Balzac era um gênio

Opinião

Carlos Schäffer

Carlos Schäffer

Advogado

Balzac era um gênio

Por

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Honoré de Balzac (1799-1850) nasceu em Tours, França, em 20 de maio de 1799. Filho de Bernard François Balzac, um funcionário público e de Laure Sallambier, proveniente de uma família que trabalhava com armarinhos.

Aos oito anos foi enviado para um internato e suas experiências aí não foram muito boas. Formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Seu objetivo sempre foi ser escritor. Escrevia cerca de dezoito horas por dia movido a café, baldes de café. Balzac vivia endividado. Bolava projetos grandiosos que nunca davam certo. Seu destino era escrever, para conseguir dinheiro a fim de pagar seus credores. Todos os romances que escreveu, mais de 90 obras, compõe 17 volumes na edição brasileira. Reunidos, formaram o que se convencionou chamar de A Comedia Humana, um verdadeiro retrato da sociedade da época. Balzac criou algo em torno de 2.500 personagens. Visitava cemitérios, anotava nomes, datas de nascimento e morte de pessoas, e depois criava biografias de cada uma das personagens que inventava, que passavam a ter vida própria. No fim da vida misturava tudo, e falava delas como se realmente tivessem existido.

Um dos seus personagens mais marcantes, que se tornou famoso, foi Vautrin, criado com base na vida de Eugène Vidocq (1775-1857). Vidocq foi um criminoso célebre. Foi ladrão, prisioneiro condenado a trabalhos forçados, rei das fugas, espião, soldado, desertor, falsário, e após cometer os mais diversos crimes, cansado de fugir da lei, resolveu mudar de lado, e acabou por oferecer seus serviços à polícia francesa como informante. Em razão do seu eficiente trabalho acabou tornando-se chefe das forças de segurança de Paris durante a década de 1820. Criou uma rede de ex-condenados que o auxiliavam nas investigações, e valendo-se de sua habilidade de criar disfarces, penetrava em qualquer ambiente para encontrar pistas. Um escândalo de enriquecimento ilícito em 1827 o obrigou a deixar o cargo que exercia. Abriu então uma fábrica de papel à prova de falsificações, inventou uma tinta indelével e uma fechadura inviolável.

Em 1836, fundou a primeira agência privada de informações, que oferecia serviços a comerciantes preocupados com a idoneidade dos clientes. A polícia não apreciou a concorrência e obteve na Justiça o fechamento da empresa. Mas essa agência, aliada as inovações que implantou como chefe da polícia, serviram de modelo para agências de inteligência e de detetives em todo o mundo. Vidocq deixou Paris em 1843 e morreu na Bélgica 14 anos depois. Balzac o transformou num herói.

Suas memórias serviram de base também para escritores como Edgar Allan Poe, na história sobre Os Assassinatos da Rua Morgue (1841), de Jean Valjean e Javert, em Os Miseráveis (1862) de Victor Hugo.

Na obra de Balzac a primeira aparição desse personagem ocorre em O Pai Goriot. Ele adaptou a vida do criminoso e depois policial para formar a personalidade de Vautrin e a ampliou, transformando-o no porta-voz crítico da sociedade francesa da época.

Ler a obra de Balzac é ficar sabendo como se comportava a sociedade francesa retratada num determinado período da história do século XIX, em cada um dos cerca de dois mil e quinhentos personagens que criou. É fantástico ler Balzac. Vale a pena conhecer.

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