas possibilidades. Renovação do contrato com a Rumo Logística por mais 30 anos, ou aguardar 2027, quando termina o tempo de gestão da empresa sobre os percursos nos estados do Paraná, Santa Catarina e RS.

Em entrevista concedida à Rádio A Hora 102.9, o vice-governador Gabriel Souza defendeu melhorias nos trechos. “No nosso entendimento, a ferrovia está subutilizada. Temos uma demanda crescente de cargas e a resposta da empresa é que não há interesse. Não há interesse porque não tem trens”, afirma.

De acordo com Souza, além do transporte, também existe um avanço em termos de transporte turístico pelos trilhos. Para tanto, defende, é necessário investimentos. “Temos pressa em resolver esse assunto. Estamos em contato com o governo federal, que está muito disposto a ouvir os estados.”

Em cima disso, os três estados do sul elaboram a contratação de um estudo de capacidade de transporte. O mapeamento visa estimar a quantidade de cargas disponíveis para uso do modal ferroviário.

Há duas possibilidades para contratação deste estudo, pelo consórcio dos estados do Sul e Sudeste, ou pelo Conesul. “Precisamos avaliar os aspectos jurídicos para esse investimento. O fato é que temos muita dificuldade técnica. Por falta de tradição do país em engenharia ferroviária, há poucos profissionais disponíveis. Quem tem mais expertise é o estado do Paraná.”

Na avaliação do vice-governador, os relatórios da Rumo Logística estão subestimados. “Eles dizem que não há interesse, não há demanda para transporte por trens. Nós discordamos. A cada ano colhemos mais, produzimos mais, temos toda a região Norte do estado com safras recordes. O problema é a falta de investimentos”, afirma.

Os trilhos antigos e sem manutenção, locomotivas sucateadas e lentas, fazem com que a oferta seja ínfima, diz Souza. Para ele, para o contrato ser prorrogado, o Estado precisa de garantias de que a malha sul terá mais atenção por parte da concessionária.

Porto de Estrela a Colinas

A Rumo Logística demonstrou interesse em devolver o trecho concedido nos três estados do sul. Porém, a legislação exige o pagamento de R$ 2,5 milhões por quilômetro. O valor era maior até dois anos atrás. Foi revisto pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Mesmo assim, nunca na história do país houve devolução. “É muito caro. Mesmo que a concessionária não use, ela aceita ficar com o trecho. Então fica naquelas, finge que está sendo usado.”

É o que acontece nos trechos do Vale do Taquari. Em especial nos pouco mais de dez quilômetros de Colinas ao Porto de Estrela. Não existe nem mais a base de ferro da ferrovia. Está inutilizada desde 2014, data da última chegada de um vagão ao antigo silos da Cesa.

“São mais de 3 mil quilômetros de malha férrea. A metade está abandonada. Para devolver antes do fim do contrato, a concessionária precisa pagar a multa e deixar como estava”, frisa o vice-governador. Significa, inclusive, ter de refazer o trecho do Vale do Taquari.

Assista a entrevista na íntegra

 

Acompanhe
nossas
redes sociais