Inadimplência cresce e Lajeado tem mais de 18 mil CPFs com restrição

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Inadimplência cresce e Lajeado tem mais de 18 mil CPFs com restrição

Apuração da CDL Lajeado mostra que o índice de inadimplência passa de 29% na cidade. Lojistas adotam estratégias distintas para reduzir endividamento

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Inadimplência cresce e Lajeado tem mais de 18 mil CPFs com restrição
Conforme a CDL Lajeado, maior parte das pessoas endividadas recebem entre um a dois salários mínimos. (Foto: Filipe Faleiro)

Mais rigor para liberação de crédito, fim da abertura de crediários ou terceirização da cobrança. Essas são algumas medidas adotadas por lojas de Lajeado para reduzir a margem de inadimplência.

Conforme levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Lajeado), em abril, mais de 29% dos clientes estão com alguma parcela em atraso. O número representa aumento de 0,2% na comparação com a última pesquisa, feita em fevereiro.

“De dez crediários que abrimos, oito ficam em atraso”, diz a gerente de uma loja de vestuário, Sabrina Sebben. No estabelecimento, o crédito de cada novo pedido é avaliado por uma financeira terceirizada. “Na maioria, abre um limite muito pequeno. Vai lá, R$ 120 para compras. Isso significa que a avaliação daquele CPF é pequena, pois o nome tem outras dívidas.”

Em outra loja de roupas, na rua Júlio de Castilhos, a gerente financeira Poliana Bertozzi, relata que foi decidido encerrar a abertura de novos crediários. “Isso faz uns dois anos. Mantivemos apenas os clientes antigos, com histórico de compras.”

De acordo com ela, isso fez com que a inadimplência reduzisse. Faz cerca de dois anos que essa política interna foi adotada. “O que percebemos foi atrasos. Na análise dos números, vemos que os clientes estão pagando mais juros.”

Em outro ramo, de eletrodomésticos e móveis, o gerente Rafael Vanin, destaca que há mais cuidado para liberação de crédito, justo para haver melhor controle sobre os atrasos. Outra medida foi dar opções de renegociação, em outros casos, também a devolução do produto. “Entendemos o momento das famílias. Então mantemos o canal aberto.”

O gerente percebe dois fatores para esse grau de inadimplência na cidade. O fim da pandemia, em que as pessoas aumentaram os gastos com viagens, e também a catástrofe das enchentes. “Muitos perderam tudo. Então precisam comprar uma cozinha, um roupeiro ou uma geladeira. Isso acumulou carnês e trouxe dificuldades”, avalia.

Pelos dados da CDL Lajeado, são mais de 18 mil CPFs com restrições. Representa um avanço de 2,2% na comparação com abril de 2023. A maior parte dos clientes com restrições tem entre 30 e 34 anos e recebe entre um e dois salários mínimos.

Comparação com o RS

Em nível estadual, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC) da Fecomércio apura dados dos primeiros dois meses do ano. De acordo com os dados, o percentual de famílias com contas em atraso foi de 36,1%, o menor desde março de 2022 (35,3%).

Perfil dos endividados

  • Em Lajeado, 18.371 CPFs estão com restrição
  • Deste total, 19,3% têm entre 30 a 34 anos
  • 38,9% dos endividados recebem entre um a dois salários mínimos

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